CGTP e UGT alinham nas críticas ao Governo
LUSA e PÚBLICO 15/10/2014 - 21:04 (actualizado às 21:25)
Centrais sindicais criticam a manutenção da austeridade no Orçamento do Estado para o próximo ano. Confederação dos Serviços diz não ver “luz ao fundo do túnel” para a recuperação económica.
As duas principais centrais sindicais coincidiram na análise à proposta do Orçamento do Estado com alguma desilusão.
A CGTP diz que reflecte a “continuação de uma política de exploração e de empobrecimento geral do país”, enquanto a UGT afirma que o documento representa “mais do mesmo” na penalização dos portugueses.
"As linhas gerais não vão ser muito diferentes das de anos anteriores."
Vamos continuar a ter um Orçamento que aposta numa brutal austeridade e em mais sacrifícios", sublinhou o secretário-geral da CGTP que participava numa acção de protesto contra a venda do Novo Banco e da Tranquilidade.
Arménio Carlos afirmou que o novo OE2015 é a "continuação de uma política de exploração e de empobrecimento do país".
"Continuamos a ter uma política virada para a redução dos salários, o congelamento das carreiras e a destruição do emprego na administração pública", apontou.
A posição de Nobre dos Santos, secretário-geral adjunto da UGT é parecida: "Continuamos com austeridade, continuamos a castigar em termos fiscais as famílias portuguesas, independentemente de num ou outro caso – de famílias mais numerosas – esse esforço poder ser mitigado.”
Sublinhando os impactos negativos que este Orçamento vai ter no poder de compra das famílias, o sindicalista antevê que os portugueses continuarão "com o poder de compra depauperado" e não acredita em promessas de eventuais devoluções em função do crescimento da receita fiscal.
"É evidente que há aqui falácias.
Dizer às pessoas que, se houver cobrança de impostos, se houver condições favoráveis, poderá deduzir-se alguma coisa em IRS em 2016 são promessas que não têm sustentação", criticou.
O dirigente sindical lembrou que no próximo ano há eleições legislativas e que a partir de Outubro ou Novembro entrará em funções outro governo.
"O Governo não pode responsabilizar-se, nem pode tentar impor ao próximo governo determinado tipo de medidas", alegou.
Nobre dos Santos, que é também sindicalista da função pública, disse ainda que a situação nas administrações públicas é de grande carência e que após o fim do programa de ajustamento financeiro não deveriam permanecer congeladas as progressões nas carreiras e os salários.
"Já podíamos ter um Orçamento diferente, como foi promessa do Governo", lamentou.
Comércio e Serviços - Pelo lado dos patrões, o presidente da Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP), João Vieira Lopes, disse que continua sem ver a "luz ao fundo do túnel" em relação à recuperação económica, perante este OE.
"O modelo permanece.
Com esta lógica não vemos a luz ao fundo do túnel em relação à recuperação da economia, isso é que é a questão que nos preocupa fundamentalmente", afirmou João Vieira Lopes, ressalvando que o documento completo é extenso e necessita de uma análise mais detalhada.
Apesar de destacar que a ausência de novas subidas de impostos é positiva, o presidente da CCP acrescentou que "continua a tentar-se conciliar uma política de austeridade com o crescimento em moldes que parecem inviáveis".
"A expectativa de crescimento de 1,5% parece-nos claramente optimista.
O facto de, tendo em conta a estrutura da economia portuguesa, se pretender que haja um crescimento de 4,7% nas exportações e de apenas 4,4% nas importações para este tipo de crescimento parece-nos completamente irrealista", declarou João Vieira Lopes.em "luz ao fundo do túnel"
Sem comentários:
Enviar um comentário