João Rodrigues Pena equacionou a demissão, mas acabou por ficar até a Rioforte ser declarada falida em dezembro de 2014
ANA SUSPIRO
João Rodrigues Pena, ex-presidente da Rioforte, defende que a PT não teria renovado o investimento de 897 milhões de euros em abril se não houvesse conforto na operação. Siga aqui a audição.
João Rodrigues Pena, ex-presidente executivo da Rioforte, a holding não financeira do Grupo Espírito Santo (GES), esclareceu esta terça-feira que as primeiras aplicações de 897 milhões de euros da Portugal Telecom em papel comercial foram feitas em fevereiro. As aplicações, feitas a um prazo de dois meses, foram renovadas em meados de Abril por um período de mais três meses. Foi este último investimento que não foi reembolsado em junho, criando um buraco na Portugal Telecom.
O ex-CEO revelou que a auditoria da Ernst & Young às contas de 2013 da Rioforte, em que alertava para o aumento muito significativo da dívida, data de março de 2014. Estava disponível quando a operadora renovou a aplicação. A auditora coloca uma ênfase às contas a propósito da compra da Espírito Financial Group à ESI que foi financiada com dívida de muito curto prazo. A auditora sublinha o aumento das responsabilidades financeiras face aos ativos da Rioforte, apesar de adiantar que a empresa estava a tentar prolongar o prazo destes empréstimos, concluía que o resultado era incerto.
“Poderia a PT não ter tido conhecimento em fevereiro quando o investimento foi feito. Mas quando a dívida é renovada, em abril, o relatório existe”, realçou João Pena na comissão parlamentar de inquérito aos actos de gestão do Grupo Espírito Santo (GES) e do Banco Espírito Santo (BES). O relatório estava disponível a qualquer investidor que o pedisse a 15 de abril, quando a PT deu ordem para renovar a aplicação. E em fevereiro, acrescenta, “qualquer investidor que tivesse interesse poderia ter contactado a administração da Rioforte e a PT não o fez”.
O investimento na Rioforte foi realizado logo após a PT ter sido reembolsada, em fevereiro, de uma aplicação na Espírito Santo International (ESI), holding do GES que esteve na origem do colapso do grupo, na sequência da revelação de contas falsificadas.
Na comissão de inquérito ao BES e GES, Rodrigues Pena sublinhou que a PT era um investidor qualificado e realçou: “é preciso não esquecer que houve uma renovação em abril que não teria existido, em condições normais, se não houvesse uma situação de conforto” da PT em relação à Rioforte
Admite, ainda, que o investimento da PT na dívida da Rioforte foi usado para a holding a que presidia reembolsar a sua acionista, a ESI (Espírito Santo International), pela compra da Espírito Santo Financial Group, uma operação que fazia parte do plano de reestruturação do grupo. O ex-CEO da Rioforte responsabilizou, também, a ESI e o BES, enquanto banco colocador, pela aplicação da operadora. E quando questionado quem na ESI deu instruções para a Rioforte se endividar para financiar a acionista, remeteu para Manuel Fernando Espírito Santo, que era, à data, presidente não executivo da Rioforte.
Rodrigues Pena diz que foi informado pelo BES, mas assegura que não teve qualquer interação com a operadora. Essa operação foi colocada pela direção financeira do banco, acrescenta. Mas não se lembra de quem foram as pessoas. E diz que a responsabilidade é de quem tomou a dívida, a PT, e recusou a tese de que a holding a que presidia estivesse à data falida.
Práticas de gestão deficientes no GES
O ex-presidente executivo da Rioforte está hoje convencido de que “o colapso do grupo deriva de práticas de gestão deficientes e de uma situação financeira grave”. Depois de uma intervenção inicial em que descreveu o trabalho desenvolvido para reestruturar e sanear a holding não financeira do GES, João Rodrigues Pena conclui: “Acredito que a Rioforte estava condenada desde o início”. No entanto, recusou-se a concluir que foi enganado. “Frustrado e desiludido”. É assim que descreve os seus sentimentos sobre o que aconteceu no GES.
O ex-CEO da Rioforte revela que manifestou discordância em relação a operações e à evolução do plano de reestruturação do acionista, a partir de 2014, mas que decidiu manter-se em funções em nome dos colaboradores, para evitar mais perturbações e porque acreditou que ainda seria possível concretizar o plano de reestruturação do GES.
Rodrigues Pena conta que a Rioforte foi fortemente pressionada para financiar a acionista, a Espírito Santo International (ESI), o que chegou a acontecer, à revelia da iniciativa da sua comissão executiva, porque a gestão da tesouraria estava centralizada na ESI. Quando o conselho da Rioforte autorizou esse financiamento, exigiu garantias. Uma, foi um edifício em Miami, e condições, designadamente a realização de um aumento de capital que nunca se concretizou.
João Rodrigues Pena confirmou, ainda, que Machado da Cruz, contabilista da ESI, entrou no conselho de administração da Rioforte em 2011, assumindo funções na comissão de auditoria. Nunca lhe perguntou pela falsificação de contas porque conhecia apenas o seu papel na gestão do imobiliário do grupo nos Estados Unidos. Nada fazia dele um representante do acionista, a ESI, onde Machado da Cruz era contabilista tendo estado envolvido na ocultação de passivo.
Rodrigues Pena está a dar explicações na comissão parlamentar de inquérito aos atos de gestão do Banco Espírito Santo e GES no mesmo dia em que a sede da PT é alvo de buscas por parte das autoridades judiciais por causa do investimento de 897 milhões de euros realizado pela operadora na empresa do GES. Siga aqui a audição em direto.
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Ana Suspiro 6 Jan 2015 15:12
João Rodrigues Pena, ex-presidente da Rioforte vai fazer uma intervenção inicial
Ana Suspiro 6 Jan 2015 15:16
O ex-presidente executivo conta que entrou para a administração da empresa em 2009 com o objectivo de atrair investidores e abrir o capital na bolsa mais tarde. A divida e os prejuízos apresentavam um grande desafio já à data
Ana Suspiro 6 Jan 2015 15:17
Para além da reestruturação, era preciso melhorar o governo da sociedade. João Pena impôs condições que foram aceites e que passavam por reporte das participadas e por uma auditoria independente e a criação de um código de conduta
Ana Suspiro 6 Jan 2015 15:18
Não obstante, a Rioforte tinha um acionista único, a Espírito Santo Internacional, e manteve-se uma gestão conjunta da tesouraria com o grupo GES
Ana Suspiro 6 Jan 2015 15:19
A comissão executiva ficou completa e entre 2010 e 2011 são nomeados administradores independentes e são estabelecidas reuniões regulares da administração
Ana Suspiro 6 Jan 2015 15:20
A Rioforte funcionou nestes moldes até março de 2014. A empresa foi uma iniciativa do GES para aumentar a profissionalização e potenciar o seu valor. Apesar das dificuldades, a marca Espírito Santo tornava credível a prazo estes objectivos.
Ana Suspiro 6 Jan 2015 15:22
Entre 2010 e 2013, a Rioforte faz apresentações a investidores estratégicos para atrair capital. A operação não é bem sucedida devido à crise da dívida e à heterogeneidade do portfolio. A colocação é suspensa e a prioridade é atrair investidores para cada negócio e venda de não estratégicos.
Ana Suspiro 6 Jan 2015 15:23
É nesta altura que a Rioforte entra em empresas da área de energia na América Latina. Neste período, é comunicada à Rioforte a venda por 500 milhões de dólares a um consórcio angolano e que é acompanhada pela venda de parte da Opway Angola
Ana Suspiro 6 Jan 2015 15:25
Mas antes a Rioforte vende a Escom à Espírito Santo Resources, ficando esta em dívida. A Rioforte apresenta prejuízos de 360 milhões de euros em 2011, devido à degradação de activos. A Opway é retirada para outra empresa e a Rioforte passa a consolidar a Espírito Santo Saúde
Ana Suspiro 6 Jan 2015 15:26
Em 2012, duas operações geram mais-valias para a Rioforte, com a venda de uma parte as operações agro-pecuárias no Paraguai. A Georadar abre o capital a um novo sócio que valoriza a empresa brasileira. Os resultados de 2012 melhoram, mas a dívida aumenta
Ana Suspiro 6 Jan 2015 15:26
E uma parte dessa dívida resulta do financiamento à acionista, a Espírito Santo Internacional.
Ana Suspiro 6 Jan 2015 15:27
A 25 de novembro de 2013 é apresentada uma previsão de crescimento do EBITDA e do resultado, mas a dívida da ESI à Rioforte sobe para para mais de 900 milhões de euros. A dívida da holding cresce e com maturidades muito curtas.
Ana Suspiro 6 Jan 2015 15:29
Neste altura, final de 2013, fecha-se um ciclo com alguns resultados positivos. E João Rodrigues Pena elenca os projetos na América Latina e Moçambique. Mas reconhece que a situação financeira das empresas herdadas da Espírito Santo Resources era pior do que o previsto, o que dificultou a sua venda.
Ana Suspiro 6 Jan 2015 15:30
Registou-se o aumento da dívida financeira consolidada das participadas e a dívida da ES REsources, que não tinha reembolsado a Rioforte da compra da Escom. Neste período, o financiamento tem um prazo muito curto. A concentração de tesouraria na ESI levou a um aumento da dívida da acionista à Rioforte
Ana Suspiro 6 Jan 2015 15:32
A holding entra numa terceira fase que deu origem a uma ruptura no modelo previsto. Em setembro de 2013, o primeiro sinal foi a necessidade de reduzir a exposição dos fundos do BES ao GES. O segundo sinal foi o ETRICC (exame do Banco de Portugal) que detectou o passivo oculto da Espírito Santo Internacional.
Ana Suspiro 6 Jan 2015 15:33
A Rioforte toma conhecimento dos problemas da ESI, a acionista, mas a auditoria não aponta para imparidades relevantes nas empresas da Rioforte que não teve conhecimento oficial dos resultados.
Ana Suspiro 6 Jan 2015 15:34
Em dezembro de 2013, a Rioforte já sabia dos problemas financeiros da ESI. O saldo credor era de 960 milhões de euros. Uma insolvência da acionista traria graves efeitos para a Rioforte e participadas, levando a uma fuga de financiadores que poderia dar origem à sua insolvência.
Ana Suspiro 6 Jan 2015 15:36
O novo plano previa a desativação progressiva da ESI e a concentração dos ativos na Rioforte que passaria a incluir a área financeira, comprando a Espírito Santo Financial Group. O programa de reestruturação na sua versão inicial tinha pontos positivos
Ana Suspiro 6 Jan 2015 15:37
O reforço do capital da Rioforte em mais de 400 milhões de euros seria realizado pela ESI com o encaixe da venda da ESFG à própria Rioforte. Estavam também prevista a emissão de veículos de dívida de maior prazo. Obviamente que havia riscos
Ana Suspiro 6 Jan 2015 15:39
O plano foi comunicado ao Banco de Portugal e não consta que este tivesse feito reparo à venda da ESFG à Rioforte por parte da ESI. A operação implicou um aumento da dívida da Rioforte que seria reembolsada em parte com uma emissão de dívida da ESI. Mas o plano foi revisto pelo conselho superior que tornou de mais difícil a sua execução
Ana Suspiro 6 Jan 2015 15:40
A administração da Rioforte mostrou discordância e reservas ao novo plano, mas o primeiro passo já estava dado. A venda da ESFG à Rioforte já tinha sido aprovada pelos acionistas. A comissão executiva alertou que lhe cabia o dever de tomar todas as decisões relativas à sociedade
Ana Suspiro 6 Jan 2015 15:43
Na prática, a Rioforte procurou limitar a transferência de recursos para a Espírito Santo Internacional, mas isto não terá sido concretizado. Foi colocada mais dívida da Rioforte, através de vários canais financeiros do grupo e do banco que não foram autorizadas pela administraçao da empresa. A excepção foi a colocação de dívida junto da PT que se realizou em três operações em fevereiro
Ana Suspiro 6 Jan 2015 15:43
A Portugal Telecom renovou o financiamento, num total de 897 milhões de euros, junto da Rioforte em abril. A operação teria a maturidade de um ano, mas esta foi reduzida para três meses.
Ana Suspiro 6 Jan 2015 15:45
A forma como estas operações decorreram levaram a comissão executiva a ponderar a sua demissão. João Pena equacionou demitir-se, mas decidiu manter-se em funções depois de ponderada a perturbação que traria ao grupo e aos seus colaboradores e por acreditar que o problema da ESI tinha sido resolvido
Ana Suspiro 6 Jan 2015 15:46
João Rodrigues Pena aceitou manter-se como presidente executivo da Rioforte. Entre fevereiro e final de junho, é desenvolvido um esforço de implementação do plano de venda de ativos e realização de um aumento de capital. Mas estas operações saem goradas
Ana Suspiro 6 Jan 2015 15:47
No início de abril, a Rioforte passa a ser fortemente pressionada para comprar mais dívida à acionista ESI que contestou.
Ana Suspiro 6 Jan 2015 15:49
A Rioforte impôs condições, como a realização do aumento de capital, mas o acionista, a ESI, não cumpriu
Ana Suspiro 6 Jan 2015 15:51
“Durante este período, enfrentei tomadas de posição formais do acionista a pedir maior envolvimento da Rioforte e exigi garantias reais.” João Rodrigues Pena é informado em junho pela PT de que não irá renovar o investimento de 900 milhões que exige o seu reembolso, o que suscita uma forte preocupação e contaminando o normal funcionamento do grupo e das empresas
Ana Suspiro 6 Jan 2015 15:52
Em julho, o conselho da Rioforte é informado de que não há condições para realizar o aumento de capital, que chegou a estar previsto com o investimento da Petróleos da Venezuela. É entregue o pedido de gestão controlada no Luxemburgo.
Ana Suspiro 6 Jan 2015 15:53
A Rioforte tinha capital próprio positivo, mas não tinha capacidade para reembolsar os credores.
Ana Suspiro 6 Jan 2015 15:55
Em agosto, a resolução do BES retira qualquer valor ao Espírito Santo Financial Group, que era um dos ativos mais importantes da Rioforte. A situação estende-se à América Latina pela forma como a Oi noticiou os investimentos da PT na Rioforte.
Ana Suspiro 6 Jan 2015 15:56
Ao longo dos quatro meses de gestão controlada, até à declaração da insolvência declarada em dezembro, foi possível manter as participadas operacionais, diz João Rodrigues Pena que abandonou as funções quando a Rioforte foi declarada falida.
Ana Suspiro 6 Jan 2015 15:58
“Tenho orgulho no trabalho que desenvolvi na Rioforte em quatro anos e procurei defender os interesses das empresas e dos colaboradores. Estou hoje convencido de que o colapso do grupo deriva de práticas de gestão deficiente” e de uma situação financeira grave. “Acredito que a Rioforte estava condenada desde o início”, conclui Rodrigues Pena.
Ana Suspiro 6 Jan 2015 16:05
A deputada socialista Ana Paula Vitorino confronta o ex-presidente da Rioforte com declarações de membros da família Espírito Santo de que era ele quem mandava em tudo. Rodrigues Pena diz que sim a nível da gestão corrente.
Ana Suspiro 6 Jan 2015 16:13
Ricardo Salgado soube da reestruturação do grupo antes do conselho de administração da própria Rioforte. João Pena não vê uma ligação direta entre a compra da Espírito Santo Financial Group e o aumento da exposição do banco ao GES.
Ana Suspiro 6 Jan 2015 16:14
Ana Paula Vitorino insiste que esta operação aumentou a exposição do banco ao grupo. João Pena responde que a compra da ESFG foi financiada com a emissão de dívida que, admite, foi vendida aos balcões do BES
Ana Suspiro 6 Jan 2015 16:15
Ana Paula Vitorino insiste que esta operação aumentou a exposição do banco ao grupo. João Pena responde que a compra da ESFG foi financiada com a emissão de dívida que, admite, foi vendida aos balcões do BES
Ana Suspiro 6 Jan 2015 16:17
A deputada socialista confronta João Pena com o otimismo manifestado no relatório e contas de 2013 da Rioforte. O gestor responde que à data ainda acreditava que era possível fazer a restruturação do GES.
Ana Suspiro 6 Jan 2015 16:19
Quando soube das contas falsificadas da ESI que iniciativas tomou? pergunta Ana Paula Vitorino. João Pena responde que houve uma reaçao muito enérgica por parte da administração da Rioforte. A partir de maio, a dívida à ESI foi nula
Ana Suspiro 6 Jan 2015 16:21
O ex-presidente da Rioforte não sabe quem foi responsável pela falsificação de contas da Espírito Santo Internacional, sua acionista.
Ana Suspiro 6 Jan 2015 16:26
“Não tive qualquer interação com a Portugal Telecom”, a propósito do investimento de 900 milhões na Rioforte. Essa operação foi colocada pela direçao financeira do BES, diz João Pena, então da responsabilidade de Amílcar Morais Pires.
Ana Suspiro 6 Jan 2015 16:27
Foi a direção financeira do BES que colocou a operação à Rioforte. João Rodrigues Pena não se recorda do nome das pessoas que estiveram envolvidas nessa dívida.
Ana Suspiro 6 Jan 2015 16:28
Um tomador de uma emissão obrigacionista, fá-lo de forma consciente e instruída, acredita o ex-presidente da Rioforte. A decisão terá cabido à entidade tomadora, a Portugal Telecom
Ana Suspiro 6 Jan 2015 16:30
Ana Paula Vitorino pergunta agora sobre uma reunião de 5 de novembro sobre a Espírito Santo Internacional em que se terá discutido a reavaliação do ativo para corresponder ao aumento do passivo de 1300 milhões de euros. João Pena não acompanhou.
Ana Suspiro 6 Jan 2015 16:32
A dívida da ESI à Rioforte aumentou em dois períodos: o primeiro até ao final de 2013. Num segundo período, entre 11 de abril de 2014 e até princípio de junho. Mas porque aumentou a dívida para 923 milhões de euros?, pergunta deputada socialista.
Ana Suspiro 6 Jan 2015 16:33
João Rodrigues Pena lembra que havia uma gestão centralizada de tesouraria ao nível da ESI que colocava dívida da Rioforte. O conselho toma essa decisão, numa situação de grande desconforto e sob condições, sublinha.
Ana Suspiro 6 Jan 2015 16:34
O financiamento à ESI é feito com base em condicionalismos e na expetativa da realização de um aumento de capital
Ana Suspiro 6 Jan 2015 16:39
Foi a PT que financiou a ESI?, pergunta Ana Paula Vitorino, a propósito do montante equivalente da dívida contraída pela Rioforte para comprar a Espírito Santo Financial Group. João Pena admite que o financiamento da PT serviu no início de 2014 para reembolsar a ESI
Ana Suspiro 6 Jan 2015 16:41
Sente-se enganado? “Sinto-me muito frustrado” porque as condições para desenvolver o projecto não existiam. João Pena diz que ainda não pode concluir que foi enganado. “Espero que fique satisfeita com a minha frustração e desilusão”.
Ana Suspiro 6 Jan 2015 16:42
Foi a PT que financiou a ESI?, pergunta Ana Paula Vitorino, a propósito do montante equivalente da dívida contraída pela Rioforte para comprar a Espírito Santo Financial Group. João Pena admite que o financiamento da PT serviu no início de 2014 para reembolsar a ESI
Ana Suspiro 6 Jan 2015 16:50
As perguntas passam agora para Teresa Anjinho do CDS. João Rodrigues Pena assegura que nunca esteve envolvido na venda da Escom à Sonangol
Ana Suspiro 6 Jan 2015 16:52
A Escom saiu da Rioforte em outubro de 2010, à data a empresa de Angola tinha dívida e prejuízos significativos.
Ana Suspiro 6 Jan 2015 16:53
A situação mais flagrante de tomada de consciência dos problemas foi a revelação da situação financeira da ESI e a forma como isso reflectia as práticas de gestão na Espírito Santo Internacional, explica o ex-presidente da Rioforte
Ana Suspiro 6 Jan 2015 17:01
Quem deu resposta sobre o pedido de garantias exigido pela Rioforte à ESI numa reunião realizada em abril de 2014 foi Manuel Fernando Espírito Santo, esclarece João Rodrigues Pena.
Ana Suspiro 6 Jan 2015 17:06
O papel comercial das empresas do grupo GES foi lançado em setembro quando os reguladores exigiram a redução da exposição dos fundos de investimento geridos pelo BES às empresas do GES. Foram colocados 450 milhões de euros de dívida da Rioforte, diz.
Ana Suspiro 6 Jan 2015 17:09
É no quadro da compra da ESFG à ESI e Espírito Santo Irmãos que a Rioforte tem a necessidade de obter financiamentos de médio e longo prazo, o que era do conhecimento da auditora Ernst & Young que colocou uma ressalva nas contas da Rioforte de 2013
Ana Suspiro 6 Jan 2015 17:11
Teresa Anjinho insiste na questão da PT. A operadora foi reembolsada em fevereiro pela ESI (Espírito Santo Internacional) e dois meses depois aplicou um montante maior na Rioforte. Qual era o conhecimento da PT sobre os riscos?
Ana Suspiro 6 Jan 2015 17:12
João Rodrigues Pena diz não ter conhecimento dos mecanismos de decisão da PT que levaram à tomada da dívida da Rioforte. Mas essa tomada de dívida ocorre pela primeira vez em fevereiro, esclarece, e não em abril.
Ana Suspiro 6 Jan 2015 17:15
As operações de tomada de dívida da Rioforte pela PT ocorrem a 10, 13 e 21 de fevereiro de 2014, totalizando 897 milhões de euros, a prazos muito curtos. Mas em meados de abril, a PT renova as três linhas para um prazo de três meses.
Ana Suspiro 6 Jan 2015 17:17
Houve momentos em que a velocidade de tomada de decisão, não permitiu que todos os procedimentos seguissem os princípios de bom governo, explica João Pena ao deputado comunista Bruno Dias. Sobretudo a partir do final de 2013.
Ana Suspiro 6 Jan 2015 17:27
O conselho de administração da Rioforte foi sendo informado das linhas de financiamento feitas em nome do acionista, a Espírito Santo Internacional. As linhas eram aprovadas por pelo menos dois administradores, explica João Pena em resposta a Bruno Dias.
Ana Suspiro 6 Jan 2015 17:40
Bruno Dias recorda que Machado da Cruz, o contabilista da ESI, também tinha funções na Rioforte. Machado da Cruz entrou no conselho de administração da Rioforte em 2011 onde era membro da comissão de auditoria, explica Rodrigues Pena que salienta o contributo dado pelo comissaire aux contes.
Ana Suspiro 6 Jan 2015 17:41
Machado da Cruz foi proposto por Ricardo Salgado e Manuel Fernando Espírito Santo. Bruno Dias pergunta: e não lhe perguntou nada sobre as contas da ESI? João Rodrigues Pena conhecia funções do contabilista na gestão de imóveis nos Estados Unidos
Ana Suspiro 6 Jan 2015 17:42
Bruno Dias recorda que Machado da Cruz, o contabilista da ESI, também tinha funções na Rioforte. Machado da Cruz entrou no conselho de administração da Rioforte em 2011 onde era membro da comissão de auditoria, explica Rodrigues Pena que salienta o contributo dado pelo comissaire aux contes.
Ana Suspiro 6 Jan 2015 17:46
Mariana Mortágua pergunta ao ex-presidente da Rioforte porque não foi extinta a Espírito Santo Resources quando foi criada a nova holding. Rodrigues Pena lembra que o GES não tinha a estrutura mais simples.
Ana Suspiro 6 Jan 2015 17:55
As perguntas da deputada do Bloco de Esquerda centram-se agora na Opway, empresa de construção que saiu do balanço da Rioforte que registou fortes imparidades
Ana Suspiro 6 Jan 2015 17:57
A Rioforte injectou centenas de milhões de euros na Opway neste período antes de transferir a construtora para outra empresa do grupo. João Pena admite que havia outros potenciais compradores, fora do Grupo Espírito Santo. Foi uma decisão do acionista vender dentro do GES
Ana Suspiro 6 Jan 2015 18:01
A não concretização da venda da Escom nunca foi explicitada. A Rioforte sempre foi informada de que existiam boas perspectivas de fechar o negócio cujo preço então comunicado era de 500 milhões de dólares
João Cândido da Silva 6 Jan 2015 18:19
Reestruturação de 2013 no Grupo Espírito Santo. Uma falência da ESI teria repercussões muito significativas, de natureza reputacional sobre a área financeira e sobre o próprio Banco Espírito Santo.
João Cândido da Silva 6 Jan 2015 18:21
Rioforte comprou dívida de curto prazo da ESI. Objetivo era o de fazer o pagamento da dívida à ESI através da tomada de financiamento ao abrigo de programas como o da emissão de papel comercial.
João Cândido da Silva 6 Jan 2015 18:21
Houve, num segundo momento, negociações para recompor a dívida de curto prazo da Rioforte e transformá-la em dívida de longo prazo, afirma João Rodrigues Pena.
João Cândido da Silva 6 Jan 2015 18:25
João Rodrigues Pena: teria sido possível obter dívida de curto prazo para a Rioforte sem a ajuda dos canais da área financeira. Rioforte não teve qualquer relação com a Eurofin, embora tenha tido relações com os canais financeiros do GES.
Ana Suspiro 6 Jan 2015 18:26
A deputada do BE pergunta: Se o problema não era a área financeira nem a área não financeira, qual era a origem dos problemas da ESI?
Ana Suspiro 6 Jan 2015 18:29
João Pena não encontra melhor resposta do que a do relatório preliminar da KPMG à ESI Não há imparidades relevantes na Rioforte nem na ESGF, e a auditora mantém o valor destas entidades. O gestor diz que havia outros problemas na ESI, dívida não consolidada, outras participadas e negócios .
João Cândido da Silva 6 Jan 2015 18:33
João Rodrigues Pena esclarece que foi durante vários anos, duas décadas, consultor de alta direção. Trabalhou com a área não financeira do GES em algumas intervenções. Era presidente da AT Kearney quando foi convidado para liderar a Rioforte.
João Cândido da Silva 6 Jan 2015 18:35
Empresas sedeadas no Luxemburgo. A decisão foi tomada pelos acionistas. Quanto à Rioforte, isso nunca criou desconforto
João Cândido da Silva 6 Jan 2015 18:36
ESR era uma empresa auditada, afirma o gestor da Rioforte.
João Cândido da Silva 6 Jan 2015 18:38
Situação financeira da ESR estava espelhada nas contas auditadas de 2009. João Pena diz que tinha consciência que a situação financeira da Rioforte quando foi criada era uma situação diícil.
João Cândido da Silva 6 Jan 2015 18:40
A Rioforte tinha uma situação financeira auditada e transparente, afirma João Rodrigues Pena. Neste ponto, a Rioforte não tinha quaisquer debilidades, mas do ponto de vista financeiro tinha os seus desafios.
João Cândido da Silva 6 Jan 2015 18:42
Caso PT: 897 milhões de euros de dívida que foram subscritos pela PT de dívida da Rioforte. Quem liderou, da parte da Rioforte estas operações? Liderança é feita pela ESI em ligação com o BES que é a entidade colocadora junto do tomador.
João Cândido da Silva 6 Jan 2015 18:43
Linhas de financiamento da PT à Rioforte totalizaram três.
João Cândido da Silva 6 Jan 2015 18:46
Em qualquer operação desta natureza o principal interveniente é o canal de distribuição e neste caso, da emissão de papel comercial da Rioforte, foi o BES.
João Cândido da Silva 6 Jan 2015 18:47
Se o tomador da dívida está interessado em tomar a dívida, no caso a PT, a responsabilidade não é da Rioforte, diz João Rodrigues Pena.
João Cândido da Silva 6 Jan 2015 18:50
Rioforte não estava falida em fevereiro de 2014, afirma o gestor que está a ser questionado. Convicção, na altura, era a de que seria possível prosseguir a reestruturação do GES que criasse uma situação de solvência sustentada do Grupo.
João Cândido da Silva 6 Jan 2015 18:51
A comissão decide fazer um curto intervalo de cinco minutos, de acordo com aquilo que é anunciado pelo deputado José Magalhães, que está a liderar, hoje, os trabalhos da Comissão de Inquérito.
João Cândido da Silva 6 Jan 2015 19:01
Os trabalhos vão ser reiniciados para uma segunda ronda de perguntas. Começa Ana Paula Vitorino, do PS.
Ana Suspiro 6 Jan 2015 19:12
A dívida bancária da Rioforte, que era sobretudo contraída junto da Caixa e do BCP, torna-se forte quando a empresa começa a colocar emissões de dívida junto de investidores, o que faz por intermédio do BES. Em Abril de 2014, o BES não era o maior financiador.
Ana Suspiro 6 Jan 2015 19:14
A exposição por via do papel comercial utrapassa em 2014 os dois mil milhões de euros. O endividamento é assumido pela administração da Rioforte em resposta a um pedido do acionista, a ESI, que é representada por Manuel Fernando Espírito Santo.
Ana Suspiro 6 Jan 2015 19:16
A Portugal Telecom não é um investidor qualquer, é qualificado. Tem consciência das suas decisões e “é preciso não esquecer que houve uma renovação em abril que não teria existido, em condições normais, se não houvesse uma situação de conforto” da PT em relação à Rioforte, explica João Pena.
Ana Suspiro 6 Jan 2015 19:18
O ex-presidente da Rioforte desvaloriza o papel de Machado da Cruz na gestão da Rioforte e diz que nunca associou o contabilista à orientação da Espírito Santo Internacional.
Ana Suspiro 6 Jan 2015 19:27
João Pena responde agora a perguntas de Teresa Anjinho do CDS sobre a criação da empresa, Around Impact, para onde foram transferidas as dívidas da Espírito Santo Resources, pela compra da Escom à Rioforte. Diz que essa operação tornou a situação mais visível.
Ana Suspiro 6 Jan 2015 19:31
“Teria sido muito mais confortável ter-me demitido”, diz João Pena que justifica a decisão de ficar na Rioforte com a opção de não abandonar o projecto que tinha construído nos anos anteriores.
João Cândido da Silva 6 Jan 2015 19:34
Se a Rioforte não tivesse financiado a ESI, esta teria falido, afirma João Rodrigues Pena.
Ana Suspiro 6 Jan 2015 19:59
Mariana Mortágua conclui a segunda ronda perguntando se a auditoria da Ernst & Young que apontava para o aumento da dívida da Rioforte foi apresentada à Portugal Telecom. A operadora alega que não a conhecia quando fez o investimento.
Ana Suspiro 6 Jan 2015 20:02
João Rodrigues Pena assegura que a Rioforte não recebeu qualquer sinal pela venda da Escom. “Os contornos desta operação são extremamente desconfortáveis para a Rioforte, desde o início”, e no fim quando se percebeu que não haveria qualquer reembolso.
Ana Suspiro 6 Jan 2015 20:05
O ex-presidente da Rioforte diz que quando a Opway sai do balanço da holding ainda havia trabalho a fazer na reestruturação da construtora, A expetativa é que esse trabalho fosse feito num cenário de consolidação no setor, mas o acionista não concordou
Ana Suspiro 6 Jan 2015 20:06
A Rioforte defendia que a Opway devia sair do grupo para beneficiar de sinergias com outras construtoras.
Ana Suspiro 6 Jan 2015 20:08
Sobre o financiamento da ESI, João Rodrigues Pena, diz que procurou deixar claro ao acionista “as nossas reservas enquanto administradores” e as alternativas de não o fazer. A ESI não estava à data falida
Ana Suspiro 6 Jan 2015 20:10
O relatório de auditoria da Ernst & Young data de março de 2014. Poderia a PT não ter tido conhecimento em fevereiro quando o investimento foi feito. Mas quando a dívida é renovada, em abril, o relatório existe, realça João Pena.. Houve notícias na imprensa. O relatório estava disponível a qualquer investidor que o pedisse. A 15 de abril, seguramente o estava. E em fevereiro, qualquer investidor que tivesse interesse poderia ter contactado a administração da Rioforte e não o fez.
Ana Suspiro 6 Jan 2015 20:27
Havia uma lógica de gestão financeira centralizada para todo o grupo, explica João Pena. As grandes decisões de aplicação de fundos eram tomadas pelo acionista. E foi a este nível que se colocaram os atritos entre a gestão da Rioforte e o acionista, a ESI.
Ana Suspiro 6 Jan 2015 20:32
A comissão executiva não foi envolvida na revisão do plano de reestruturação decidida no conselho superior do GES. Esta revisão causou desconforto, admite o ex-CEO. João Pena sentiu-se limitado na gestão e conta que tentou autonomizar a tesouraria, sem sucesso.
Ana Suspiro 6 Jan 2015 20:41
A audição ao ex-presidente executivo da Rioforte terminou, mais de cinco horas e meia depois de ter começado.
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