A ministra das Finanças acredita
que vai conseguir vender o Novo Banco até ao final do ano de modo a não incluir
o valor no défice.
Se não for amortizado até final do ano, o empréstimo
do Estado ao fundo de resolução somará cerca de 2,6% do PIB ao défice
orçamental deste ano. O desvio face à estimativa de 4% não implicará mais
medidas de consolidação
CONTAS PÚBLICAS
A capitalização do Novo
BES através do Fundo de Resolução da banca vai agravar o défice público deste
ano. Tal só não acontecerá se o banco for vendido até ao fim do ano por um
valor superior ao do financiamento público da recapitalização. Se a venda não
se concretizar até final do ano o défice orçamental de 2014 deverá aproximar-se dos 6,6% do PIB, acima dos 4% projectados
inicialmente. Daqui não resultará no entanto a necessidade de mais medidas de
austeridade.
A recapitalização do
Novo BES pelo Fundo de Resolução será de 4,9 mil milhões de euros, quase 3% do PIB. O Tesouro vai
emprestar 4,4 mil milhões de euros (2,6% do PIB)
ao Fundo e os
restantes 500 milhões de euros são garantidos pelos bancos do sistema
financeiro com um reforço do fundo, que tem actualmente 182 milhões de euros.
O Fundo de Resolução
é uma entidade pública participada por todos os bancos que o financiam através
de contribuições directas e da contribuição sobre sistema financeiro cobrada
pelo Estado. Trata-se de uma entidade que
está fora do perímetro das Administrações Públicas considerado para cálculo do
défice. E por isso o empréstimo que receberá do Tesouro surgirá como despesa
das Administrações Públicas, com impacto no défice.
O agravamento do
défice orçamental não exigirá medidas adicionais de austeridade, pois o
empréstimo será tratado como uma operação extraordinária, sem impacto no saldo
estrutural e na avaliação do esforço de consolidação orçamental do País.
O Executivo tem a
garantia de Bruxelas de que o empréstimo que concederá ao Fundo de Resolução
não terá efeitos para a avaliação do procedimento de défices excessivos. Este
será um tratamento semelhante ao que foi dado à recapitalização da CGD em 2012
ou à entrada no capital do Banif em 2013.
De acordo com o que
apurou o Negócios, o Governo tem a expectativa de chegar ao fim do ano sem ter
de registar esse valor uma vez que considera possível que o Novo BES possa ser
vendido até lá.
Se tal acontecer, o
registo anula-se no valor da amortização feita ao empréstimo concedido pelo
Tesouro. Se a venda for abaixo dos 4,4 mil milhões, a responsabilidade de pagar
o restante caberá aos bancos do sistema, garante fonte conhecedora do processo.
Os prazos e os moldes desse pagamento ainda não se conhecem.
É neste contexto, a
que se soma o facto de os activos tóxicos ou com risco tem sido concentrados
no “bad bank”, que o Governo considera que não existem riscos para os contribuintes
e que trata o agravamento do défice como um mero registo contabilístico.
Os 4,4 mil milhões de euros emprestados
pelo Estado ao Fundo de resolução já estavam registado na dívida pública, pois
fazem parte dos 6,4 mil milhões emprestados pela troika para fazer face a ventuais
problemas no sistema financeiro.
Isto significa que apesar de ter impacto
no défice, a operação não afecta este ano o “stock” de dívida. No entanto, o
facto de o dinheiro ser gasto para recapitalizar um banco - e caso não seja
amortizado entretanto- implica que este não poderá financiar outras despesas,
o que poderá implicar uma descida mais lenta do “stock” de dívida pública nos
próximos anos.»
4,4
EMPRÉSTIMO
Valor
do empréstimo ao Fundo de Resolução e que terá impacto no
défice orçamental (2,6% do PIB)
défice orçamental (2,6% do PIB)
4%
ESTIMATIVA DE DÉFICE
Défice
previsto para Este ano é de 4%.
Se
empréstimo passar para 2015 subirá.
500
DINHEIRO DA BANCA
Os
bancos entram com 500 milhões, o montante com que já dotaram o
fundo de resolução
fundo de resolução
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