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sexta-feira, 18 de julho de 2014

A “desamericanização” da economia mundial

Oleg Obukhov 
3 Julho, 12:05
O mundo multipolar tenta “desamericanizar” a economia mundial e livrar-se do sistema de Bretton Woods. Apelos nesse sentido fazem-se ouvir já há várias décadas. Porém, a via para a substituição da moeda líder mostrou não ser fácil.

Mas a crise financeira acelerou a realização da ideia sobre mudanças no mundo financeiro. Os mercados em desenvolvimento entraram em cena.

Os peritos são da opinião de que o sistema de Bretton Woods, criado em 1944, está claramente caduco. Determinando as relações monetárias interestatais no século passado, ele, no atual, não tem em conta as realidades atuais: a multipolaridade do mundo. Por conseguinte, o dólar, no futuro, deverá passar ao passado. Não obstante, o analítico Evgueni Retyunsky considera não existir grande necessidade de passagem para novas moedas:

"Por enquanto, a necessidade de novas moedas surge mais a nível político, para se proteger de possíveis problemas com o dólar no futuro. E também para reduzir o monopólio do dólar enquanto moeda mundial. Mas, por enquanto, não há profundas causas económicas para isso. A não ser, talvez, o reforço de novas economias, tais como a China, países da América do Sul, Rússia e índia”.

Presentemente, pode-se apenas afirmar que logo que a parte do dólar dos EUA no comércio e produção mundiais se reduza, sem dúvida que o papel do dólar irá diminuir.

Segundo os peritos, as mudanças no sistema mundial financeiro começarão dentro de pelo menos 50 anos, afirma o economista Alexander Abramov. Provavelmente será um programa a longo prazo de substituição de moeda, tal como aconteceu com o euro.

“À medida que avançar a integração da economia, que aumentar a confiança, os países tentaram utilizar de alguma forma uma moeda universal para pagar mercadorias e serviços. Por enquanto é difícil imaginar semelhante cenário. O aparecimento do euro, por exemplo, necessitou de cerca de 30 anos. E, hoje, vemos, que ele falha frequentemente”.

Entretanto, hoje há países que já utilizam, nas contas com outros, as suas moedas, mas para isso deve existir confiança. Por exemplo, a construção da ponte através do estreito de Kerch na Crimeia, que será financiada tanto em rublos, como em yuans. Semelhante coisa entre a Rússia e a China é possível, porque entre estes países há uma troca de mercadorias a longo prazo e volumosa. E, à medida do crescimento de novos centros económicos, tais como os países BRICS, coloca-se a questão de se o dólar é o “Deus monetário” a quem se adorar.

Nestas circunstâncias, assinalam os economistas, o rublo russo também tem perspectivas. Ele poderia tornar-se uma das moedas para contas entre Estados, considera Alexander Abramov:

"A vantagem do rublo consiste em que se trata de uma moeda mais ou menos estável, que tem uma macroeconomia estável. A Rússia realiza numerosos grandes projetos internacionais. Nos últimos tempos, aumentou a agressividade do governo russo, das autoridades monetárias no avanço do rublo. E, em toda uma série de projetos bilaterais, as perspectivas de utilização do rublo são evidentes, nomeadamente com a China, Cazaquistão e Bielorrússia".


Voltando aos prognósticos sobre a falência do dólar enquanto moeda de reserva única, os peritos apresentam o exemplo do Banco Mundial que, no ano passado, lançou as suas primeiras obrigações em yuans chineses em Hong Kong. Os seus compradores foram organizações financeiras, empresas e privados que se baseiam em Hong Kong. Não obstante a emissão ter sido apenas de 500 milhões de yuans (76 milhões de dólares), isso é mais uma prova de que a economia mundial se encontra à procura de moedas alternativas, capazes de substituir o dólar americano enfermo.

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