Blog de análise, discussão, sobre assuntos de Economia, Mercados, Finanças e Política Nacional e I

Blog de análise, discussão, sobre assuntos de Economia, Mercados, Finanças e Política Nacional e I
Blog de análise, discussão, sobre assuntos de Economia, Mercados, Finanças, Política Nacional e Internacional e do Mundo

sábado, 31 de janeiro de 2015

Portugal põe o FMI a ralhar com o próprio FMI

 
Liliana Coelho 
18:29 Sexta feira, 30 de janeiro de 2015
São dois documentos divulgados no mesmo dia: num, o FMI não acredita que as metas do défice seja cumpridas e alerta para tentações populistas em ano de eleições; 
noutro, um diretor do FMI critica estas mesmas observações.

Nem sempre há consenso quanto às avaliações, nem mesmo dentro do mesmo organismo. Prova disso é um documento do diretor-executivo do Fundo Monetário Internacional (FMI), Carlo Cottarelli, coassinado pela sua conselheira Inês Lopes, onde critica algumas conclusões do próprio FMI sobre Portugal.

O texto tem data de 23 de janeiro, mas só foi divulgado esta sexta-feira, no mesmo dia em que saiu o relatório do Fundo sobre a primeira avaliação a Portugal no pós-troika. 
"O relatório pode não ter refletido outros resultados conseguidos desde 2011, sobretudo em termos do reequilíbrio externo e do ajustamento fiscal", escrevem Carlo Cottarelli e  Inês Lopes. 
"Sentimos também que é inapropriada a ideia constante no relatório de que o ciclo eleitoral está a obstruir o processo de reforma."

As eleições são uma "característica bem-vinda dos regimes democráticos e não devem ser apresentadas como acontecimentos disruptivos dos processos de reforma", sustentam. Carlo Cottarelli e Inês Lopes defendem que o ajustamento económico português prossegue na direção certa, embora o país ainda esteja longe da meta. 
"Enquanto o défice público e privado continuam alto, foram dados passos decisivos a este nível e registados importantes progressos."

Relativamente às estimativas do FMI quanto ao défice português para 2015, que não acredita que o Governo cumpra o objetivo de ficar abaixo dos 3%, ambos consideram ainda que são "demasiado pessimistas" e não têm em conta o crescente aumento da receita resultante das reformas estruturais a nível fiscal introduzidas durante o programa.

A nível do sector financeiro, referem que a estabilidade financeira se mantém apesar do colapso do BES, que levou à criação do Novo Banco, tendo-se verificado significantes esforços no sentido de reforçar o capital das instituições.
"Apesar de alguns sinais positivos refletidos nos resultados reportados pela maioria das instituições de crédito - melhoria baseada em parte na reestruturação e no esforço de contenção de custos - , alguns desafios continuam num contexto económico caracterizado pelo baixo crescimento e pelos elevados níveis de dívida no sector público e privado", ressalvam.

Para Carlo Cottarelli, é errado afirmar que Portugal perdeu o seu momento de reformas. "Continuam a ser implementadas importantes medidas - em várias áreas - no período pós-programa", afirmam, dando como exemplo o sector energético e o mercado laboral. 
"Em conclusão, a transformação estrutural da economia portuguesa está a crescer com base num largo conjunto de reformas - que não só se mantêm neste momento, como é esperado que continuem."

Sem comentários:

Enviar um comentário