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quinta-feira, 31 de julho de 2014

EUA descongelam ativos iranianos

20 Junho, 20:29
O chanceler do Irã, Javad Zarif, confirmou hoje que os EUA cumpriram os compromissos de descongelar os ativos iranianos no valor de 4,2 bilhões de dólares.

“Os nossos ativos estão descongelados conforme havíamos acordado” disse numa colectiva de imprensa, fazendo balanço das conversações com o sexteto de mediadores internacionais em Viena.


Em novembro de 2013, o Irão e o sexteto (Rússia, Grã-Bretanha, Alemanha, China, EUA e França) tinham acordado que Teerã suspenderia a execução do seu programa nuclear, reduzindo as reservas de urânio enriquecido a 20% em troca de atenuamento do regime de sanções introduzidas contra o país.

Empresários dos EUA estão descontentes com as sanções antirrussas

Andrei Fedyashin
26 Junho, 17:16
O descontentamento dos círculos empresariais norte- americanos coin as sanções em relação à Rússia, decretadas pela administração de Barack Obama, é cada vez mais visível.

As duas maiores entidades empresariais dos EUA - a Associação Nacional de Produtores (NAM) e a Câmara do Comércio - divulgaram, em 26 de junho, um comunicado conjunto nas principais edições dos EUA e da Grã-Bretanha. O seu conteúdo se resume ao seguinte: as sanções económicas unilaterais contra a Rússia causarão prejuízos a empresas norte-americanas, favorecendo, ao mesmo tempo, os seus concorrentes.

A ideia fundamental da declaração é: se o presidente dos EUA tem reclamações pessoais ou políticas em relação a Vladimir Putin, o mundo de negócios não tem nada a ver com isso. Uma outra ideia expressa no comunicado não é menos importante: em virtude das sanções, as empresas dos EUA irão perder os contatos de negócios existentes, podendo tal lacuna ser preenchida por empresas europeias. “Seremos afastados do mercado não por um ou dois anos, mas sim por décadas”, frisa a nota.

Em outras palavras, os empresários dos EUA estão cientes de que seus colegas da Europa já não pretendem introduzir o terceiro pacote de sanções contra a Rússia. Eles estão à espera que Washington declare sanções económicas unilaterais.

As conversas travadas por europeus sobre sanções não passam de um blefe para acalmar o presidente Obama. Os tempos da Guerra Fria estão no passado e a Europa entende que as sanções irão sair pela culatra, podendo causar danos às relações sólidas com a Rússia, sustenta o analista Yuri Solozobov:

“As sanções não têm nem terão sentido desde que não sejam aplicadas no sector energético. Todavia, tais medidas causarão prejuízos à Europa no valor de um trilião de euros. Os EUA irão ganhar com isso por desejarem criar uma zona de comércio livre com um parceiro fraco. A UE compreende que, desta forma, os EUA querem pô-la de joelhos”.

Ora, a declaração vem ainda cristalizando os sérios receios do mundo de negócios dos EUA quanto à política da administração na vertente ucraniana.

Desde a primavera, os empresários temem que, no domínio das relações com a Ucrânia, a Casa Branca esteja a praticar uma espécie de “vendeta”. As ameaças constantes de introduzir novas sanções contra Moscovo parecem ter prejudicado o próprio presidente Obama que, perdendo para Putin na esfera de política externa, procura pretextos de “vingança política”. Veja-se suas falhas no Oriente Médio, na Ucrânia e na China. O fracasso dos planos de “amputar” a Ucrânia e a Crimeia, criar ali uma rede de bases militares da OTAN e a dura reação de Moscovo acabaram por transtornar o presidente Obama no sentido político e, pelo visto, psicológico.

O problema é que a administração de Obama não evoluiu, ficando no século XX As autoridades dos EUA não compreendem coisas elementares: o mundo mudou e todos querem edificar um sistema de segurança internacional através de coalizões e não a partir de um alicerce unipolar, como o pretendem fazer Washington, salienta o politólogo Dmitrí Abzalov. Em sua ótica, é nisso que reside o maior problema para Barack Obama, que está totalmente desnorteado:

“Até que ponto ele continuará sendo refém da sua política externa rígida, até que ponto poderá manter a autonomia, até que ponto poderá sacrificar a sua boa imagem para entrar na história como um pacificador ou um presidente amante da paz - são estes os maiores desafios que Obama está enfrentando agora. Seja o que for, eu não descarto a possibilidade de normalização das relações russo-norte-americanas. Tudo depende de sagacidade do presidente dos EUA. Para já, a sua política tem sido fruto da miopia política dos seus conselheiros que não conseguem ver dois passos à frente”.

O comunicado foi redigido pelo presidente da Associação Nacional de Produtores (NAM), Jay Timmons, e o chefe da Câmara do Comércio, Thomas Donohue.

Para compreender melhor o atual e eventual efeito da declaração conjunta, convém recordar quem são estas duas entidades influentes.

A NAM é a organização empresarial mais antiga e mais poderosa, integrando hoje mais de 14 mil empresas e corporações industriais de grande porte, responsáveis pela produção de artigos no valor superior a 1,8 triliões de dólares.


A Câmara do Comércio reúne 3 milhões de empresas que atuam em todos os setores económicos dos EUA.

UE preparou projeto de sanções contra economia russa

16 Julho, 14:58
Os dirigentes da União Europeia pretendem alargar as sanções contra a Rússia, lê-se no projeto de declaração revelado pela agência Bloomberg.

A UE irá conseguir suspender o financiamento de novos projetos russos pelo Banco Europeu de Reconstrução e Desenvolvimento (BECD). A UE poderá também ordenar ao Banco de Investimento Europeu (EIB) que suspenda o financiamento de novos projetos no setor público da Rússia.

Serão afetadas por sanções as empresas russas que Bruxelas "considera participantes na desestabilização da situação na Ucrânia”, lê-se no documento. Além disso, a UE pretendem suspender os programas bilaterais e regionais com a Rússia.

Os dirigentes da União Europeia planejam analisar “medidas complementares, nomeadamente a limitação de investimentos” na Crimeia e em Sevastopol.


O projeto de declaração irá ser analisado na quinta-feira à noite, na cúpula extraordinária dos dirigentes da UE e poderá ser sujeito a alterações significativas, assinala a Bloomberg.

EUA impõem novas sanções contra a Rússia

17 Julho, 09:18
Os EUA impuseram esta quarta-feira sanções econômicas setoriais contra as empresas de defesa e de mineração da Rússia, mas os países da UE se limitaram a emitir várias instruções relativas a um alargamento de critérios para futuras sanções. No entanto, tanto Washington como Bruxelas estão prontas para ampliar, se for necessário, as listas de sanções.

Moscovo disse que pretende analisar "sem correria” as novas sanções, as quais, aliás, retornarão como um bumerangue ao ponto de origem, prejudicando empresas dos próprios EUA e afetando as relações entre os dois países. O presidente da Rosneft, uma das empresas "excomungadas” e afastadas agora dos empréstimos norte-americanos, referiu-se que a companhia poderá funcionar a longo prazo sem "linhas de crédito de emergência".


Os EUA e a UE não reconhecem a integração da Crimeía na Rússia e acusam Moscou de interferência nos assuntos da Ucrânia. Os países ocidentais já impuseram sanções contra uma série de políticos, empresários e empresas da Rússia e ameaçaram estender as medidas restritivas.

Moscovo decepcionada com cessão da União Europeia à chantagem americana

17 Julho, 12:16
Moscovo está decepcionada com a decisão da União Europeia de ceder à chantagem da administração dos EUA e seguir a via de tomada de medidas sancionais, diz-se no comentário do Departamento de Informação e da Imprensa do Ministério das Relações Exteriores da Federação Russa.

"Estamos decepcionados com a cessão da União Europeia, a despeito dos seus próprios interesses, à chantagem da administração americana e com a sua decisão de seguir a via de medidas sancionais em relação à Rússia", informou esta entidade.


O Ministério das Relações Exteriores da Federação Russa pôs em relevância que neste caso Bruxelas segue o exemplo de Washington utilizando a “lógica do espelho invertido”, isto é, “todos os pecados são atribuídos aos que empreendem esforços reais a fim de conseguir a desescalada da situação na Ucrânia, cuidando, ao mesmo tempo de passar em silêncio fatos gritantes, incluindo o êxodo incessante de refugiados da Ucrânia para a Rússia, ataques de artilharia contra o território russo e outras provocações”.

Investidores europeus não concordam com sanções dos EUA contra Rússia 17 Julho, 17:15

17 Julho, 17:15
Os investidores europeus não concordam com as novas sanções dos EUA contra empresas russas e bancos, bem como lamentam que as sanções da UE afetarão o trabalho do Banco Europeu para a Reconstrução e Desenvolvimento e o Banco Europeu de Investimento na Federação Russa, afirma um comunicado da Associação das Empresas Europeias.

Os Estados Unidos impuseram esta quarta-feira várias sanções contra uma série de empresas russas e bancos.

"A Associação das Empresas Europeias manifesta sua firme oposição às novas sanções dos EUA contra empresas e bancos russos, que não estão envolvidos na crise ucraniana. A Associação observa que essas empresas e bancos são parceiros confiáveis e de longo prazo de muitas empresas europeias”, afirma o comunicado de imprensa.


A Associação das Empresas Europeias também considera que as sanções afetam mais os parceiros de empresas europeias, do que os das norte-americanas.

EUA agradecem ao Japão sanções complementares contra Rússia

Ontem, 10:39 – 30 de Julho de 2014

O secretário de Estado norte-americano John Kerry agradeceu ao ministro das Relações Exteriores do Japão Fumio Kishida o pacote de sanções complementares contra a Rússia.

“Ao se referir à situação na Ucrânia, o secretário de Estado Kerry manifestou gratidão pelas sanções complementares contra a Rússia, anunciadas pelo Japão. O ministro das Relações Exteriores Kishida respondeu a isso que o Japão tinha anunciado sanções complementares por considerar muito importante a solidariedade com os países-membros do grupo G7 e pretende continuar a tomar medidas no tocante a esta questão em contato estreito com os países do grupo G7”, diz-se na declaração do Ministério das Relações Exteriores do Japão.


O governo do Japão publicou segunda-feira novas sanções contra a Rússia, relacionadas à situação na Ucrânia, que impõem o congelamento dos ativos, existentes no Japão, de personalidades e organizações “implicadas diretamente na incorporação da Crimeia à Rússia e na desestabilização da situação no leste da Ucrânia”.

EUA introduzem novas sanções contra setores-chave da Rússia

Hoje, 09:35 - 30 de Julho de 2014
Os EUA introduzem novas sanções contra o setor de energia, o de finanças e o complexo militar-industrial da Rússia, anunciou esta terça-feira o presidente dos EUA, Barack Obama.

Falando na Casa Branca, o líder norte-americano disse que "os EUA introduzem novas sanções contra os setores-chave da economia russa: energia, produção de armas e finanças". "Nós bloqueamos a exportação de produtos e tecnologias específicas para o setor de energia da Rússia e alargamos as nossas sanções sobre um maior número de bancos e empresas de defesa russas. Suspendemos formalmente a emissão do crédito que incentiva as exportações para a Rússia e o financiamento de projetos de desenvolvimento econômico na Federação da Rússia", especificou Obama.

O presidente estadunidense não forneceu mais detalhes nem mencionou os nomes das entidades russas contra as quais são tomadas as novas medidas punitivas.


Na terça-feira, o Tesouro dos EUA havia anunciado que o endurecimento das sanções afeta a Corporação Unida de Construção Naval, o Banco VTB, o Banco Rosselkhozbank e o Banco de Moscou.

Sanções dos EUA trabalham a favor da economia da Rússia

Hoje, 14:32 – 30 de Julho de 2014
Os EUA não compreendem que, ao anunciarem novas sanções contra a Rússia, elas trabalham para a nossa economia, declarou hoje aos jornalistas Serguei Ryabukhin, chefe do Comité do Orçamento do Conselho da Federação da Rússia.

Na terça-feira foram anunciadas novas sanções económicas pelos EUA e a União Europeia contra a Rússia devido à crise ucraniana. Moscovo declarou numerosas vezes que é contra produtivo falar com ela na linguagem das sanções. A Rússia também sublinhou que não é parte do conflito interno ucraniano.


Segundo Ryabukhin, as limitações anunciadas permitirão à Rússia desenvolver mais ativamente a própria produção, recorrendo às reservas internas. Ele também sublinhou que, no mundo atual, quando existem relações de mercado e profundos laços econômicos integracionistas entre os países, as sanções não têm sentido.

quarta-feira, 30 de julho de 2014

Moscovo acredita que Europa perderá mais com as sanções

Andrei Fedyashin
Hoje, 18:51 – 30 Julho de 2014
Em Moscou reagiram de forma surpreendentemente calma à nova “terceira fase” de sanções da União Europeia contra a Rússia. As restrições no sector bancário, da energia, de exportações de armamentos e da chamada produção de “dupla utilização” (civil e militar) entrarão em vigor em 1 de agosto.

As medidas foram acordadas por embaixadores da UE em Bruxelas, após horas de debates, em 29 de julho. Para sua aprovação formal não é necessária a convocação de uma cúpula de líderes da UE. Bastará que a Comissão Europeia obtenha seu consentimento por escrito, o que é uma mera formalidade. Os EUA anunciaram suas próprias sanções adicionais.

Em círculos de negócios da Rússia acreditam que as sanções da UE e dos EUA irão incentivar o desenvolvimento da indústria e tecnologia nacionais. Este processo já começou. O presidente Putin realizou em Moscou a segunda reunião dos principais ministros sobre a substituição de importações. Segundo os cálculos dos especialistas do governo, a Rússia necessita de três meses a três anos para substituir totalmente os produtos importados por domésticos em todos os setores - desde a banca (sistemas de pagamento próprios), até aos militares e à agricultura. Assim, que quem perderá com as sanções serão os próprios países que as estão impondo. Eles perderão os contactos e seus nichos serão ocupados por empresas russas, ou asiáticas ou latino-americanas.

Todas estas sanções que Washington obrigou a UE a impor não são mais que uma vingança política dos EUA em relação à Rússia, e talvez pessoalmente em relação ao seu presidente Vladimir Putin, acredita o presidente do Instituto de Estratégia Nacional, Mikhail Remizov:

“Neste caso, trata-se de uma forma de guerra económica contra a Rússia, país que, do ponto de vista dos Estados Unidos, deve ser punido através de uma evidente infração dos princípios da nova ordem mundial ditados desde Washington. No início dos anos 90, quando os Estados Unidos se tornaram a única superpotência, eles, de fato, monopolizaram a interpretação do direito internacional, monopolizaram o uso de ferramentas de força na política, monopolizaram o direito de legitimar, de certa forma, regimes políticos. E o comportamento da Rússia na situação da crise ucraniana, do ponto de vista dos Estados Unidos, desafia demasiado descaradamente esse monopólio”.

Na UE parecem entender isso muito bem. Após um exame mais detalhado, essas “sanções setoriais”, como as chamam a UE e os EUA, parecem mais uma peneira através da qual os países da UE podem, à sua discrição, deixar ou não passar exportações para a Rússia ou importações de Moscovo. Elas não afetam o comércio de petróleo, gás e outras matérias-primas. Serão apenas limitados os fornecimentos à Rússia de tecnologias para mineração a grande profundidade águas do Ártico. Moscovo, a propósito, já adquiriu esse equipamento.

Todos os contratos concluídos por países da UE até 1 de agosto em todas as áreas, sem exceção, serão cumpridos. Foi a França quem mais que outros insistiu nisso visto que ela que deve fornecer à Rússia dois navios porta- helicópteros Mistral: o valor do contrato é superior a 1,2 bilhões de euros. Quaisquer licenças de exportação podem ser obtidas após consideração especial.

O verdadeiro propósito das sanções é mais educacional do que económico, diz a especialista russa em relações internacionais Daria Mitina:

"A própria prática de sanções, apesar de serem usadas bastante ativamente tanto pelos Estados Unidos como pela União Europeia, já há muito que está ultrapassada moralmente e economicamente. O mundo é demasiado global e demasiado interligado, de modo que esses mecanismos de sanções são sempre de dois gumes. Elas afetam não só os países contra os quais são dirigidas essas sanções, mas também aqueles estados que as introduzem”.

Apesar da reação otimista de Washington ao novo pacote de sanções europeu, é evidente que ele não conseguiu que os europeus fizessem o essencial: que deixassem de importar gás russo para substituí-lo pelo seu próprio gás de xisto. As sanções não afetam essas importações de todo, diz o analista político Alexander Gusev:

“Quanto a fornecimentos de gás de xisto dos EUA, isso não é nada plausível. O preço interno do gás de xisto nos EUA já subiu para quase 700 dólares por mil metros cúbicos. Tais compras de gás causariam à Europa grandes prejuízos. Para ela é importante continuar a fazer comércio com a Rússia”.

As sanções são projetadas para um ano, serão revistas a cada três meses, ou podem ser completamente levantadas se a Rússia a passar a se comportar em relação à Ucrânia como Bruxelas e os Estados Unidos querem. Além disso, nas regras de sanções da UE está integrado um “mecanismo de autodefesa” especial. Ele prevê a correção de certas disposições se elas forem demasiado prejudiciais às economias europeias.

Moscovo admite que o mais doloroso para a Rússia pode ser o encerramento de acesso a mercados de crédito e mercados de valores mobiliários da Europa. A fim de limitar o acesso da Rússia ao mercado de capitais da UE os cidadãos dos países da comunidade serão proibidos de “comprar ou vender títulos, ações ou instrumentos financeiros similares com um prazo de maturidade superior a 90 dias emitidos por bancos estatais russos”.

Mas este problema é só em perspectiva, e somente se acreditarmos que os bancos russos vão aguardar em silêncio quando para eles forem fechados os mercados monetários da Europa. Em particular, os banqueiros russos dizem que já reorientaram suas carteiras de empréstimos para os mercados da Ásia e da América Latina. Ou seja, para China e os países do BRICS, especialmente para Brasil e Índia.

Em Moscovo, os serviços de imprensa dos sistemas de pagamento internacionais Visa e MasterCard já anunciaram que não intencionam bloquear os cartões dos bancos VTB, o Banco de Moscou (Bank Moskvy) e do Banco Agrícola da Rússia (Rosselkhozbank), contra os quais anunciaram sanções os Estados Unidos. Eles têm medo de perder o mercado russo.

Os dirigentes da norte-americana ExxonMobil também anunciaram que não pretendem encerrar qualquer cooperação com a Rússia. A empresa possui cerca de 20 por cento da russa Rosneft.


Peritos da Comissão Europeia da UE calcularam que por causa de sanções a Europa pode perder este ano 40 bilhões de euros. Em 2015, essas perdas vão totalizar já uns 50 bilhões de euros. Ou seja, cerca de 0,5 por cento do PIB anual de toda a UE. E trata-se somente de produtos das indústrias militar e de dupla utilização exportados para a Rússia. Se considerarmos todas as restantes exportações e a resposta inevitável de Moscovo, as perdas irão aumentar muitas vezes.

Putin: sanções prejudicam relações entre Rússia e EUA

17 Julho, 10:39
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, expressou a esperança de que o bom senso vá afinal prevalecer na questão das sanções dos EUA contra a Rússia, que encurralam as relações entre os dois países num impasse.

O chefe de Estado russo disse que as sanções "costumam ter um efeito bumerangue". "E, sem dúvida, neste caso, encurralam as relações russo-norte-americanas num impasse, prejudicando-as de forma muito grave. Estou convencido de que isso é contrário aos interesses nacionais estratégicos a longo prazo dos Estados Unidos e do povo norte-americano", especificou Putin.


"É lamentável que os nossos parceiros sigam esta via, continuou o presidente russo, mas as nossas portas não estão fechadas à negociação, para sair desta situação".

Medvedev: sanções contra a Rússia não ajudarão Ucrânia

17 Julho, 13:45
As sanções contra a Rússia não ajudarão a Ucrânia, reputa o premier da Federação Russa Dmitri Medvedev.

“Infelizmente, todas estas sanções de nada adiantam para a Ucrânia”, disse Medvedev.

Na quarta-feira as autoridades americanas introduziram novas sanções contra bancos e companhias russas, incluindo os bancos Gazprombank e Vnesheconombank, e contra a companhia Rosnef. Eles não terão mais acesso a mercados financeiros dos EUA e companhias americanas e cidadãos particulares dos EUA serão proibidos de fornecer-lhes créditos por um prazo superior a 90 dias.

Os líderes da União Europeia também apoiaram a introdução de sanções contra a Federação Russa.


Na opinião de Medvedev, as sanções são incapazes de causar um prejuízo sério à economia russa, mas podem exercer influência negativa sobre as relações russo-americanas.

terça-feira, 29 de julho de 2014

Obama acaba de escrever a Putin. Devemos ficar preocupados?

Barack Obama protagonizou mais um momento de relações difíceis com a Rússia foto reuters
RELAÇÕES EUA-RÚSSIA
TEXTO CÁTIA BRUNO
O jornal norte-americano “New York Times” revelou segunda-feira à noite que Barack Obama escreveu uma carta a Vladimir Putin onde acusa a Rússia de violar um tratado de 1987, pelos testes com mísseis de cruzeiro iniciados em 2008. O que significa este momento de tensão - um dos mais altos desde o fim da Guerra Fria, segundo os especialistas ouvidos pelo Expresso - na relação entre os dois países?

Um sinal de crescendo nas tensões entre Rússia e EUA que não era visto desde o fim da Guerra Fria.” É assim que o investigador do Instituto de Ciências Sociais Bruno Reis classifica a decisão da administração norte-americana de acusar publicamente o Kremlin de ter violado o tratado de controlo de armas de 1987.

O tratado em questão foi assinado pelos presidentes Ronald Reagan e Mikhail Gorbachev e ficou conhecido pelo nome “Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermédio” (INF, em inglês).
Define que nenhuma das duas partes (EUA e União Soviética, à época) pode possuir, produzir ou estar mísseis de cruzeiro com um alcance entre os 500 e os 5000 km.

Altos representantes garantiram ao “New York Times” que o presidente Barack Obama enviou a Vladimir Putin uma carta onde diz que o seu governo concluiu que a Rússia testou um míssil de cruzeiro de alcance intermédio, violando o INF. Obama terá garantido na carta que pretende um diálogo de alto nível com Moscovo para preservar o tratado de 1987.

O acordo feito entre Reagan e Gorbatchev tem especial importância tendo em conta o contexto em que foi assinado. “Este é visto como o grande marco do desarmamento, não só em termos literais, como em termos simbólicos do desanuviamento das tensões”, explica ao Expresso Bruno Reis.
Isto é de alguma forma pôr a Rússia em cheque ao acusá-la de não respeitar o legado da Guerra Fria.”

Miguel Monjardino, investigador do Instituto de Estudos Políticos da Universidade Católica, vai ainda mais longe, ao classificar o INF como “uma peça-chave da arquitetura de segurança da União Europeia, que representou a retirada do palco europeu de um certo tipo de armamento polémico” - os mísseis de cruzeiro de alcance intermédio.

O TIMING


MH17 Queda do avião da Malaysia Airlines aumentou a tensão fotoreuters

As fontes do jornal norte-americano garantem que os russos têm testado este tipo de mísseis desde 2008 e que a administração de Obama concluiu em 2011 que tais testes constituem uma violação do tratado, algo que o Departamento de Estado partilhou com oficiais russos em maio de 2013.

No entanto, só agora é tornada pública a acusação, muito por culpa do estado das relações entre os dois países. A ideia de ‘reset’ proposta por Obama na diplomacia entre EUA e Rússia já caiu por terra, acentuada pelo que se passa na Ucrânia. “Havia a esperança de que os meios diplomáticos resolvessem as questões”, diz Bruno Reis. “Mas parece que agora, graças à situação da Ucrânia, a estratégia é pressionar Putin.”

Desde a queda do avião MH17 que os EUA têm vindo a acusar a Rússia de estar cada vez mais envolvida na questão ucraniana. No domingo, o governo norte-americano lançou imagens de satélite que provam que teriam sido feitos disparos para território ucraniano da Rússia, o que significa um envolvimento direto do Kremlin no conflito ucraniano - algo que o ministro dos Negócios Estrangeiros do país, Serguei Lavrov, nega. Na noite de segunda-feira surge a notícia do New York Times”, que garante que os EUA tinham acabado de enviar a carta para o Kremlin, depois de uma conversa telefónica entre o secretário de Estado John Kerry e Lavrov no dia interior. “Esta confirmação formal - com um papel por escrito e um telefonema de Kerry - é o  reconhecimento de que os EUA consideram que a Rússia está a falhar neste consenso [da segurança europeia]”, diz Miguel Monjardino ao Expresso.

Em 2001 ocorreu uma situação semelhante, com os EUA a retirarem-se do tratado ABN (limitação do número de mísseis antibalísticos), mas a situação era outra. “Não só tinha havido duas reuniões entre as duas partes para discutir a possível retirada dos EUA, como a formalização foi feita no pós-11 de setembro. Por isso, os protestos russos não foram muito sonoros. Além disso, as relações entre EUA e Rússia eram muito boas na altura - entretanto tudo mudou”, refere Miguel Monjardino.

A REAÇÂO
 putin Miguel Monjardino realça que a Rússia já tem tentado modernizar o seu arsenal militar de longo alcance foto REUTERS

O Kremlin ainda não reagiu formalmente, mas é possível antever qual será a sua posição. Os russos têm acusado os EUA de também violarem vários tipos de acordos do pós-Guerra Fria e têm levado a cabo uma política de negação das várias acusações que lhes são imputadas. Além disso, como explica Paulo Cunha Dinis, do Observatório Político, desde 2007 que “Putin acusa as instituições ocidentais de se terem aproveitado da fragilidade russa no período pós-soviético, assinando acordos que são desfavoráveis à Rússia”.

Ao jornal britânico “Guardian”, o analista de Defesa russo Pavel Felgenhauer disse esta terça-feira de manhã que vários governantes russos consideram este tratado “injusto e não adequado à Rússia”, realçando que países como a China, o Paquistão e Israel têm mísseis de alcance intermédio - o que pode levar a crer que a Rússia optará por se colocar de fora do tratado INF, a fim de procurar adquirir este tipo de armamento.

Mas essa não é a crença dos especialistas ouvidos pelo Expresso. Miguel Monjardino realça que a Rússia já tem tentado modernizar o seu arsenal militar de longo alcance; investir agora também no médio alcance seria um investimento altíssimo. “Eu olharia para isto muito mais como uma pressão política de Moscovo.” Ameaçar sair do tratado poderia ser a peça necessária para conseguir uma negociação a alto nível de outro tipo de questões, nomeadamente relacionadas com a Ucrânia e a Geórgia.

A militarização da Ucrânia - através de uma possível entrada na NATO - é o cenário que mais assusta o Kremlin neste momento, razão pela qual Putin pode tentar usar o INF como desculpa para exigir esse tipo de condições e assegurar a segurança das suas fronteiras. Como ilustra Cunha Dinis, “até 1989 a NATO estava a muitos quilómetros de distância da Rússia - agora está aproximadamente a 350.”


A Rússia pode aproveitar a situação para forçar uma negociação a seu favor, mas com a tensão entre os dois países tão alta, os riscos mantêm-se. Monjardino deixa o alerta: “Se a situação sair dos carris, teremos fortes consequências para a segurança europeia”.