Depois
da PT e do Goldman, também o fundo Baros conseguiu fugir à última hora do BES
margarida, bondesousa@ionline.pt
12 de Agosto de 2014
Empresa com sede em Lausanne nega ter vendido produtos estruturados ao grupo e ao Banco Espírito Santo
O presidente da sociedade de serviços financeiros suíça Eurofin
esclareceu que o Grupo Espírito Santo (GES) deteve uma participação
minoritária de 20% no grupo entre 2004 e 2009. “Nessa data, os três principais
accionistas, incluindo eu mesmo, comprámos as acções do grupo”, disse em entrevista
ao “Le Matin Dimanche”, Alexander Cadosh.
Segundo o governador do Banco
de Portugal, Carlos Costa, um dos factos que desencadearam a intervenção no
Banco Espírito Santo foi a “realização de operações de colocação de títulos
envolvendo o Banco Espírito Santo, o Grupo Espírito Santo e a Eurofin Securities (subsidiária da Eurofin), que determinaram um registo de perdas nas
contas do BES no valor total de 1.249 milhões de euros”. Estas operações
contribuíram para prejuízos surpresa de 1.500 milhões de euros, que agravaram
os resultados semestrais.
“É possível que as autoridades
portuguesas estejam interessadas na nossa empresa”, admitiu Alexander Cadosh.
“Mas nunca houve qualquer contacto nem pedido apresentado por essas mesmas
entidades ao nosso grupo.” Segundo a mesma fonte, a Eurofin assessorou o Grupo
Espírito Santo nalguns serviços estruturados, nomeadamente aquando da criação de fundos de
investimento no Luxemburgo, mas “nunca vendemos produtos estruturados a
clientes do GES ou do BES”,disse. O “Wall Street Journal num artigo publicado a
semana passada, relacionou o de Lausanne com o GE enquanto o “The Times” de
Sábado afirmava que as autoridades portuguesas mantinham um grande interesse no
Eurofin.
A maior preocupação segundo
o presidente do Eurofin, é saber de que forma é que os serviços do
grupo foram utilizados e por isso estão a decorrer várias auditorias internas
para aavaliação se existiram ou não operações ilegais feitas sem conhecimento da
administração.
A ligação entre a Eurofin e o GES não foi apenas accionista. Francisco Machado da Cruz que
foi o único auditor da Espirito Santo Internacional entre Junho de 2011 e início de 2012, era também
administrador da Eurofin,
tendo apresentado a demissão em Março.
FUNDO AMERICANO VENDEU A 31
Coincidências,
seguramente. Depois da Portugal Telecom e do Goldman Sachs, ontem soube-se que
o fundo de investimento norte-americano Baupost Group
fugiu do BES à última hora. O fundo do milionário Seth A. Klarman detinha
através da Baros, empresa regulada pela legislação do Luxemburgo, 2,15% do
Banco Espírito Santo, mas deixou de ter acções naquela instituição a 31 de
Julho. Em comunicado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários, o BES
informa que, “no dia 6 de Agosto, a Baros, S.à.r.l. comunicou que deixou de
deter uma participação qualificada no BES e que, a 31 de Julho de 2014, deixou
de deter acções do BES”. A 3 de Julho, o grupo detinha mais de 127 milhões de
acções do banco português.
O
“New York Times” avançou ontem que os detentores de obrigações subordinadas do
Banco Espírito Santo que ficaram no bad bank (banco mau) estão a ponderar
seriamente avançar com processos contra os reguladores portugueses. Tratam-se de hegde funds
(fundos
de investimento de alto risco) que ficaram “furiosos” com a hipótese de
perderem todo o investimento que fizeram no banco.
Sem comentários:
Enviar um comentário