O Economistan Português
Um blog de Economia Política e de Política económica
Agosto 4, 2014
O telefone acima
indica-lhe por uma módica quantia se o seu crédito é bom
O
BES voltou a ser nacionalizado: o Banco de Portugal e
o Estado, ambos independentes um do outro, coincidiram por acaso num empréstimo
público para mascarar a inexistência financeira do «fundo de regularização», o
putativo comprador do BES, um fundo supostamente pertencente aos bancos agindo em Portugal. O Ministério das Finanças julga
que assim «salvaguarda o erário público», pois julga que o dito empréstimo será
pago pela venda do Novo Banco e «pelo sistema bancário». Ora a venda do novo
banco só pagará se gerar receitas superiores ao empréstimo em causa e o apoio
generoso da banca ou significa mais taxas obrigatórias - o que supõe que
Fernando Ulrich, Nuno Amado, e outros estarão dispostos a ajudarem o Estado a
saldar os erros do BES ou que eles e outros se unirão para eliminar o banco a mais. Enfim.
O
Economista Português não
se considera autorizado a acreditar que o Ministério das Finanças já tem comprador, a preço conveniente, pois isso
significaria acreditar que o autor da promessa violara as normas éticas da
intervenção do Estado na economia - e consequentemente tem a promessa por uma esplêndida declaração de intenções, próprio deste
período de caça aos gambuzinos.
Acresce que ainda
ninguém explicou quais são os créditos maus do BES antigo - e está por esclarecer se alguém os pagará ou se os
pagaremos nós todos em mais desemprego e mais decréscimo do PIB. Se formos nós a pagar, não pagaremos em impostos mas em
desemprego, falências, mais emigração, etc.
Os
Espírito Santo terão concordado com a sua nova nacionalização? À
primeira vista, parece que não.
Vítor Bento, o responsável do Banco Bom, foi nomeado com o seu acordo. Ora
Vítor Bento tinha sido demitido na primeira vaga de intoxicação oficial sobre a
salvação do BES, sexta-feira passada, e foi salvo.
Salvo para quem? A
salvação terá resultado de uma negociação com a família expropriada ou do poder
pessoal do repescado? Com mais umas voltas do mundo, se o banco bom não for
vendido, ou se for vendido com o acordo dos antigos acionistas do BES, hoje confiscados do que tinham de bom nesse
banco, a pergunta terá resposta afirmativa. Se não, talvez a resposta venha dos
tribunais. O Economista
Português está longe da insensata pretensão de
se metamorfosear em Jurista Português mas nem por isso deixa de se interrogar: a senhora juíza
da recuperação das falências do Luxemburgo considerará que tudo isto é a melhor
forma de valorizar os ativos que tem a seu cargo?
Como é evidente, as
informções dada no Blitzkieg financeiro de ontem não permitem uma apreciação pormenorizada da ação do governo. O
Economista Português espera que nos seja dada essa informação em tempo útil.
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