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sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Força Aérea Interceptados mais dois aviões russos no Espaço Aéreo Nacional


14:03 - 31 de Outubro de 2014 | Por Notícias Ao Minuto com Lusa
Cacas F-16 da Força Aérea Portuguesa interceptam Hoje Mais Dois Aviões Militares Russos a sobrevoar o Espaço aéreo internacional portuguesa soluço jurisdição, Disse à Lusa Fonte oficial do Governo.

Na quinta-feira, dois caças F-16 portugueses ao serviço da NATO intercetaram, identificaram e escoltaram dois aviões militares russos em espaço aéreo internacional sob a responsabilidade de Portugal.

A embaixada russa em Portugal afirmou na quinta-feira que os aviões russos intercetados por caças portugueses cumpriram o Direito Internacional e realizaram voos "em espaço aéreo sobre águas internacionais, não entrando de modo nenhum em espaços aéreos de outros Estados", segundo um comunicado enviado à agência Lusa.

Segundo o Estado-Maior General das Forças Armadas (EMGFA), nesse primeiro caso, foram "detetadas duas aeronaves não identificadas em espaço aéreo de responsabilidade portuguesa" e " acionados os meios de alerta previstos neste tipo de situações no quadro da NATO, tendo dois caças F-16 portugueses identificado duas aeronaves militares russas, que encaminharam para fora do espaço aéreo de responsabilidade nacional".

quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Aviões russos interceptados junto a espaço aéreo português por F-16 da Força Aérea

Um F-16 da Força Aérea Portuguesa
Por Lusa e RSF - 29/10/2014


Dois bombardeiros Tupolev estiveram junto ao espaço aéreo nacional, tendo sido escoltados por F-16 da Força Aérea Portuguesa

A NATO denunciou esta quarta-feira "manobras aéreas incomuns" e de "grande escala" da Rússia no espaço aéreo sobre o Oceano Atlântico e os mares Báltico, do Norte e Negro, nos últimos dois dias.

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Em comunicado, a NATO assume que "detetou e controlou quatro grupos de aviões militares russos a realizarem manobras militares significativas no espaço aéreo europeu", nos últimos dois dias.

Aeronaves de três países da Aliança Atlântica descolaram de quatro locais diferentes para intercetarem os quatro grupos de aviões militares russos que, segundo a NATO, estavam "em manobras" nos espaços aéreos dos mares Báltico, do Norte e Negro.

A mais importante operação mobilizou aparelhos de três países da NATO, após a deteção de um grupo de oito aviões russos - quatro bombardeiros e igual número de aeronaves de reabastecimento - a voarem em formação sobre o Atlântico. Aviões da força aérea norueguesa dirigiram-se ao encontro dos aparelhos russos para os identificar.

Seis aviões militares russos alteraram as rotas, mas dois outros, bombardeiros Tupolev-95, não alteraram o percurso, continuaram para sul. Aparelhos da força aérea britânica descolaram para os escoltar, tendo-os entregue à Força Aérea Portuguesa. Aviões F-16 da FAP escoltaram-nos já junto ao espaço aéreo português, sobre o Oceano Atântico, a oeste do território continental.

Um porta-voz da Aliança Atlântica afirmou ao Wall Street Journal que os aviões "estiveram sempre em espaço aéreo internacional", garantindo que "não houve incursões sobre território da NATO. O aviões russos estiveram, no entanto, no espaço cujo tráfego aéreo comercial é controlado por Portugal, levantando questões de segurança para a aviação comercial.
Os aviões russos em causa são Tupolev Tu-95, conhecidos como Bear H, bombardeiros estratégicos usados durante a Guerra Fria. Os outros aviões russos foram controlados pelas forças britânicas e norueguesas.

Outra operação foi conduzida pela Força Aérea turca sobre o mar Negro, para controlar um grupo de quatro aeronaves russas, incluindo dois bombardeiros Tupolev-95, disse a NATO.


Caças alemães também intervieram na terça-feira, para controlar um grupo de sete aviões de combate russos em manobras sobre o mar Báltico.

Aviões russos em espaço aéreo europeu colocam NATO em alerta

por Abel Coelho de Morais, Manuel Carlos Freire e Octávio Lousada Oliveira - 30/10/2014
Aliança Atlântica registrou três ocorrências em menos de 24 horas envolvendo 19 aviões de combate russos. F-16 portugueses atuaram a oeste de Peniche.

Aviões de combate russos procederam ontem "em grande escala" a uma série de "voos não comunicados previamente" no espaço aéreo europeu, o que levou à ativação dos dispositivos de defesa da Noruega, Grã-Bretanha, Portugal e Turquia, tendo a Aliança Atlântica registado três ocorrências distintas em menos de 24 horas.

Estes incidentes somam-se aos mais de cem já registados pela NATO desde o início do ano, envolvendo aviões de combate russos. Um número três vezes superior ao total verificado em 2013, refere um comunicado da Aliança Atlântica em que se detalha os acontecimentos de ontem. Este é o exemplo mais recente do clima de tensão que se vive entre a Rússia e a NATO desde o início da guerra na Ucrânia, o que leva alguns analistas a falar numa "nova Guerra Fria".

O primeiro incidente que levou ao envolvimento de aviões da Força Aérea Portuguesa registou--se de manhã quando um grupo de quatro bombardeiros estratégicos Tupolev 95, com capacidade de transporte de armamento nuclear, foi detetado a sobrevoar o mar do Norte, acompanhado de quatro aviões Ilyushin 78 de transporte de combustível.

Quatro F-16 noruegueses voaram ao encontro dos aviões russos, que permaneceram sempre em espaço aéreo internacional ao longo dos acontecimentos, tendo três bombardeiros e três aviões-cisterna voltado para trás. Os restantes prosseguiram voo, "para sudoeste, paralelos à costa da Noruega" até ao momento em que passaram a ser acompanhados por caças Typhoon britânicos. E, já sobre o Atlântico, escoltados por F-16 portugueses. 


Foi neste momento que os aviões russos iniciaram o voo de regresso até ao seu espaço aéreo, seguidos, de novo, por caças britânicos e noruegueses.

NATO deve rearmar-se para evitar guerra com Rússia

Loureiro dos Santos acredita que a Rússia quer recuperar o poderio que perdeu no final da Guerra Fria
Por Lusa - 30/10/2014
Um especialista militar Loureiro dos Santos diz que a Rússia está pronta a usar a força para atingir objetivos políticos.

O especialista em estratégia José Loureiro dos Santos disse hoje que as manobras militares realizadas na quarta-feira por aviões da Rússia constituem uma demonstração de poder e defendeu que a NATO deve rearmar-se para evitar uma nova guerra.

Para o general Loureiro dos Santos, a situação surge na sequência da chamada crise da Ucrânia, onde a Rússia "demonstrou que está disponível para usar a força para atingir objetivos políticos".

O objetivo final da Rússia, que Loureiro dos Santos considera ser "recuperar as vantagens geopolíticas que perdeu com o fim da Guerra Fria" e "controlar o território da Ucrânia", não tem tido, na sua opinião, a oposição que devia.

"Neste momento, ninguém põe em causa - porque não existe poder militar para o fazer - as posições que a Rússia conquistou naquela zona" da Ucrânia, referiu, acrescentando que a falta de uma resposta forte por parte da Europa levou os países europeus de Leste que já pertencem à NATO -- República Checa, Eslováquia, Hungria, Bulgária, Polónia e países bálticos -- a achar que "lhes pode acontecer uma coisa parecida".

Face ao cenário que se desenhou, a Rússia decidiu "aprofundar a situação e explora-a com demonstrações de força, mostrando a estes países [do Leste] e a todos os outros que tem força e está disponível para a usar", alertou o especialista militar.

Admitindo estar preocupado, Loureiro dos Santos explicou que o Presidente da Rússia, Vladimir Putin, "pode convencer-se de que é imparável, que não tem obstáculos, que pode avançar".


A situação, adiantou, "pode configurar uma situação parecida com a situação nas vésperas da Segunda Guerra Mundial, em que a Alemanha de Hitler ia sucessivamente avançando e as potências ocidentais iam sucessivamente aceitando".

Objetivo da OTAN é influenciar a Rússia

Foto de arquivo. Jens Stoltenberg, secretário-geral da OTAN
Leia mais: http://portuguese.ruvr.ru/news/2014_10_29/Objetivo-da-OTAN-influenciar-a-R-ssia-0677/
Igor Siletsky - 29/10/2014 - 17:46
A Rússia vai permanecer em isolamento até que aprenda a respeitar a soberania de outras nações. Só uma forte aliança ocidental poderá ensinar a Rússia a respeitar essa soberania. Por isso, a OTAN deve estar preparada para usar a força militar. Estas são declarações de dois dirigentes da Aliança: Jens Stoltenberg e Alexander Vershbow.

Ao mesmo tempo, ambos frisavam, frase sim frase não, que eles não querem nova Guerra Fria. As declarações contraditórias do secretário-geral da OTAN e seu vice deram que pensar a analistas.

Jens Stoltenberg, que recentemente assumiu o cargo de secretário-geral, discursou na German Marshall Fund, em Bruxelas. Segundo ele, a OTAN não procura confronto com a Rússia, e ninguém quer uma nova "guerra fria" 25 anos após a queda do Muro de Berlim.

Além disso, segundo Stoltenberg, a aliança está desejosa de cooperar com a Rússia. Mas Moscou não está dando passos em direção a OTAN. Por isso, a aliança terá que reforçar a sua presença na Europa de Leste “sem colocar lá forças de combate substanciais”. Isso, na opinião do secretário-geral, vai “fortalecer a defesa coletiva da OTAN”, o que “não contradiz o desenvolvimento das relações com a Rússia” de todo.

O vice-secretário-geral da OTAN Alexander Vershbow discursou em Seul, num fórum para o fortalecimento da paz. Ele acredita que “com suas ações imprudentes contra a Ucrânia e com a intimidação de seus vizinhos, a Rússia abandonou o caminho da cooperação, escolhendo em vez disso o confronto e a agressão”. E o objetivo da OTAN é “incentivar Moscou a agir responsavelmente ”, disse Vershbow. Até que isso aconteça, a Rússia deve saber que permanecerá em isolamento.

Em ambos os discursos, quase cada nova frase contradiz a anterior. As palavras de Vershbow de que o objetivo da OTAN é influenciar a Rússia se assemelham mais ou menos à verdade. O ministro do Exterior russo, Serguei Lavrov, disse recentemente que a aliança, de fato, se está transformando num bloco antirrusso.

Nos últimos anos, a aliança violou se não todos, então a maioria dos acordos com a Rússia. Em particular, tem-se expandido para Leste, embora tivesse prometido a Moscou não o fazer. O Ocidente está tentando mostrar que a atividade da OTAN é ditada pela ameaça alegadamente proveniente da Rússia por causa da crise na Ucrânia. Mas na verdade, todos os planos foram elaborados ainda antes do golpe de Estado em Kiev e tornados públicos na cúpula de setembro no País de Gales.

Há que notar que Stoltenberg assumiu o cargo há não muito tempo – talvez por isso ele se expresse muito evasivamente. Embora, talvez, ele esteja simplesmente jogando o cenário tradicional, sugere o perito do Instituto de Globalização e Movimentos Sociais, Mikhail Neizhmakov:
“Lembramos que o seu antecessor, Anders Fogh Rasmussen, se permitia palavras bastante duras em relação à Rússia. Aqui existe um certo jogo muitas vezes jogado por figuras públicas, políticos, diplomatas: o oficial saindo de seu cargo se comporta de forma dura para que, em contraste, seu sucessor pareça estar desempenhando o papel d um 'bom policial' que propõe uma retórica mais suave a seus parceiros”.

Pode-se dizer que Stoltenberg não conseguiu ser um “bom policial”. Vershbow saiu um ator ainda pior, especialmente quando exortava a Rússia a “voltar ao cumprimento das regras geralmente aceitas, a respeitar a soberania de outros países, incluindo o direito destes países de escolher o seu próprio destino, mesmo que ela não concorde com essa escolha”.

Seja, na lógica de Vershbow, o patrocínio de um golpe armado na Ucrânia, o treinamento e o armamento de nacionalistas, o supervisionamento direto de agências de aplicação da lei em Kiev pelos Estados Unidos, não são violações da soberania. Espalhar caixotes com armas norte-americanas pela zona de conflito armado na Síria provavelmente encaixa nas “regras geralmente aceitas”. E, aparentemente, “o direito de escolher seu próprio destino” tão pouco se aplica aos povos do Iraque, Líbia e da Síria.

Brics lidera democratização das relações internacionais, diz Lavrov

Lavrov: "Outra dimensão importante na actividade do Brics é o facto de ser um dos dois principais players no G20
2014/03/09 ITAR-TASS
Segundo chanceler russo, países em desenvolvimento apostam na posição do grupo para conduzir reformas econômicas.

Os países do Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) desempenham um papel fundamental na luta pela democratização das relações financeiras e econômicas internacionais, declarou o ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Serguêi Lavrov.

“Outra dimensão importante na atividade do Brics é o fato de ser um dos dois principais players no G20”, disse Lavrov. “O G20 está trabalhando em princípios comuns para o funcionamento da economia mundial, incluindo as atividades do Fundo Monetário Internacional e do Banco Mundial.”

Segundo o chanceler russo, outros países como Indonésia, México e Argentina apostam na posição do Brics para a realização de reformas do sistema financeiro internacional que culminariam em um verdadeiro equilíbrio de forças.

“O Ocidente se opõe a isso e busca dominar a distribuição de cotas e o poder de voto no Banco Mundial, embora os Estados Unidos e a União Europeia gozem de direitos de votos desproporcionais às suas autoridades econômicas”, finalizou Lavrov.


Publicado originalmente pela agência Itar-Tass

Ministério das Finanças vai estimular investimento em eurobonds do Brics

Iniciativa tenta responder às mudanças nos cenários político e económico externos. Foto: RIA Novosti
23/09/2014 ITAR-TASS
Pasta vai especificar o foco de investimento dos fundos de riqueza nacional do país, favorecimento o seu investimento em eurobonds emitidos pelo grupo do Brics (Brasil, Rússia, Índia, China África do Sul). A informação foi divulgada pelo vice-ministro das Finanças, Serguêi Stortchak.

“Há possibilidade de mudar a declaração de investimento até o final do ano. Para ser mais exato, podemos especificar em vez de mudá-la. Ou, melhor ainda, adaptando-a às condições atuais”, disse ele.

O ministério vinha procurando uma alternativa aos títulos com classificação AAA que atualmente geram retornos baixos. “A opinião pública é contra manter reservas em títulos dos nossos emissores tradicionais”, acrescentou Stortchak.

O possível investimento dos fundos de reserva russos nos eurobonds dos Brics é uma iniciativa para responder às mudanças nos cenários político e econômico externos.

O foco de investimento em obrigações emitidas pelo grupo dos Brics ajudará a revogar o excesso de liquidez de divisas no mercado interno, prevenir a aceleração da inflação e evitar a pressão sobre os instrumentos financeiros nacionais.

“Paralelamente, a Rússia deve preservar o que ganhou nos mercados de exportação estrangeiro sob a forma de reservas e garantir rendimentos mais elevados”, finalizou Stortchak.


Publicado originalmente pela agência Itar-Tass

“Próximo passo é criação de uma moeda comum para os Brics”

Juntos, países do Brics corresponde a metade da população do planeta. Foto: AP
27/10/2014 BRICS Business Magazine


Brics Business Magazine: No final de setembro, o Banco Mundial publicou três cenários de médio prazo para o desenvolvimento econômico da Rússia. O melhor deles prevê baixo crescimento do PIB nos próximos anos. Entre outras coisas, os especialistas do banco apontam que não será possível obter uma maior aceleração do crescimento econômico simplesmente a mantendo a atual política de estímulo fiscal. Você concorda com essas conclusões? Como você avalia a situação atual da economia russa?

Oleg Sienko: Está longe de ser uma questão simples. Já ficou claro que as sanções têm causado sérios problemas. É difícil contrapor os cenários expostos pelos especialistas do Banco Mundial - não haverá grande crescimento, especialmente nos pilares da economia.

No entanto, também é certo que o país deve tomar medidas para estimular a economia, independentemente das limitações orçamentais. Outros países têm conseguido encontrar seu caminho para sair de crises semelhantes, injetando dinheiro na economia.

Na minha opinião, há um outro aspecto que é muito importante neste caso. Se quisermos sair da crise rapidamente, o governo tem que ser muito mais proativo do que têm sido. Decisões lentas significam que os esforços para combater a crise deverão ser dobrados.

BBM: Como essa lentidão do governo se manifesta?

OS: Há setores-chave da economia que precisam de apoio imediato. Nós mesmos criamos alguns desses problemas adotamos leis a torto e a direita, e agora estamos correndo atrás para superá-las. Por alguma razão, ninguém parece se preocupar com esse tipo de incoerência política, mesmo que seja um ponto muito importante. Mas não para por aí. A ajuda do governo não deve se limitar à injeção de dinheiro na economia; também deve se concentrar em proteger e preservar o mercado interno. Até agora, tem sido justamente o oposto. Quando a Rússia aderiu à OMC, quase todo mundo ganhou acesso ao mercado russo.

Vamos pegar o exemplo da indústria automotiva. A meta de 50% de localização, que é construída em acordo com as empresas automotivas no exterior e governa a montagem industrial, ainda é tão inatingível como sempre foi. Empresas metalúrgicas russas fabricam chapas de carro, mas elas não são usadas, ou pelo menos não na medida em que poderiam ser. Por não produzir as peças no mercado interno, deixamos de estimular outros setores da nossa economia, como a indústria de mineração, metalurgia, o setor da construção, e a lista continua.

BBM: Você defende uma aproximação entre os países do Brics, incluindo a criação de uma moeda comum. Por que isso é tão importante? E qual viável é essa iniciativa?


OS: É totalmente viável. Os países do Brics, juntos, correspondem a metade da população do planeta, e já deram um importante passo para a criação de um mecanismo financeiro independente. Refiro-me ao recente acordo para criar um Banco de Desenvolvimento do Brics e um pool de divisas de reserva para contrabalançar instituições como o FMI. O próximo passo lógico seria a criação de uma moeda comum para os países do Brics. Na minha opinião, essa medida permitiria que os países se afastassem da dependência dos centros financeiros ocidentais e do dólar americano como principal moeda de reservas e transações. Este é o passo mais realista, que poderia anunciar a melhoria econômica em todos os países do grupo, incluindo a Rússia.
Para especialista, iniciativa ajudar a quebrar hegemonia financeira do Ocidente Foto: RIA Nóvosti

BBM: Na sua opinião, qual mecanismo seria necessário para criar essa moeda? 

OS: Os países teriam que escolher uma 'moeda dos Brics' para todas as transações entre os países do grupo e atrelá-la ao euro para facilitar a conversão; em seguida, criar centros monetários e de transação, bem como um sistema de pagamento próprio.

Tenho certeza que muitos países da América Latina, Sudeste Asiático e África iriam gradualmente usar essa moeda, já que estão ficando cada vez mais cansados ​​da hegemonia do dólar e euro - as duas únicas moedas em que as coisas são compradas e em que os investimentos são feitos.

Se isso acontecer nos próximos três anos, esse novo sistema de pagamento global englobaria pelo menos 70% de todos os países, em termos de população mundial, o que poderia nos livrar do dólar de uma vez por todas.

BBM: Como é que uma moeda comum do Brics poderia se diferenciar do dólar ou do euro?

OS: A diferença é que seria apoiada por ativos e recursos reais - incluindo recursos humanos, naturais e matérias-primas - nos quais nossos países são ricos. Muito provavelmente, uma vez que essas medidas forem introduzidas, o mundo ficará dividido em dois grupos: o “progressista”, que incluiria países dos Brics e os mercados emergentes alinhados a eles; e os “pessimistas”, que incluiria os Estados Unidos, a Europa e os países associados a eles.

É por isso que criar a nossa própria moeda é um passo vital. Quanto mais cedo ocorrer, maiores serão os avanços no nosso desenvolvimento econômico e melhores as nossas chances de construir uma aliança poderosa e independente para contrabalançar os EUA.

BBM: Você poderia resumir os principais passos que a Rússia e demais países devem tomar para compensar as consequências das sanções e para levar suas economias para um novo nível tecnológico?

OS: Como eu disse antes, o primeiro passo seria a criação de uma moeda comum. O segundo seria remontar a nossa base tecnológica em conjunto com nossos parceiros. Nem todas as tecnologias importantes estão disponíveis nos países que introduziram sanções contra nós. Além disso, há países no Ocidente que adotaram uma perspectiva mais sóbria; eles têm as tecnologias que precisamos, mas não possuem matérias-primas. Precisamos negociar e encontrar maneiras de alcançar e explorar as oportunidades de benefício mútuo. Claro que também precisamos construir tecnologias por nós mesmos.

Enfim, o terceiro passo está relacionado a infraestrutura, e talvez esta seja a área mais importante. O desenvolvimento de infraestrutura estimularia outras indústrias, porque é a base sobre a qual tudo é construído - do prego à parte mais complexa de qualquer equipamento. Para que isso aconteça, precisamos adotar uma nova maneira de pensar e começar a lidar com essas questões. Precisamos fazê-lo imediatamente, e não procrastinar hábitos como de costume.

Publicado originalmente pela BRICS Business Magazine


quarta-feira, 8 de outubro de 2014

Maria Luís sobre o Novo Banco. "Venda rápida não significa à pressa nem ao desbarato"

Filipe Santos Costa | 13:27 Quarta feira, 8 de outubro de 2014
Ministra das Finanças diz que venda do novo Banco não era compatível com projecto "a cinco ou seis anos". E nega que tenha informado Bruxelas sobre resolução do BES antes de 1 de agosto.

Maria Luís Albuquerque deu a entender esta quarta-feira de manhã que a equipa de Vítor Bento teria um plano a médio prazo para o Novo Banco - e referiu genericamente um período de "cinco ou seis anos". O Novo Banco, disse a ministra, é "uma instituição de transição que, de acordo com os termos da notificação feita à Direção-Geral de Concorrência (DGC), tem uma vida máxima de dois anos", o que "não é compatível com um cenário de alteração de circunstâncias do banco num médio prazo de cinco ou seis anos". Adiante, a ministra das Finanças repetiria a referência a esse espaço temporal: "Planos a cinco ou seis anos não são compatíveis com este enquadramento".

A governante, que foi chamada ao Parlamento para esclarecer as razões da saída do primeiro presidente do Novo Banco, Vítor Bento, nada esclareceu em concreto sobre esse processo ("Vítor Bento não me comunicou a sua demissão, comunicou ao governador do Bando de Portugal, não me cabe especular sobre as razões"). Limitou-se a elogiar o ex-presidente por ter aceitado manter-se em funções depois da criação do Novo Banco e disse que isso "foi muito importante para a estabilidade do sistema financeiro". Se, para além da resolução do BES, fosse preciso encontrar uma nova administração do Novo Banco, isso "teria sido dramático", admitiu.

Ao insistir na questão da transitoriedade do fundo de resolução, Maria Luís Albuquerque admitiu que a divergência de Bento seria, como tem sido veiculado, sobre o horizonte de trabalho dessa administração. Mas a venda rápida que o Governo pretende, esclareceu, "não significa nem à pressa nem ao desbarato". Apenas "vender em boas condições competitivas para ser a melhor solução", frisou a ministra. O Novo Banco "deve permanecer nas mãos do fundo de resolução pelo tempo estritamente necessário a que se faça a venda nas melhores condições", reforçou a ministra, explicando que "a questão da rapidez, entre outras vantagens, esclarece esta incerteza que impende sobre o sistema financeiro português". 

Referindo o prazo de dois anos previsto para a transição, Maria Luís acrescentou estar "em crer de que será muito antes desse prazo", tendo em conta as manifestações de interesse. 

A comunicação com Bruxelas
Sobre a notícia do "Diário Económico" que agitou a manhã - segundo a qual Portugal terá comunicado à Direção-Geral de Concorrência (DGC) europeia a intervenção no BES no dia 30 de julho, dois dias antes da data assumida pela autoridades nacionais -, Maria Luís manteve a versão apresentada, pouco antes, pelo governador do Banco de Portugal.

"Não há qualquer notificação do dia 30 de julho à DGC. Quem notifica a DGC são os Estados-membros e não há qualquer notificação do Governo a 30 de julho. A notificação é de 3 de agosto e os contactos com a DGC iniciaram-se no dia 2 de agosto", informou a ministra. Esse contacto de 2 de agosto, esclareceu, fez-se presencialmente com a enviada da DGC que se deslocou a Lisboa para acompanhar o processo de resolução.

Já esta quarta-feira de manhã, o organismo da Comissão Europeia veio esclarecer as circunstâncias em que surge no site da DGC a referência a 30 de julho como data da comunicação do início do processo de resolução. "A data de 30 de Julho que surge no nosso sítio de Internet é meramente uma data de registo administrativo: de facto, a 30 de Julho, a Comissão começou a monitorizar a situação do BES após o banco ter anunciado perdas nesse dia", disse ao "Diário Económico" o porta-voz do comissário Joaquín Almunia. Mas fica por esclarecer por que razão a DGC refere, no seu comunicado, que os procedimentos legais foram cumpridos logo nessa data - ou seja, se assim fosse, isso significaria uma comunicação formal por parte do Estado-membro.

"Começaram a trabalhar no dia 30 sem qualquer intervenção do governo português", ironizou o deputado do PS João Galamba. "Na 4ª à noite adivinham, intuem, coisa que CMVM e alguns investidores não fizeram, e inseriram uma notificação administrativa", resumiu o socialista.


"Há uma série de entidades que adivinham - incluindo a Godman Sachs e o dr. Marques Mendes, que antecipou a resolução - e só não se percebe porque é que a CMVM não adivinha", reforçou a bloquista Mariana Mortágua, referindo-se à derrocada do valor do BES nesses dois últimos dias de negociação das ações do banco. "Há uma série de eventos que não está clara."

Maria Luís admite: Sim, o Novo Banco pode ter custos para os contribuintes

Filipe Santos Costa | 14:11 Quarta feira, 8 de outubro de 2014
"É o preço de ter um banco público", reconhece a ministra - se a venda do Novo Banco não cobrir o valor do fundo de resolução, a Caixa "pode ter perdas". Ou seja, os contribuintes.

Maria Luís Albuquerque assumiu que sim, a Caixa Geral de Depósitos "pode ter perdas" com o Novo Banco. Ou seja, o Estado. Ou seja, os contribuintes. Mais de um mês depois de ter apresentado a resolução do BES como a melhor solução por não representar "qualquer risco" para os contribuintes, a ministra das Finanças reconheceu esta quarta-feira, no Parlamento, o óbvio: se o banco for vendido abaixo dos 4,9 mil milhões do fundo de resolução, uma parte dessa perda cairá sobre a CGD, que pesa cerca de 30% do fundo.

Depois de muita insistência dos deputados da oposição, em particular de Mariana Mortágua, do BE, a governante respondeu à pergunta: a CGD pode ter de suportar perdas neste negócio? "Objetivamente pode". E atalhou: "Está sujeita a ter uma perda, como está sujeita a ter um ganho". Sendo certo que ninguém, até hoje, admitiu como plausível a segunda hipótese.

"Não tinha um tusto", afinal tem custo
A deputada bloquista saudou o reconhecimento, apesar de tardio. "A medida que foi apresentada como não tendo um tusto de dinheiro dos contribuintes vai ter, sim, um custo para os contribuintes." E questionou-se sobre a capacidade do sistema financeiro para acomodar esses custos. "Em tese", disse Mortágua, ninguém critica que o sistema financeiro assuma a responsabilidade do que se passa nos bancos - mas numa economia que está muito frágil, pode o sistema "dar-se ao luxo" de usar antes de tempo um mecanismo que ainda não estava capitalizado? Não pode esse risco "pôr em causa a solidez do sistema bancário"?

Maria Luís não respondeu a estas dúvidas, mas voltou ao tema para pôr a questão da CGD preto no branco. A exposição da Caixa a eventuais perdas decorrentes do Novo Banco "é o preço de ter um banco público". "O Estado é acionista da CDG, encontrar-se-á na posição de ter o mesmo impacto que os acionistas dos outros bancos, faz parte das regras." Simples.


Apesar desta novidade no discurso do Governo, a ministra das Finanças frisou que o risco para a Caixa - ou seja, para os contribuintes - depende de "muitos ses". E, ironizando, defendeu que viver com esses "ses" é melhor do que outra solução que, à partida, "imediatamente poria os custos sobre os contribuintes".