Pós-troika Para a eurodeputada, as instituições europeias estão
interessadas que Portugal tenha uma saída limpa. Mas mais importante, é ter uma
garantia de intervenção do BCE, caso seja necessária.
Bruno
Proença e Rosário Lira
Vamos ler capacidade para sozinhos avançar para o
pós-troika ou devemos ter um programa cautelar que assegure os próximos meses?
Já fiz o exercício de ver como é que variaram as taxas de
juro da dívida pública, as medidas da austeridade e as revisões da troika.
Uma coisa não tem relação com as outras.
Basicamente aquilo que conteve os ataques especulativos
à dívida soberana dos países do Sul da Europa foi a declaração de Mario Draghi, quando disse no Verão de 2012 que
interviria nos mercados.
Neste momento começa-se a perceber que a União Europeia
não vai permitir os jogos especulativos dos mercados. Houve muita aprendizagem
a nível europeu com as troikas.
Com as taxas de juro abaixo do limite dos 4%, não vamos
ser empurrados para uma saída limpa?
Sobre essa questão da saída limpa ou não limpa, duvido
que alguém saiba exactamente do que estamos a falar.
Neste momento, a lógica europeia é não queremos mais
problemas.
Portanto, o que puder ser saída limpa, será saída limpa.
Tudo depende de que forma é que Draghi terá condições
para utilizar o OMT.
Portanto, as intervenções no mercado caso haja qualquer
choque externo que possa perturbar a estabilidade e a tendência descendente das
taxas da dívida soberana.
Seria uma saída limpa, mas com a possibilidade de uma
ajuda caso fosse necessária?
À partida temos de ter a garantia da intervenção do Banco
Central Europeu no mercado caso seja necessário.
Mario Draghi está condicionado politicamente por
todas as situações.
Entretanto, a saída que está prevista no ‘two-pack’, na
revisão do pacto de estabilidade e crescimento, obriga a um acompanhamento
muito forte.
Não será a troika mas haverá um método comunitário ou
intergovemamental a fazer o acompanhamento, até que 75% daquilo que foi pedido
seja pago.
São tudo enquadramentos para ajudar os países a saírem
desta situação dramática.
Vamos ter uma saída limpa, mas com um cautelar imposto
pelas novas condições do ‘two-pack’?
É um acompanhamento próximo por muitos anos.
Tudo isto também se enquadrada num acompanhamento muito
mais apertado de como é que está a funcionar a ZonaEuro.
Temos ouvido António José Seguro dizer que uma saída
limpa é com os juros idênticos aos da Irlanda. Ainda estamos longe disso...
A Irlanda tem a vantagem de ter ‘ratings’
de dívida pública mais elevados do que os nossos.
A dívida portuguesa não tem esse ‘rating’ e isso pode ser um elemento de fragilidade
inclusivamente quando os bancos portugueses tiverem de operacionalizar esses
créditos - dívida pública nacional - que são importantes para eles.
Neste momento, esses títulos - saída limpa, saída suja,
cautelar ou não cautelar - precisam de ser bem definidos para podermos
conversar.
Tenho perguntado muitas vezes a Mario
Draghi em que termos é que ele pode fazer
intervenções no mercado para salvaguardar eventuais especulações sobre a
dívida portuguesa, e ele dá-me a ideia de que não tem uma receita porque é o
país mais arriscado, depois da Irlanda, que vai para o mercado.
O caminho faz-se caminhando. Mas há negociações em Bruxelas entre o
Governo português e as autoridades comunitárias?
Uma parte das negociações tem de ter alguma reserva.
Mas é preciso também um equilíbrio adequado entre essa
reserva e a transparência, porque é o futuro de todos nós que está a ser
jogado.
Às vezes sentimos que muitas coisas aparecem na receita
da troika como se fossem a única hipótese possível.
Se não tivesse sido o trabalho do Parlamento Europeu
nesta legislação bancária, teríamos uma vez mais a Alemanha e os poderes
fácticos dentro do conselho quase a definirem se um banco era resolvido ou ia
para a falência.
Rui Moreira
É
bom que esteja no Porto, enobrece a cidade, é uma pessoa que eu já conheço há
muitos anos, com mundo, não põe a cultura como fonte de despesa e espero que
ele consiga viver no mundo da política e atingir os objectivos pelos quais a
cidade o elegeu.
Família
É
o principal na vida de uma pessoa, tudo o resto é secundário.
Quando
há problemas de família, passam à frente de tudo.
Angela
Merkel
Conheci-a,
partilhamos muitas vezes o Conselho de Ministros porque ela era ministra do
Ambiente quando eu também era.
É
austera, honesta, com pouca flexibilidade e defende os interesses do seu país.
A
Europa é que tem de se salvaguardar porque nem tudo o que interessa à Alemanha
interessa ao resto da Europa.
Assembleia
da República
É
a sede da soberania, estive lá e é preciso respeitá-la, é também necessário que
funcione de maneira a que os cidadãos reconheçam na AR a sua defesa.
Porto
É
a minha cidade.
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