Blog de análise, discussão, sobre assuntos de Economia, Mercados, Finanças e Política Nacional e I

Blog de análise, discussão, sobre assuntos de Economia, Mercados, Finanças e Política Nacional e I
Blog de análise, discussão, sobre assuntos de Economia, Mercados, Finanças, Política Nacional e Internacional e do Mundo

quinta-feira, 30 de julho de 2015

Problemas da Gazprom O declínio da maior empresa da Rússia, contado em  6 GIFs

16:18, 30 de julho de 2015
A Gazprom é a maior empresa da Rússia, o maior exportador, e os contribuintes a quem uma grande dose do orçamento do governo federal depende.
No início de 2000, a Gazprom previu que procura dos seus produtos iria crescer tanto na Rússia e no exterior, e por isso forma activa recursos investidos no aumento da sua capacidade de produção e construção de novos gasodutos.
Infelizmente, a previsão acabou por ser um pouco fora.

Na linguagem mais articulada conhecida pela ciência moderna (GIFs), Meduza explica o que aconteceu.


1) Antes da crise financeira de 2008, a Gazprom emitido previsões económicas positivamente fantásticas: em 2015, a empresa esperava a sua capitalização para alcançar um trilhão de dólares (até mesmo a Apple não vale a pena que muito hoje e A Gazprom está avaliada em 20 vezes menos). Parecia que nem a Europa nem no resto do mundo poderia viver sem o gás russo, e o preço do petróleo (e gás, também, como eles estão ligados inextricavelmente) subiria para sempre com o botão direito até US $ 250 o barril (que é um pouco mais de US $ 50 agora).



2) As coisas não saíram como o planeado. A recessão 2008 reduziu a procura global de gás. Houve uma "revolução xisto" nos Estados Unidos. Europa começaram activamente a mudança para fontes alternativas de energia. O relacionamento da Gazprom com a Ucrânia, um dos seus maiores clientes, começou a quebrar. E então o relacionamento da Rússia com o resto da Europa começaram a cair aos pedaços, e o continente começou a olhar cada vez mais difícil para as alternativas ao gás russo. Finalmente, dentro da Rússia, os produtores de gás "independentes" começaram a desafiar o monopólio da Gazprom. 
(A palavra "independente" vai entre aspas porque, entre este grupo, há empresas como a estatal Rosneft.)

3) Gazprom teve de rever seus planos: ela congelou o desenvolvimento de novos campos de extração, cancelou a construção de novos gasodutos, e começou a usar a capacidade abaixo pelas novos já construídos. O jornal Vedomosti estima que a Gazprom pode ter gasto 2.400.000 milhões de rublos (40,2 bilhões dólares) em projetos desnecessários. Este não é apenas muito dinheiro- é um sexto de todo o dinheiro do governo federal russo gasto em um ano. Hoje, a Gazprom pode produzir, pelo menos, 30 por cento mais gás do que antes de 2008, mas não está fazendo isso, porque ela não tem para onde enviá-lo.

4) A fim de manter a sua posição, a Gazprom começou a ligar a alguns de seus próprios clientes, ou seja, o Turquemenistão.
Como resultado, as nações da Ásia Central estão mudando gradualmente de parceiros entre concorrentes.

5) Gazprom ainda está convencida que a procura vai se recuperar e os preços vão novamente inflamar mais cedo ou mais tarde, que o mundo não pode viver sem o gás russo.
A "revolução de xisto", assim diz essa teoria, tem todos os sinais de uma bolha.
A empresa, para não mencionar o país, só precisa de resistir à tempestade.


domingo, 12 de julho de 2015

Rússia tenta fugir a isolamento internacional

RÚSSIA
José Milhazes  -  11/7/2015, 9:03

Moscovo tem tido muita precaução face aos seus “irmãos ortodoxos” gregos, pois, além de não ter meios financeiros para os ajudar, receia que a desestabilização do euro se prejudique a economia russa.

Num momento em que as relações entre a Rússia e o chamado Ocidente não tendem a melhorar, bem pelo contrário, o Kremlin procura impulsionar novas plataformas de cooperação para escapar ao isolamento internacional. 
Neste campo, muito irá depender do desenvolvimento dos acontecimentos a nível internacional nos próximos tempos.

O mais importante resultado da cimeira dos BRICS, organização que reúne o Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, foi a decisão de criar um banco conjunto com vista a investimentos no campo da energia e das infraestruturas de transportes. 
Banco semelhante poderá ser criado no quadro da Organização de Cooperação de Xangai (OCX).

Alguns observadores consideram que estes projectos poderão chocar com outros impulsionados pela China e de maiores dimensões: o Banco Asiático de Investimento em Infraestruturas e o Fundo “Rota da Seda”. 
Porém, Vladimir Dmitriev, vice-presidente do novo banco dos BRICS, defende outra opinião: “no quadro da união bancária da OCX, acordámos criar uma estrutura que irá interagir estreitamente com organizações que estão a ser criadas no espaço eurasiático”.

Além dessa possível rivalidade entre Moscovo e Pequim em regiões como a Ásia Central, onde o Kremlin olha com algum receio para o avanço chinês, as trocas comerciais entre a Rússia e a China sofreram uma queda de 30% no primeiro trimestre deste ano. 
E aqui é de salientar que a maioria das exportações russas são combustíveis, enquanto que os chineses exportam maquinaria e produtos de consumo corrente. 
Por isso, tendo em conta o potencial financeiro e económico desses dois países, torna-se claro que o Império do Meio é cada vez mais o motor dos processos de integração naquela região.

Claro que não se podia deixar de abordar o “problema grego”, campo em que os dirigentes dos BRICS sublinharam que o dinheiro do novo banco não servirá para ajudar financeiramente a Grécia. 
Aliás, Moscovo tem tido muita precaução face aos seus “irmãos ortodoxos”, pois, além de não ter meios financeiros para ajudar o governo grego, receia que a desestabilização do euro se reflita negativamente na própria economia russa. 
A União Europeia continua a ser o principal parceiro comercial da Rússia e se as economias dos países membros da UE se afundarem numa crise, isso poderá, por exemplo, levar à redução das importações de combustíveis russos.

O Irão esteve também no centro das atenções dos dirigentes dos BRICS e da OCX e não só porque Teerão tem o estatuto de observador nesta última organização. 
Todos os olhos continuam postos em Viena, onde se espera para breve um acordo sobre o programa nuclear iraniano. 
O único obstáculo é o prazo para o levantamento do embargo à venda de armas ao Irão. Se os iranianos, apoiados pela Rússia e a China, querem o seu fim dentro de seis meses, os países ocidentais propõem períodos entre 2 a 8 anos.

Se o acordo for finalmente assinado em breve, a Rússia espera lucrar com ele. 
Além do reinício do fornecimento de armas ao Irão, Moscovo espera ganhar com o urânio enriquecido iraniano que Teerão irá produzir em excesso que, segundo o acordo a assinar, deverá ser vendido à Rússia.

Porém, a assinatura do documento provoca também alguns receios no Kremlin. 
Se as sanções contra o Irão forem levantadas e as petrolíferas iranianas começarem a exportar combustível em quantidades significativas, isso pode causar a queda do seu preço no mercado internacional, o que será muito negativo para a economia russa, cada vez mais mergulhada na crise.

Não se pode também excluir o facto que o Irão opte por outros parceiros que não a Rússia na aquisição de armamentos.

Outra má notícia para Moscovo foi o anúncio pela gasífera russa Gazprom de que suspende os trabalhos de construção do gasoduto “Corrente Turca”, que devia fornecer gás à Europa através da Turquia e Grécia, ladeando a Ucrânia. 
Ancara pede descontos na compra do gás russo e não olha com bons olhos para a participação da Grécia neste projecto. 
A Gazprom frisou que o projecto foi suspenso, mas não posto na prateleira.

P.S. Segundo peritos abordados pelo jornal Gazeta.ru, a queda do PIB  russo em 2015 poderá situar-se entre os 3 e os 5%. 
No ano corrente, a saída de capitais da Rússia poderá rondar os 100 mil milhões de dólares (dados do Banco Central). 
Boa notícia para o Kremlin, a Arábia Saudita decidiu investir mil milhões de dólares em vários projectos na Rússia.

terça-feira, 7 de julho de 2015

Bolsa na China perdeu o equivalente a 12 PIB gregos. Como se trava a bolha?

Maria Teixeira Alves
07/07/2015 - 14:30 

Analistas lembram que a China está a aplicar medidas semelhantes às que os EUA introduziram no crash de 1929. Corretoras forçadas a investir 17 mil milhões de euros para aguentar o mercado.
A China sofreu uma queda de 30% em bolsa desde o pico em 12 de Junho, após um período de crescimento recorde de oito meses. 
As piores três semanas desde 1992 varreram 3 biliões de dólares da bolsa de Xangai - contas da Bloomberg. 
É como se a economia grega não produzisse nada durante 12 anos consecutivos.

O que se passa com a China, que os analistas dizem estar a aplicar medidas semelhantes à que os EUA introduziram no crash de 1929 - também este provocado por uma queda desenfreada da bolsa?

A queda a pique, que está acabar com as fortunas no mercado de acções numa escala sem precedentes, é vista como a explosão de uma bolha especulativa. 
E nem as medidas tomadas pelo Governo, o Bank of China e o regulador da bolsa para evitar uma crise financeira impediram o mercado de voltar a cair esta terça-feira quase 2% depois de estar a afundar mais de 5% ao longo da sessão.

Um grupo de 21 corretoras chinesas comprometeu-se a constituir um fundo de acções de grande capitalização de 17,45 mil milhões de euros (19,3 mil milhões de dólares) para estabilizar o mercado. 
Apenas a mais recente de uma enxurrada de medidas que incluíram a suspensão de ofertas públicas iniciais, desencorajamento das vendas a descoberto (proibição do short-selling) e a flexibilização e injecção de fundos nas margin calls (a margem de segurança numa conta de títulos alavancada com empréstimos da corretora).

Empresas como a Haitong Securities (em processo de compra do BESI), serão chamadas a investir capital para estabilizar o mercado de capitais.

Contudo, com um volume diário próximo dos 293 mil milhões de euros, o fundo de apoio pode ser muito pequeno para ter um impacto significativo a longo prazo ou para aumentar a confiança nas acções de pequena capitalização, que foram algumas das maiores perdedoras durante a derrocada de títulos.

Os agentes do mercado acreditam que esse fundo contribui pouco para aumentar a confiança nas acções de pequena capitalização. 
"O estoiro da bolha em acções small-cap / tecnológicas é provável que continue", diz um analista.

Para tentar travar a queda dos mercados, e para além das medidas já descritas, foram ainda adoptadas outras iniciativas tais como pôr corretoras e fundos mutualistas e de pensões a comprar acções, ou pôr o Banco da China a injectar liquidez do mercado.

O que é que salva a economia da China do contágio da crise financeira?

Uma delas é que a economia da China continua a ser relativamente competitiva e tem superávits governamentais, na contabilidade corrente, em vez de déficits. 
Outra é que a China tem um elevado "grau de flexibilidade monetária e fiscal", isso significa que à China ainda lhe resta muito poder de fogo para lubrificar seus mercados financeiros e sua economia em geral. 
Mas, no longo prazo, a China - assim como a Grécia e Porto Rico - terá que pensar em reformas estruturais.

Em primeiro lugar, os economistas citados pela imprensa norte-americana argumentam há algum tempo que há um crescente excesso de capacidade em todas as faces da indústria e da economia chinesa, o que pede uma rápida redução das taxas de juros. 
Actualmente, a China é a única grande economia que opera com taxas de juros reais significativamente altas. 
Depois o banco central [Banco Popular da China] tem de aceitar que a desalavancagem já não é possível de forma natural e deve embarcar numa operação agressiva de quantitative easing (incluindo a aquisição de instrumentos do sector privado). 
A desalavancagem requer um custo inicial significativo que a maioria das sociedades não estão dispostos a suportar. 
Embora mover a política monetária em ponto morto, permitindo o ajuste natural do ciclo económico seja a melhor estratégia, na realidade, qualquer reforma estrutural e de desalavancagem exige lubrificantes de política monetária e fiscais significativos para assegurar a aceitação social dos impactos dessa desalavancagem. 
No entanto, a experiência tem dito que os lubrificantes monetários, em vez de acelerar as mudanças estruturais, tendem a atrasá-los. 
A questão para a China, portanto, não é se o BoC vai estimular (isso é um dado, e é apenas uma questão de tamanho), mas se conseguirá prosseguir simultaneamente com reformas económicas estruturais.

No fim de semana, o China Securities Regulatory Commission disse que o banco central do país iria procurar manter a estabilidade do mercado.
Enquanto isso, as maiores empresas de corretagem da China disseram que iam manter as compras de acções até o Shanghai Composite atingir os 4.500 pontos. 
Na última sessão fechou nos 3.727,12 pontos.