Moscovo diz que o acordo de
Genebra não está a ser cumprido
ALEXANDRE MARTINS
20/05/2014 - 17:15
Moscovo volta a exigir o fim das operações do
Governo interino de Kiev contra as milícias separatistas
no Leste da Ucrânia.
A Rússia voltou a dar
sinais de que poderá vir a rejeitar os resultados das eleições presidenciais na
Ucrânia, marcadas para o próximo domingo, 25 de Maio. No final de uma reunião
com o embaixador do Reino Unido na Rússia, Tim Barrow, o vice-ministro dos
Negócios Estrangeiros russo, Grigori Karasin, afirmou que a realização de
eleições "sem o fim imediato das hostilidades” servirá apenas para “agravar
as diferenças no país”.
O responsável repetiu
os argumentos apresentados por Moscovo desde o início da tomada de edifícios
administrativos e governamentais em várias cidades do Leste da Ucrânia por
separatistas pró-russos, em Abril, denunciando o que considera ser o falhanço
no cumprimento do acordo alcançado em
Genebra, também no mês
passado.
O vice-ministro dos
Negócios Estrangeiros da Rússia salientou a importância do plano elaborado pela
Organização para a Segurança e Cooperação na Europa para pôr fim às
hostilidades e da necessidade de o Governo interino de Kiev promover reformas
constitucionais.
No acordo celebrado
em meados de Abril entre o Governo de Kiev, os Estados Unidos, a União Europeia
e a Rússia, foi decidido que "todas as partes devem pôr fim a qualquer
tipo de violência, intimidação ou acções provocatórias" - neste sentido,
Moscovo considera que as autoridades de Kiev devem também travar a sua operação
no Leste da Ucrânia contra as milícias separatistas pró-russas antes das
eleições presidenciais.
O texto do acordo refere
ainda que "o anunciado processo constitucional será inclusivo,
transparente e responsável. Incluirá o estabelecimento de um diálogo nacional
abrangente, alcançando todas as regiões e círculos políticos da Ucrânia, e
permitirá o envio de comentários públicos e propostas de emendas".
"Sem que estes
acordos sejam postos em prática, e o sem o fim imediato das hostilidades pelas
unidades do exército [ucraniano] no Sudeste, as eleições de 25 de Maio apenas
vão agravar as diferenças no país", declarou nesta terça-feira Grigori
Karasin, citado pela agência Reuters.
No dia 7 de Maio, o
Presidente russo Vladimir Putin, apelou ao adiamento do referendo nas
regiões de Donetsk e Lugansk – que viria a ser realizado sem nenhum reconhecimento
oficial - e disse que as eleições presidenciais de 25 de Maio poderiam ser
"um passo na direcção certa".
Mas Putin insistiu
também na necessidade de as tropas de Kiev deixarem de lançar operações no
Leste da Ucrânia, o que as autoridades de Kiev têm negado, com o argumento de
que estão a combater "terroristas".
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