O Economista Português
Um blog de Economia Política e de Política Económica
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Julho 31. 2014
Há sempre quem tenha boas ideias para guardar o dinheiro
As contas
apresentadas pelo BES são inconclusivas em termos de posologia: as necessidades de capitais, para cobrir o défice,
continuara a variar entre 1,5 e 3 mil milhões de euros, segundo o Jornal de Negócios - isto é:
variam do singelo ao dobrado. Donde virá esse capital? Quanto é? Quem o traz? O
comunicado do Dr. V. Bento sugere que será trazido pelo Deustche, o grande
pracista da nossa dívida pública, mas fragilizado
por dois
escândalos financeiros sucessivos; o último, datado de anteontem, acusa-o de falta de transparência no modo como vende
privadamente ações e obrigações
(dark pool). Ou será o
Goldman Sachs, que já se posicionou sabe Deus para quê? Ou nenhum? Ainda não
sabemos a resposta àquelas três perguntas. Por isso ignoramos o quando.
O Estado continua a
ter duas táticas: negociar com
a família Espírito Santo e tentar prendê-la;
salvar o
banco (prometendo dinheiro estatal) e arruinar-lhe a cotação em bolsa
(acentuando-lhe os prejuízos). Etc.
O comunicado do Dr. V. Bento parece prometer
a salvação em datas
alternativas: para já, se houver acionista privado; para outubro não havendo. Uma de duas: ou o
futuro investidor conhece melhor o valor do BES do que o próprio conselho de
administração - e sabe até onde lhe convém que desça a cotação bolsista - ou
não conhece e não compra e a psicologia baixista mantém-se. Se não conhece, por meios lícitos ou aproximadamente
lícitos, não é de excluir uma fuga aos depósitos no BES. Será o
cenário da falência.
Pelo comunicado da administração
do BES, parece que ela não só não conhece o
suposto investidor como não imagina que qual a cotação a que ele comprará a ação BES. A demora na apresentação do comunicado e a algaraviada dos números
sugerem que a nova equipa não é Deus com os anjos.
Sem a ratificação em
assembleia geral, o conselho de administração tem um título jurídico precário e na primeira volta de uma decisão difícil resvalará com facilidade a comissão
de intervenção estatal do tipo do PREC - o que tornará os seus atos passíveis de apreciação judicial. Do calendário do Dr. Bento ressalta que
a administração quer a paz com o tribunal luxemburguês - mas não é certo que
consiga a paz com todos os acionistas. Que dirá
disto tudo o Agricole, que tantos
confundem com o primo Lyonnais? Donde o
risco do contencioso. Ou terá o BES garantias que o cidadão comum desconhece?
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