Tatiana Golovanova
1 Julho, 14:50
Após a Segunda Guerra Mundial, os
Estados Unidos propuseram utilizar o dólar como divisa mundial. Naquela altura,
muitas pessoas consideravam que o dólar fosse a única alternativa ao ouro,
embora essa moeda não fosse assegurada por este metal precioso.
Por outro lado, a
utilização do dólar significava apoio político a Washington. Passadas décadas,
a Europa formou a sua própria união e o dólar obteve uma alternativa em forma
do euro. Mas esta moeda também demostrou seus lados fracos.
Há muito que países
europeus tentavam criar algo que pudesse substituir o dólar em transações. A
primeira andorinha foi o ECU (European Currency Unit - Unidade de Conta
Europeia). Mas a divisa não apoiada econômica, geográfica e politicamente não
conseguiu ganhar grande envergadura. Ao mesmo tempo, no pano de fundo da
unificação da Europa, o surgimento do euro em vez de moedas nacionais, parecia
um passo lógico. A União Europeia constituiu também o Banco Central Europeu,
estrutura semelhante à Reserva Federal dos EUA, que passou a controlar a vida
do euro.
As primeiras moedas
da alternativa europeia apareceram em 2002.
Atualmente, 18 países da Europa
entram na zona do euro. Em novembro de 2013, circulava 951 bilhão de euros em
dinheiro de contado, fazendo com que esta moeda tivesse o maior valor sumário
de dinheiro de contado na circulação, superando por este indicador até o dólar
americano. Andrei Gritsenko, economista profissional, aponta prós e contras da
divisa única:
“A própria divisa
permite em primeiro lugar simplificar e regularizar as relações comerciais
dentro da Europa. Segundo, vários problemas, carateristicos para todos os
países da União Europeia, são nivelados pela moeda forte comum”.
Contudo
o principal problema do euro reside neste último aspecto. Todos os defeitos do
sistema financeiro europeu e da divisa europeia única se revelaram na fase grave da crise. Quando
países meridionais da União Europeia ficaram à beira da falência, foi preciso salvá-los envidando também
esforços conjuntos. A Alemanha teve de pagar mais que restantes países, como a
economia mais forte da Europa. O país foi obrigado a conceder bilhões de euros
e a perdoar uma parte de dívidas de vários Estados, inclusive de Portugal,
Grécia, Espanha e Chipre.
A passagem para o
euro dividiu a zona do euro em dois campos. Os países ricos tornaram-se ainda mais ricos e os
pobres - ainda mais pobres. Comenta o analista Roman Tkachuk:
“Por que razão
aconteceu assim? Por exemplo, um país passa da sua moeda para o euro, o que
automaticamente encarece a sua produção interior, ou seja os pagamentos aos
trabalhadores, os salários e o preço de custo estão crescendo, a rentabilidade
caí e o país torna-se ainda mais pobre. Na
Alemanha, locomotiva da economia europeia, tudo acontece ao contrário - a
divisa comum permite atrair trabalhadores estrangeiros, tornar mais barata a
produção, reforçando em resultado a economia alemã”.
Será que o euro
conseguiu substituir o dólar em 12 anos da existência? A moeda, sem dúvida, simplificou
a vida de europeus comuns que trabalham num país da zona do euro e vivem num
outro. Mas a maioria das operações financeiras internacionais da zona do euro
continua a ser efetuada em dólares. Contudo, é indiscutível o fato de o euro ter
afastado o seu concorrente da posição liderante, bastando para isso ver a
tabela de cotação das divisas, diz Roman Tkachuk:
“É difícil comparar
duas divisas. Repare-se contudo que quando
surgiu o euro, existiu uma paridade: a cotação do euro foi igual à do dólar. A
seguir, a cotação do euro cresceu, chegando até a 1,5 dólares. Por que razão se
formou tal cotação? Porque os participantes do mercado e investidores avaliam exatamente assim a economia da
União Europeia em relação à economia dos Estados Unidos. Consideramos que esta
é uma avaliação objetiva, porque o mercado considera todos os novos pormenores”.
A partir do próximo
ano, a zona do euro terá um novo membro - a Lituânia. Apesar de os lituanos
desaprovarem tal passo, as autoridades do país preparam a passagem para o euro
e as lojas - novas listas de preços.
Sem comentários:
Enviar um comentário