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quinta-feira, 22 de maio de 2014

Milionário Akhmetov acusa separatistas de “aterrorizar” o Leste da Ucrânia

Um membro das milícias separatistas pró-russa em patrulha numa rua de Kramatorsk
ALEXANDRE MARTINS 21/05/2014 - 13:35 

Numa nova declaração pública, o homem mais rico da Ucrânia chama "impostores" aos líderes da autoproclamada República Popular de Donetsk e diz acreditar que eles serão "corridos muito em breve".

O homem mais rico da Ucrânia, Rinat Akhmetov, lançou nesta quarta-feira um novo ataque contra os separatistas pró-russos que lideram a autoproclamada República Popular de Donetsk, no Leste do país, acusando-os de serem uns "impostores" que estão a "aterrorizar" toda a região.

"Quem são eles? O que são estas pessoas? De onde é que estes 'génios' saíram? Onde estavam eles ontem?, questionou o oligarca numa nova comunicação através do seu canal de televisão, a Ucrânia TV.

"É minha convicção que a República Popular de Donetsk está a enganar o povo do Donbass", disse Akhmetov, referindo-se à região que integra as províncias de Donetsk e Lugansk, e onde as milícias separatistas pró-russas ocupam vários edifícios administrativos e governamentais desde o início de Abril.

Depois de ter mobilizado os trabalhadores das suas fábricas para patrulharem e limparem as ruas da cidade de Mariupol, na semana passada, o oligarca apelou a todos os seus cerca de 300.000 assalariados - mas também à generalidade dos habitantes do Leste do país - que se manifestem contra a violência, em especial contra "a auto-intitulada República Popular de Donetsk".

"Em primeiro lugar, quero expressar a minha mais profunda gratidão a todas as pessoas que participaram na acção Voz do Donbass", disse Rinat Akhmetov nesta quarta-feira, numa referência aos protestos de terça-feira, cuja expressão tem sido ridicularizada na conta oficial do Twitter da República Popular de Donetsk - um vídeo partilhado na terça-feira mostra o estádio do clube de futebol Shaktar Donetsk, presidido por Akhmetov, com poucas pessoas nas bancadas para ouvirem as palavras do oligarca.

Mas nas redes sociais foram também partilhados vídeos de automobilistas a buzinarem nas ruas de Donetsk, em resposta ao apelo do multimilionário.

"Sei que muitos mais queriam participar, mas foram intimidados com pistolas e metralhadoras. Foram destruídos carros... Em resumo, eles agiram como selvagens. Mas estou profundamente convencido de que não é possível alimentar as pessoas com armas, nem é possível construir uma economia forte sem bons postos de trabalho e salários”, afirmou nesta quarta-feira Rinat Akhmetov.

Não são ainda claros todos os motivos que levaram o oligarca a interferir directamente na crise, mas não há dúvidas de que a falta de reconhecimento internacional da República Popular de Donetsk iria deixar o seu império em risco - a questão não é tanto se Akhmetov apoia incondicionalmente as autoridades de Kiev, mas os danos que os seus negócios sofreriam se o resto do mundo deixasse de importar os seus produtos devido à previsível aprovação de sanções internacionais.

Também por isso, o oligarca aposta no reforço da sua imagem junto da população, e já não cala as críticas violentas aos separatistas pró-russos.

"Eu tenho servido e vou continuar a servir o povo do Donbass. O povo do Donbass está no meu coração para sempre! Mas essa cambada de impostores que está a aterrorizar o Donbass... Estou convicto de que serão corridos daqui para fora muito em breve", afirmou.

Esta é a terceira declaração pública do oligarca ucraniano na última semana, num sinal de envolvimento directo na crise do país que tentara evitar desde as primeiras manifestações contra o Presidente Viktor Ianukovich, em Novembro do ano passado.


Com o desenrolar da situação no terreno, Akhmetov tem-se chegado cada vez mais às posições dos manifestantes que ajudaram a derrubar o antigo chefe de Estado através de violentas manifestações na Praça da Independência, em Kiev, apesar de continuar a ser malvisto entre o chamado movimento Euromaidan por ter sido apoiante e financiador do Partido das Regiões de Viktor Ianukovich, e por não ter assumido uma posição clara desde os primeiros momentos da mais recente revolução na Ucrânia.

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