PÚBLICO
12 de Dezembro de 2013, 22:39 actualizado a 13 de Dezembro de 2013, 8:25
Kim Jong-un, foi executado na sequência de acusações de traição.
Tinha sido recentemente afastado do poder e expulso do Partido Comunista.
De acordo com relatos da agência noticiosa estatal, a KCNA, citados pela BBC, Jang Song Thaek foi executado imediatamente depois de um julgamento por um tribunal militar, que o declarou culpado de acções contra o Estado, de corrupção e de comportamentos “depravados”, incluindo o consumo de drogas.
A queda súbita de Jang Song Thaek, que actuou como mentor de Kim Jong-un após este ter chegado ao poder, foi alvo de uma mediatização rara na Coreia do Norte, um país conhecido por um controlo apertado da informação.
O assunto foi coberto pelos media nacionais e foram postas a circular imagens, retiradas de uma transmissão televisiva, de Jang Song Thaek a ser expulso de uma reunião do politburo do Partido Comunista.
Num comunicado também inédito do partido após a execução e citado pelas agências internacionais, Jang Song Thaek é classificado com várias expressões como, “escumalha humana desprezível”, “pior do que um cão”, “um traidor à nação”, “carreirista e malandro político”.
Na nota, o partido reforça que o ex-membro não cumpriu a “obrigação elementar” de devolver a confiança e lealdade que nele foi depositada, ainda mais depois do “amor paternal mostrado pelo partido e pelo líder”, considerando que conspirou contra o poder de Kim Jong-un mesmo depois de este lhe ter confiado lugares de destaque e de lhe ter dado uma segunda oportunidade.
Aliás, foi o próprio presidente da Coreia do Norte a afastar o seu tio do topo do Governo do país e a decidir expulsá-lo do Partido Comunista, segundo a agência estatal KCNA.
A notícia tinha sido dias antes avançada de forma informal por por um deputado da vizinha Coreia da Sul, Jung Cheong-rae, que teve acesso a informação recolhida pelos serviços secretos nacionais.
Quando a situação foi confirmada pela KCNA, foi também dito que Jang Song Thaek ousou “sonhar sonhos diferentes” e que foi “afectado pelo modo de vida capitalista, cometendo irregularidades e corrupção, levando uma vida devassa e depravada”.
Jang Song Thaek era casado com uma das filhas do fundador do regime norte-coreano, Kim Il-sung, e foi um dos principais responsáveis pela preparação de Kim Jong-un para a sucessão.
Segundo alguns observadores, Jang era um dos principais dinamizadores de reformas económicas ao estilo da China.
Em 2004, as suas posições levaram ao seu afastamento provisório do Governo, num episódio descrito pelas agências como uma “luta pelo poder” e um “choque de personalidades”.
No entanto, depois de dois anos de “castigo”, Kim Jong-il voltou a chamá-lo para o topo da hierarquia do regime.
A expulsão de Jang “é a desgraça mais proeminente de um responsável na História da Coreia do Norte”, observou também na altura Andrei Lankov, professor da Universidade de Kookmin, citado pelo Guardian.
“As purgas no passado raramente tocavam nos membros da família.
O único precedente de que me recordo foi em meados dos anos 1970, quando o irmão de Kim Il-sung foi afastado”, relembra Lankov.
O desfecho radical foi, por isso, de alguma forma inesperado, já que no início de Dezembro, aquando do anúncio da situação, Daniel Pinkston, vice-director para o Nordeste Asiático do International Crisis Group, previa que “por causa dos seus laços matrimoniais” Jang Song Thaek fosse colocado em prisão domiciliária.
Menos de dois anos depois de ter chegado ao poder, esta não é a primeira personalidade influente do país afastada por Kim Jong-un.
No ano passado, Rim Yong Ho, também considerado mentor do actual líder, foi removido de uma alta posição militar devido a questões de saúde.
A estratégia do novo líder parece passar por uma substituição gradual da elite dirigente anterior por uma geração mais nova e, à partida, mais leal ao Presidente.
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