EDITORIAL
DIRECÇÃO EDITORIAL 12/05/2014 - 00:13
Hoje vão ser conhecidos os resultados do referendo em
Donetsk e Lugansk
Os ucranianos em
cerca de uma dúzia de cidades nas regiões de Donetsk e Lugansk foram ontem
chamados a votar e a decidir sobre o futuro destas duas regiões que fazem
fronteira com a Rússia e onde se concentra grande parte da capacidade
industrial da Ucrânia.
A União Europeia, os EUA e, naturalmente, o Governo
provisório da Ucrânia já disseram que não iriam reconhecer a legitimidade do
referendo. Aliás, chamar referendo ao que se passou ontem pode ser algo
exagerado. OThe Washington Post dava conta ontem de uma gravação
em que um líder separatista ucraniano se queixava a um responsável político
russo sobre as dificuldades que estaria a ter para organizar a logística do
referendo E foi-lhe aconselhado a
declarar simplesmente que 99% das pessoas votaram no “sim”, “ou, melhor,
digamos 89%”.
Os pró-russos dizem
que a gravação não é autêntica. Mesmo que assim seja, estamos a falar de um
referendo sem observadores, com cadernos eleitorais desactualizados (basta um
passaporte para votar), com boletins facilmente falsificáveis, e votos que
serão contados apenas pelos activistas que apoiam o “sim”. E havia relatos de
camiões a transportar urnas já cheias de boletins, ainda antes do início da
votação.
Naturalmente serão
apenas os pró-russos a reconhecer a legitimidade do referendo. Mas as
consequências do referendo, mesmo que seja a fingir, serão bastante sérias. Os
mais radicais sentir-se-ão mais legitimados.
E já não chega
procurar o pecado original que, nas palavras de Gerhard
Schroder, foi ter-se imposto aos
ucranianos a obrigação de escolher entre a Rússia e a União Europeia, passando
por cima de questões culturais e étnicas que agora estão a vir ao de cima.
Agora trata-se de tentar estancar
aquilo que parece ser cada vez mais uma inevitabilidade: a guerra civil.
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