PEDRO FERREIRA ESTEVES 14 de Julho de 2017, 20:47
A Altice comprou a quase totalidade da Media Capital por 440 milhões de euros.
E já definiu a estratégia para o grupo, com aposta no digital. Mas até fechar o negócio enfrenta alguns obstáculos.
O que compra a Altice?
A Altice chegou a acordo com o grupo espanhol Prisa para comprar o grupo Media Capital por 440 milhões de euros.
Para já, compra 94,7% do capital na posse da Prisa e, entretanto, a Meo já lançou uma oferta pública de aquisição (OPA) sobre os restantes 5,3% que estão dispersos na Bolsa de Lisboa.
A dona da PT Portugal compra a TVI, líder de audiências no prime-time e que detém vários canais por cabo, as rádios da Media Capital, entre as quais a líder Rádio Comercial, e a Media Capital Digital, que detém o portal IOL e a plataforma TVI Player.
A operação inclui ainda a Plural Entertainment, a líder da produção audiovisual em Portugal.
Porque é que a Altice quer a Media Capital?
O grupo que detém a PT Portugal tem uma estratégia de convergência: integrar telecomunicações com media, com forte apoio tecnológico e aposta no digital.
Em França e nos Estados Unidos, principais mercados onde tem presença, controla canais de televisão, imprensa, direitos televisivos de futebol e de entretenimento.
O que lhe permite reforçar a oferta de telecomunicações com conteúdos próprios, em muitos casos exclusivos.
No caso da Media Capital, já prometeu que vai manter aberto o acesso dos concorrentes aos conteúdos.
Por outro lado, a Altice diz que pretende investir no crescimento da oferta da Media Capital, admitindo o lançamento de novos canais, aposta em novos produtos digitais e na exportação de conteúdos e produção da TVI e Plural para os outros mercados onde está presente, Estados Unidos e França.
Porque quer a Prisa vender a Media Capital?
A Prisa enfrenta pressões de accionistas para melhorar as contas, nomeadamente no que diz respeito à sua dívida líquida, que está perto dos 1500 milhões de euros.
Daí que tenha iniciado há algum tempo um programa de venda de activos, entre os quais estão a Media Capital e a editora Santillana
O preço oferecido pela Altice compara com os 190 milhões de euros que a Prisa pagou em 2005 por 33% do capital da Media Capital.
E pressupõe perdas contabilísticas de 81 milhões nas contas da Prisa.
No primeiro trimestre, a Prisa teve um lucro líquido de 22 milhões de euros, um crescimento de 70%.
Como estão as contas da Media Capital?
A crise da publicidade em Portugal forçou um corte de custos na Media Capital que se traduziu, em 2016, por uma facturação de 174 milhões de euros, ainda assim com um lucro de 19 milhões de euros.
No arranque do ano, assistiu-se a uma degradação de todos os indicadores da empresa, com quedas tanto nas receitas de publicidade, como nos resultados operacionais e em todos os segmentos, desde a rádio, à televisão, passando pela produção.
Ainda assim, os resultados líquidos melhoraram ligeiramente, graças sobretudo a razões contabilísticas e fiscais.
Que obstáculos enfrenta a operação?
A operação terá de receber a aprovação das autoridades de Concorrência, nacionais e eventualmente europeias, para além do regulador português dos media, a ERC, que terão de analisar se a concentração dos conteúdos da Media Capital na oferta de telecomunicações da Meo não coloca problemas de concorrência, em termos de acesso e preço.
Por outro lado, a PT Portugal controla infra-estrutura partilhada – e paga – pelos concorrentes na distribuição dos seus serviços de televisão e rádio ou digital, o que também poderá estar na mira das autoridades.
Por outro lado, a proposta da Altice tem de ser aprovada em Espanha, primeiro pelos bancos credores da Prisa e, depois, pelos accionistas do grupo espanhol.
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