Pontos Chave
- Elisa Ferreira defende um maior aprofundamento da união bancária para proteger os contribuintes dos eventuais problemas futuros nos bancos.
- A eurodeputada é muito crítica do trabalho da troika e da visão da maioria: a de que o equilíbrio orçamental trará automaticamente crescimento económico.
- Confiante num bom resultado nas europeias, acredita que o PS terá dez mandatos. E critica a metodologia usada pelos partidos para formar listas para estas eleições
Elisa Ferreira é critica da actuação da
troika.
Sobre a economia portuguesa, defende que tem
de se virar para fora.
Desde que a troika entrou, nós perdemos 6% do PIB.
Estamos a fazer o caminho outra vez.
Se for ver o que é que se perdeu e o que é que se ganhou
com este exercício, perdeu-se muito a muitos níveis.
Em Portugal começam a aparecer sinais de
recuperação económica. Não resultam também da austeridade imposta?
Desde que a troika entrou, nós perdemos 6% do PIB.
Estamos a fazer o caminho outra vez.
Se for
ver o que é que se perdeu e o que é que se ganhou com este exercício, perdeu-se muito a muitos níveis.
Perdeu-se riqueza colectiva, um esforço meritório que
estávamos a fazer na formação das pessoas, na preparação da mão-de-obra, na ciência, na tecnologia, na inovação.
De
repente, tudo ficou em causa.
Perdeu-se a confiança das pessoas no Estado com o ataque brutal às
pensões.
Os pensionistas e os funcionários públicos levaram uma pancada brutal.
O desemprego de longa duração é dramático porque não é fácil de recuperar.
Quando
a economia recupera, há um lastro que fica, há um desemprego que era
conjuntural e que passou a estrutural.
Há a emigração dos melhores.
Os últimos números do Banco de Portugal
mostram que o crescimento ainda é fraco mas o modelo de crescimento é mais saudável,
nomeadamente com um excedente externo. Não acha que o perfil de crescimento tem
de ser mais equilibrado do que foi no passado?
Todos os países do Sul da Europa ao funcionarem na moeda
única, com a globalização, com os desequilíbrios dentro da União Europeia entre
o Norte e Leste da Europa e o Sul, os problemas agravaram-se brutalmente.
A
crise não surgiu antes porque a economia foi alimentada através de crédito que
foi disfarçando perdas progressivas de competitividade.
E, durante todo o
funcionamento da moeda única, as economias do Sul da Europa foram-se virando
para dentro.
Nós costumávamos falar de Portugal como se fosse uma pequena
economia aberta, mas nós passamos a ser uma pequena economia fechada.
Isso foi um erro?
Foi um erro que resultou do próprio funcionamento da
moeda única, relativamente ao qual todos cometemos erros a nível europeu.
Não
fomos vendo os indicadores que iam mostrando que isto não era sustentável.
Não podemos continuar a funcionar numa economia virada para dentro, fragilizada.
Temos de refazer a nossa agenda de
relacionamento com a Europa, temos de estar atentos às políticas europeias e
defender aquilo que nos interessa em cada instante.
Depois, temos de nos virar
para outros mercados e refazer os nossos laços históricos e comerciais.
B.P.
e R.L.
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