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sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Amílcar Morais Pires diz que Ricciardi era uma pessoa muito importante no BES

Amílcar Morais Pires, antigo administrador financeiro conclui que fazia parte de um exército que perdeu
Ana Suspiro e Edgar Caetano
11 de Dezembro de 2014
ACTUALIZADO
A audição do ex-CEO do BES esteve limitada pelo segredo de justiça no caso Eurofin. Morais Pires disse que não era o número 2 do BES. Havia outras pessoas muito importantes, como Ricciardi.

Amílcar Morais Pires valoriza o papel de José Maria Ricciardi na gestão do Banco Espírito Santo (BES). 
Dois dias depois de o presidente do BESI ter relatado o seu distanciamento e as críticas e denúncias que fez da gestão liderada por Ricardo Salgado, o antigo administrador financeiro assegura que não era o número 2 no banco e realça que “havia outras pessoas muito importantes a trabalhar no BES”, citando o nome de José Maria Ricciardi. 
Morais Pires responde esta quinta-feira na comissão parlamentar de inquérito ao atos de gestão do BES e do Grupo Espírito Santo.

Para o ex-CFO do BES, “Não é justo dizer que o nome de Ricciardi só estava no papel, era co-responsável com Goes (pelo departamento de gestão de risco) e administrador comum da ESI (Espírito Santo Internacional) e do BES”. 
Assinala ainda que talvez esta área (que avalia o risco das operações comerciais e financeiras) não devesse estar na área de investimento, que era da tutela do ainda presidente do BESI. 
Reconhece contudo que Ricardo Salgado era uma pessoa muito bem informada e que se preocupava com os detalhes.

“Havia o ‘dono disto tudo’ [uma alusão à reputação de Ricardo Salgado], mas eu não era o faz tudo”, no Banco Espírito Santo. 
No final da audição o deputado socialista José Magalhães concluiu que Morais Pires era o “faz nada”.

O ex-CFO do banco aproveitou a sua intervenção inicial para explicar com clareza quais as suas funções e competências e quais pertenciam a outros administradores, incluindo ao presidente executivo. 
O gestor avisou logo que não falaria sobre as obrigações colocadas via Eurofin, porque estas operações estão em segredo de justiça no quadro de um processo-crime. 
Morais Pires confirma que recusou colaborar na auditoria da Price que identificou o problema e na auditoria forense.

Quando confrontado com as responsabilidades da área financeira que desenvolveram estas operações, Morais Pires sublinha que Isabel Almeida, diretora financeira do BES, “tinha plena autonomia para gerir o seu departamento, era diretora geral”. 
Mas numa nova alusão à intervenção de José Maria Ricciardi, Morais Pires ironiza “não me escuso dizendo que viajava 48 das 52 semanas do ano. 
“Reportava a mim, é certo, mas também, nas minhas ausências, a Ricardo Salgado”

Sobre o colapso do BES, Amílcar Morais Pires garante que alertou, sobretudo numa reunião de 11 de julho, que o BES estava a viver uma “tempestade perfeita”, uma situação de grande stress, pelo que não aprovava as declarações públicas de conforto em relação ao banco.

O antigo administrador financeiro do banco assegura que cumpriu a sua função como administrador ao fazer estes alertas. 
O ex-CFO conclui ainda que “antes de ser uma crise de capital, foi uma crise de liquidez”, numa referência à fuga de depósitos que se acelerou no início de julho.

O antigo administrador financeiro assumiu a responsabilidade sobre o BESA em maio de 2012. 
Morais Pires reconhece que havia problemas de governo com a gestão de Álvaro Sobrinho, que demoraram um ano a resolver, mas garante que só soube do crédito descontrolado da filial angolana na assembleia geral do BESA realizada em outubro de 2013 que mais tarde originou à concessão da garantia soberana de Angola.

Morais Pires recusou sempre revelar a lista dos clientes que teriam recebido os tais créditos do BES. 
Explicou que a garantia tinha em anexo a lista de todos os créditos, mas assegura que nunca a viu.

Morais Pires nunca reuniu com o governador

Sobre a sua indicação para o cargo de presidente da comissão executiva do BES, em substituição de Ricardo Salgado, Morais Pires assegura que nunca teve uma conversa com o governador sobre a questão da sua idoneidade, “fazia fé no que o Dr. Ricardo Salgado me dizia”. 
Realça ainda que o comunicado de 20 de junho em que o Banco de Portugal assume dúvidas sobre a idoneidade dos nomes inicialmente propostos, Morais Pires realça que esta posição provocou um grande nervosismo nos investidores. 
E mais tarde na audição qualificou mesmo de “lamentável” o desfecho relativo ao recuo na escolha dos novos órgãos sociais do BES.

O gestor defende que teria sido possível uma outra solução para o BES e alinha na tese de Salgado da importância de manter o grupo a flutuar. 
Não se devia interromper o ciclo de financiamento do banco para o grupo. 
Mesmo que tudo tivesse sido vendido a um bom preço, faltavam 2400 milhões de euros, e por isso era necessário um financiamento intercalar até que se concretizasse o aumento de capital da Rioforte.

Morais Pires diz ainda que 80% do aumento da exposição do banco ao grupo, em particular à Espírito Santo Financial Group) foi aprovado em conselho de administração e pelos órgãos competentes do banco.

Para Morais Pires, o momento crítico para o BES foi setembro de 2013 quando foram conhecidos pela primeira vez os problemas financeiros e irregularidades da Espírito Santo Internacional. 
Quando foram conhecidas as contas da ESI, “todos nós ficamos desapontados e dececionados. 
Mas cada um reage à sua maneira”. 
O ex-CFO lembra ainda que “quem assinou as actas está comprometido. 
Confiram quem assinou”.

Do lado do banco só o “Dr Ricardo” poderia dizer à PT para investir na Rioforte

Ainda sobre a Portugal Telecom, o ex-CFO do BES e antigo administrador da operadora assegura que nunca deu sugestões de investimento na Rioforte. 
Quando questionado sobre quem o poderia ter feito da parte do banco, Morais Pires responde sem hesitar: “do lado do banco, só podia ser Dr. Ricardo”. 
Lembra ainda que o investimento da operadora era anterior à sua entrada para a gestão da PT. 
E não houve problemas até ao dia fatal.

O ex-CFO do banco confirma ainda que mostrou reservas quanto à avaliação feita da Tranquilidade, da responsabilidade do BESI, que levou a seguradora a ser entregue como garantia para uma provisão de 700 milhões de euros.

Questionado sobre as lições e autocrítica, Morais Pires afirmou que o BES “era um exército que tinha um general, eu era uma alta patente e esse exército perdeu”. 
Assinala que eram 25 à volta da mesa, e pessoas altamente qualificadas. 
Há um momento decisivo que abala a confiança que é o etricc II (quando foi detetada a situação da Espírito Santo Internacional), considera Morais Pires. 
Mas acrescenta que muitos acreditaram que era possível salvar o grupo até ao momento fatal.

11 DEZ 2014 17:30
Amílcar Morais Pires já chegou às 16h30 com um único acompanhante que trazia uma pasta com rodinhas, presume-se cheia de documentos e aguarda numa sala ao lado daquela em que irá decorrer a audição
11 DEZ 2014 17:34
Amílcar Morais Pires entra na sala com o advogado Raul Soares da Veiga que representou Duarte Lima no caso Homeland
11 DEZ 2014 17:36
O ex-CFO do BES vai ler uma intervenção inicial em que invocará o segredo profissional e o sigilo de justiça, O primeiro pode ser levantado por decisão da comissão de inquérito. 
11 DEZ 2014 17:37
O segredo de justiça invocado resulta de ter tido conhecimento dos processos por via de mandatos de busca, mesmo que não tenha sido constituído arguido, explica Fernando Negrão. 
11 DEZ 2014 17:38
Deputados votaram já o levantamento do segredo profissional bancário antes de Amílcar Morais Pires começar a intervenção
11 DEZ 2014 17:41
Morais Pires entrou no BES ainda o banco era público e fez lá toda a sua carreira bancária. Foi eleito para a comissão executiva em 2004, tendo sido a sua última intervenção em 11 de julho de 2014
11 DEZ 2014 17:41
A área internacional era uma das que estavam sob a sua tutela, incluindo o BESA desde maio de 2012
11 DEZ 2014 17:43
Havia departamentos importantes no BES que não pertenciam ao seu pelouro, como o da contabilidade e planeamento que era de Ricardo Salgado que tinha ainda a responsabilidade do contato com os investidores
11 DEZ 2014 17:45
Só “fui administrador do BES e subsdiárias e nunca tive funções fiduciárias acima (Grupo Espírito Santo)”. A compliance estava a cargo do Salgado, tendo passado nos últimos meses para António Soto. Morais Pires faz uma descrição detalhada de funções no banco, sublinhando as que não eram da sua tutela
11 DEZ 2014 17:46
Em maio de 2012, a área internacional do BES passou a estar sob o acompanhamento de Morais Pires que passou a seguir as filiais de Espanha e Angola. O ex-CFO detalha o trabalho feito em Espanha, que utilizou a imagem de Cristiano Ronaldo.
11 DEZ 2014 17:50
Morais Pires descreve os desafios do BES Angola. O primeiro foi o governance. O presidente Álvaro Sobrinho resistiu à mudança de reporte de Salgado para Morais Pires.
11 DEZ 2014 17:52
Em 2012, o BESA estava dependente do mercado interbancário e do BES devido à fraca base de depósitos. Mas até outubro de 2013, quando se realizou a célebre assembleia geral, “nenhum alerta me foi transmitido sobre a qualidade da carteira de crédito”.
11 DEZ 2014 17:53
Morais Pires diz que foi iniciado um plano de ação para corrigir o problema de liquidez, quando ainda não tinha informação sobre problemas de crédito 
11 DEZ 2014 17:55
O atraso no início dos trabalhos da comissão executiva agravou o nível de liquidez em moeda local. Lidar com o problema do governance demorou um ano e foi necessário o apoio dos acionistas angolanos.
11 DEZ 2014 17:56
Só depois, os acionistas decidem realizar um aumento de capital do BESA no final de 2013 de 500 milhões de dólares. Este é um momento crítico, em que os acionistas angolanos Geni e Portmill, deram um voto de confiança
11 DEZ 2014 17:58
Na assembleia geral de outubro de 2013, que começou a 13 e foi retomada a 20, participaram Ricardo Salgado e Álvaro Sorinho e sócios angolanos. A ata que refere os problemas de crédito foi entregue ao BNA e acionistas
11 DEZ 2014 17:59
Em outubro de 2013, Morais Pires esteve com Ricardo Salgado na reunião com o presidente angolano do qual resultou a garantia da República de Angola de 5,7 mil milhões de dólares com data de 31 de dezembro de 2013
11 DEZ 2014 18:00
O Estado angolano compromete-se a pagar todos os créditos em incumprimento ao BESA. Cobre 70% da carteira de crédito total e anula grande parte do risco de crédito. A KPMG não emitiu qualqure ênfase. 
11 DEZ 2014 18:02
Mas o Banco de Portugal entendeu não reconhecer a relevância da garantia para efeitos de relevância prudencial, apesar de pareceres apresentados pelo BES nesse sentido. 
11 DEZ 2014 18:03
Esta garantia soberana foi fundamental para assegurar a cobertura à exposição do BES ao BESA em 3,15 mil milhões de euros (Morais Pires usa o valor do prospecto). O BES consolidava o BESA no seu ativo, pelo que devido à garantia, não havia necessidade de provisão
11 DEZ 2014 18:06
“Não posso falar sobre as operações Eurofin porque estão no centro de um processo crime.” Mas Morais Pires quer deixar dois esclarecimentos. Uma coisa é a emissão das obrigações, outra é a circularização destes títulos. Diz ainda que as sociedades veículo alegadamente usadas estão registadas no Crédit Suisse, existem há mais de dez anos e são auditadas pela KPMG.
11 DEZ 2014 18:07
No aumento de capital, Morais Pires explica que pela primeira vez foi pedida uma tomada firme de 100% ao sindicato bancário porque os acionistas de referência reduziram a sua posição. A operação começou em março e foi liquidada a 16 de junho. 
11 DEZ 2014 18:09
“É minha conviccão que o banco foi escrutinado de forma muito profunda” aquando do aumento de capital
11 DEZ 2014 18:12
Apesar dos problema identificados no prospeto, desde angola até às contas da ESI, o aumento de capital foi um sucesso. Logo a seguir, Ricardo Salgado anuncia demissão, dois dias antes, a 18 de junho, pede a Morais Pires que lidere a comissão executiva “Nunca tive nenhuma interacção com o governador, fiz fé no que Ricardo Salgado me disse”
11 DEZ 2014 18:13
Morais Pires lembra que a sua missão era terminar o mandato. O comunicado do Banco de Portugal, em que diz que vai analisar a idoneidade dos nomes propostos, “gerou perturbação nos mercados”
11 DEZ 2014 18:17
Face ao acentuar das situações de stress, o banco iniciou um plano de recapitalização com fundos privados, tendo sido contratada a Blackstone. Na acta da reunião de 11 de julho, a última em que Morais Pires participou, descreve uma “tempestade perfeita”. 
11 DEZ 2014 18:19
Perdeu-se em minha opinião a última oportunidade de recapitalizar o BES, no fim de semana de 12 e 13 de julho. Morais Pires não apoiava as manifestações públicas de conforto das autoridades.
11 DEZ 2014 18:20
“Os meus receios expressos a 11 de julho, infelizmente, concretizaram-se”, diz Amílcar Morais Pires.
11 DEZ 2014 18:20
Os receios expressos na reunião de 11 de julho concretizaram-se com a saída de depósitos e o fim dos créditos interbancários. Antes de ser uma crise de capital, foi uma crise de liquidez. 
11 DEZ 2014 18:22
Começa a primeira ronda de perguntas. O primeiro deputado é Miguel Tiago, do PCP.
11 DEZ 2014 18:22
Além de Morais Pires, diz o próprio, também o representante de Crédit Agricole concordou que o BES estava numa “situação de stress”. Isto na reunião de 11 de julho.
11 DEZ 2014 18:26
Se houver uma fuga de depósito de 15%, nenhum banco resiste e o BES já estava acima disso, explica. Morais Pires conta que teve de atender uma chamada da Reserva Federal que queria saber o que se passava em BES.
11 DEZ 2014 18:27
Perdeu-se em minha opinião a última oportunidade de recapitalizar o BES, no fim de semana de 12 e 13 de julho. Morais Pires não apoiava as manifestações públicas de conforto das autoridades.
11 DEZ 2014 18:28
PCP pergunta a Morais Pires se contactou os reguladores por não se sentir confortável com as garantias de conforto dadas em público. “As atas são assinadas e imediatamente entregue às autoridades respetivas”. Ainda se fala na ata de 11 de julho.
11 DEZ 2014 18:28
Morais Pires tinha consciência que tinha alertado para tudo junto das autoridades de supervisão quando produziu as declarações para a reunião a 11 de julho. “Nunca tive uma reunião privada com o governador do Banco de Portugal”
11 DEZ 2014 18:29
Essa era uma função de Ricardo Salgado, o presidente da comissão executiva.
11 DEZ 2014 18:30
Na minha avaliação técnica, o banco entra em crise primeiro pela liquidez, depois pelo capital, explica Morais Pires em resposta a Miguel Tiago. E diz que não teve mais nenhuma intervenção
11 DEZ 2014 18:31
Vítor Bento chegou a convidar Morais Pires para continuar com a área internacional, como chegou a ser noticiado na altura.
11 DEZ 2014 18:32
“Eu, Amílcar Morais Pires, cumpri a minha função como administrador”, quando descreveu a situação do BES na última reunião de 11 de julho. 
11 DEZ 2014 18:33
“O banco vai encostar rapidamente à ELA”, a facilidade de emergência de liquidez do eurosistema. Este foi um alerta que Morais Pires deu nas reuniões de conselho de administração.
11 DEZ 2014 18:34
PCP pergunta a Morais Pires quando é que este teve conhecimento da situação na ESI (Espírito Santo International). 
11 DEZ 2014 18:34
“Há na opinião pública uma ideia de que eu tinha todos os pelouros”, começa por dizer Morais Pires.
11 DEZ 2014 18:36
“Tive conhecimento ao mesmo tempo que os meus colegas do conselho de administração”, em dezembro. “Sabia que havia dificuldades financeiras na ESI, o aumento inusitado do passivo, durante o quarto trimestre de 2013″.
11 DEZ 2014 18:36
“Era um colega meu que acompanhava esse dossiê”, garante Morais Pires.
11 DEZ 2014 18:36
PCP está cético que o CFO só soubesse dos problemas com o ETRICC (o exame do Banco de Portugal).
11 DEZ 2014 18:38
Como CFO, Morais Pires “não era responsável pelo departamento de planeamento, o que é muitas vezes a função de um CFO”. O mesmo acontece com a relação com mercados. Morais Pires diz que a sua carreira passou pela gestão da carteira de dívida pública e pela tesouraria. Morais Pires ganhou um contacto com o mercado e os investidores anglo-saxónicos.
11 DEZ 2014 18:40
“O CFO só sabe [dos problemas do ESI] nessa altura porque há uma separação entre controlo de risco, de crédito, de mercados, operacional e ‘ratings'”, responde Morais Pires. Além disso, a partir de maio de 2012, a Comissão Executiva pediu a Morais Pires para liderar o departamento internacional (Espanha e Angola). “Eu não recebi informação antes, e fazia plena fé, porque havia um colega meu, do risco, que acompanhava isso no dia a dia“.
11 DEZ 2014 18:43
Morais Pires diz também que só conhecia o ES Liquidez porque era distribuído pelo banco, não era responsável pela gestão do fundo. O ex-CFO do BES diz que o problema do ES Liquidez foi a avaliação de risco, que “era da responsabilidade de José Maria Ricciardi desde sempre e do Dr. Joaquim Goes nos últimos anos”
11 DEZ 2014 18:44
“Eu não era administrador do banco em 2001″, nunca viu nenhum documento de auditoria dessa altura, diz Morais Pires em resposta a mais uma pregunta de Miguel Tiago, do PCP. Deputado que agora pergunta sobre as operações ruinosas com obrigações.
11 DEZ 2014 18:45
Morais Pires volta a invocar o segredo de justiça “em todas as questões relacionadas com o Eurofin”.
11 DEZ 2014 18:47
Morais Pires diz que não sabe de que obrigações Miguel Tiago está a falar, obrigações cuja ficha técnica está assinada por Morais Pires. O PCP pede a Fernando Negrão para passar este documento a Morais Pires, o que acontece. Morais Pires folheia os papéis.
11 DEZ 2014 18:48
“Não me recordo desta emissão, se foi em 2012, e não sei quem foram os subscritores”, diz o antigo CFO. Morais Pires alerta que nessa altura as taxas de juro estavam altas por ser o pico da crise da dívida. “O sr. deputado está à vontade para pedir ao banco” informações sobre esta emissão.
11 DEZ 2014 18:50
As emissões tinham uma taxa de cerca de 12%. “Naquela altura, o BES aumentou a sua exposição à dívida pública portuguesa, e esta chegou a ter no mercado taxas de juro de 16 e 17%”. “Houve momentos em que se pensou que Portugal não iria recuperar”.
11 DEZ 2014 18:54
Morais Pires não irá falar sobre a triangulação das obrigações através da Eurofin, “limitado” pelo segredo de justiça.
11 DEZ 2014 18:56
“Não me venha dizer que era o CFO que fazia a avaliação de risco”, diz Morais Pires. Miguel Tiago não acredita que um administrador financeiro não tenha conhecimento do que se passava na ESI.
11 DEZ 2014 18:57
O departamento de risco global atribuiu um “rating” que dava uma probabilidade muito baixa de incumprimento à dívida do grupo.
11 DEZ 2014 18:58
A KPMG disse, na altura, segundo Morais Pires, que os ativos da ESI cobriam os passivos em 129%. “Que mais perguntas tinha eu de fazer?”, pergunta Morais Pires.
11 DEZ 2014 18:58
“Tinha plena consciência do aumento do passivo e que o perímetro de consolidação poderia não estar completo”, diz Morais Pires.
11 DEZ 2014 19:00
Mas Morais Pires diz que confiou na KPMG que, então, dizia que os ativos da ESI superavam os passivos.
11 DEZ 2014 19:01
Estou aqui como cidadão, que viu a carreira bancária interrompida ao cabo de 28 anos, diz Morais Pires. O antigo administrador financeiro saliente que não era o “faz tudo”. Havia o “dono disto tudo” mas eu não era o “faz tudo”.
11 DEZ 2014 19:03
“Eu só tomei responsabilidade de acompanhar o BESA em maio de 2012″, diz Morais Pires. “Eu não tenho nenhuma questão com Álvaro Sobrinho, talvez não seja recíproco”, diz Morais Pires, sobre o que diz serem as famigeradas “guerras entre Morais Pires e Álvaro Sobrinho”
11 DEZ 2014 19:06
O BESA era suposto ter no dia 30 de junho o acesso “sem nenhuma restrição de âmbito” ao relatório da KPMG sobre o banco angolano. “Quando se consolidavam as contas do BESA em Lisboa, nunca houve nenhum ênfase”. A KPMG nunca encontrou nada relevante nas contas de Angola que justificasse uma atenção especial ao banco em Lisboa, acusa Morais Pires.
11 DEZ 2014 19:07
PCP pergunta se Morais Pires orientava o trabalho de Isabel Almeida (diretora do departamento de mercados). Outra questão de Miguel Tiago também sobre a ESCOM. Terceira pergunta: “O BES não faliu, foi forçado a desaparecer”, uma declaração de Salgado recuperada por Miguel Tiago, que pergunta a Morais Pires que avaliação faz da gestão do Banco de Portugal do processo de sucessão”.
11 DEZ 2014 19:09
A Isabel Almeida “tinha plena autonomia para gerir o seu departamento, era diretora geral”. “E não me excuso dizendo que viajava 48 das 52 semanas do ano”., ironiza Morais Pires. “Reportava a mim, é certo, mas também, nas minhas ausências, a Ricardo Salgado”
11 DEZ 2014 19:09
Sobre a ESCOM, “segredo de justiça”. A informação que Morais Pires tem é pública. 
11 DEZ 2014 19:10
Sobre o Banco de Portugal: “O BES tinha de desaparecer? Eu acho que não. Esta é a convicção do cidadão Amílcar Morais Pires“.
11 DEZ 2014 19:11
“O BES tinha de desaparecer? Eu acho que não. Esta é a convicção do cidadão Amílcar Morais Pires“. “Eu não sou da família Espírito Santo. Sou um modesto acionista”.
11 DEZ 2014 19:12
Morais Pires: “Imagine que o BES tinha 7,1% de capital no dia 30 de julho. Quantos dias é que acha que o banco subsistiria ligado à máquina da ELA?”, pergunta Morais Pires, continuando. “Então a questão era de liquidez e capital?”
11 DEZ 2014 19:13
“Se eu me esforcei no dia 11 de julho para convencer os meus colegas a aceitarem uma capitalização privada, por maioria de razão achava que era possível” salvar o banco.
11 DEZ 2014 19:14
Mariana Mortágua, do Bloco de Esquerda, pergunta a Morais Pires se tinha responsabilidades na ESAF. Era administrador não-executivo.
11 DEZ 2014 19:16
Mariana Mortágua pergunta a Morais Pires sobre a emissão de dívida em novembro de 2012, a três anos, que foi retratada como um “sucesso”. Como é que só aí houve mercado para uma emissão a três anos e, em abril, foi possível emitir dívida a sete anos?
11 DEZ 2014 19:18
“É normal”, garante Morais Pires (emitir dívida a sete anos em abril). “Há emissões públicas, junto dos investidores, e há colocações privadas”.
11 DEZ 2014 19:23
O ex-CFO confirma que não quis participar na auditoria da Price às operações com obrigações via Eurofin, nem na auditoria forense. A seu tempo se saberá a verdade, acrescentou. “Espero que tudo se esclareça a bem de todos”.
11 DEZ 2014 19:27
Morais Pires reconhece a responsabilidade pelas emissões que depois, segundo Mariana Mortágua, foram usadas para infligir perdas ao banco através das operações ruinosas. O antigo CFO salienta que uma coisa são as emissões, outra coisa são os veículos, e isso está em segredo de Justiça.
11 DEZ 2014 19:28
“Eu estou aqui de coração aberto, mas tenho o limite da lei”, diz Morais Pires, numa referência ao segredo de Justiça, mais uma vez invocado pelo antigo CFO.
11 DEZ 2014 19:30
Mariana Mortágua pergunta se Morais Pires sabe dizer o que era a ES Resources e onde estava sediada. “Não sei, senhora deputada”.
11 DEZ 2014 19:33
Morais Pires também “não tinha a responsabilidade sobre as redes de distribuição. Não podia controlar o que era vendido ao balcão, que ordens verbais ou escritas foram dadas”
11 DEZ 2014 19:34
Mariana Mortágua pergunta se o BES tinha um acordo com a Eurofin para que se os clientes quisessem vender as obrigações e não se tivesse chegado à “rentabilidade objetivo”, o Eurofin tomava-as. “Segredo de Justiça”, diz Morais Pires.
11 DEZ 2014 19:35
A deputada do BE pergunta sobre a ES Tourism. “O BES era um grupo aberto, com várias funções, tinha o BEST com vários fundos a serem vendidos, tinham o Private Banking, e todos tinham autonomia para negociar essas obrigações”.
11 DEZ 2014 19:36
“ES Tourism” deve querer dizer ES Turismo, responde Morais Pires, entre sorrisos. “Julgo que era uma antiga empresa do GES de quem a administração achava que tinha sido vendida, não tenho mais informação”.
11 DEZ 2014 19:37
A empresa foi vendida em agosto de 2013, algo que Morais Pires não sabia. Mesmo numa das últimas reuniões de conselho de administração, Morais Pires não sabia.
11 DEZ 2014 19:38
Mariana Mortágua diz que a ES Tourism, que terá sido vendida por um euro, tinha como único ativo dívida da ESI e colocava essa dívida no BES. “Fez confusão” a Morais Pires e aos outros administradores, diz o antigo CFO, nunca ninguém soube de nada.
11 DEZ 2014 19:40
“A Comissão Executiva do dia 7 de julho, quando averiguou que havia ES Tourism na custódia” pediu informações “porque não tinha sido informada”.
11 DEZ 2014 19:41
Quando foi vendida, a ES Tourism, devia ter mudado de nome, mas como isso não foi indicado à Comissão Executiva. A venda não foi reportada à Comissão Executiva.
11 DEZ 2014 19:44
Morais Pires sublinha que não tinha responsabilidades na Espírito Santo Internacional (ESI) a propósito da venda da ES Tourism
11 DEZ 2014 19:46
Mas confirma uma reunião da comissão executiva que discutiu a exposição do BES às empresas do GES, onde a ES Tourism foi referida
11 DEZ 2014 19:47
O deputado do PSD Duarte Marques pergunta se Salgado sabia de tudo no BES. Morais Pires diz que era natural uma vez que era presidente, lembrando que a banca é presidencialista
11 DEZ 2014 19:50
O Dr. Salgado era uma pessoa informada e que se preocupava com os detalhes, acrescenta. Morais Pires refere que havia outras pessoas muito importantes a trabalhar no banco, como José Maria Ricciardi. Ex-CFO alega que não era o número dois no BES 
11 DEZ 2014 19:52
A responsabilidade indirecta do GES ao BES reduziu-se significativamente em 2014, defende Morais Pires, citando números sobre a evolução da divida da ESI nos clientes do BES
11 DEZ 2014 19:54
Duarte Marques lembra que Ricciardi fugiu à responsabilidade sobre a gestão do risco e pergunta se acha que essa área foi negligenciada. “Não é justo dizer que o nome de Ricciardi só estava no papel, era co-responsável com Goes e administrador comum da ESI e do BES”
11 DEZ 2014 19:55
Duarte Marques lembra que Ricciardi fugiu à responsabilidade sobre a gestão do risco e pergunta se acha que essa área foi negligenciada. “Não é justo dizer que o nome de Ricciardi só estava no papel, era co-responsável com Goes e administrador comum da ESI e do BES”
11 DEZ 2014 19:58
“Eu não entrava mudo e saía calado” nas reuniões de administração. Morais Pires admite que o modelo de governance tinha as suas vantagens e desvantagens, relembrando as responsabilidades de cada um. E lembra que o próprio Salgado admitiu que o modelo do conglomerado encerra em si conflitos de interesse insanáveis. 
11 DEZ 2014 19:59
“Eu não entrava mudo e saía calado” nas reuniões de administração. Morais Pires admite que o modelo de governance tinha as suas vantagens e desvantagens, relembrando as responsabilidades de cada um. E lembra que o próprio Salgado admitiu que o modelo do conglomerado (grupo financeiro com área não financeira) encerra em si conflitos de interesse insanáveis. 
11 DEZ 2014 20:00
Por exemplo, “o risco não deveria estar na banca de investimento”, numa alusão à responsabilidade às funções de Ricciardi. Há sempre melhorias. O modelo tinha virtudes e defeitos. 
11 DEZ 2014 20:03
Há muito que Morais Pires vinha manifestando divergências estratégicas sobre o racio credito/depósitos na filial angolana. O ex-CFO lembra que Sobrinho gozava de uma grande autonomia e só reportava ao Dr. Ricardo. Era uma intrusão (passagem da pasta para Morais Pires) que não gostou. 
11 DEZ 2014 20:07
“Nunca mais participei numa reunião depois de dia 11, mas não tive participação nos órgãos sociais até à minha resignação a 23 de julho”, tendo-se desvinculado do BES. Morais Pires desconhece se Isabel de Almeida foi a despacho a casa de Salgado, em resposta a Duarte Marques 
11 DEZ 2014 20:08
Morais Pires remete perguntas sobre as contas “marteladas” da ESI para o risco (ou seja a área tutelada por Ricciardi) 
11 DEZ 2014 20:10
Duarte Marques pergunta se Morais Pires alguma vez reportou situações ao Banco de Portugal. O ex-CFO explica que nos últimos seis meses, as cartas com o Banco de Portugal eram dadas a conhecer 
11 DEZ 2014 20:12
Quando foram conhecidas as contas da ESI, “todos nós ficamos desapontados e decepcionados. Mas cada um reage á sua maneira. E quem assinou as actas está comprometido. Confiram quem assinou”
11 DEZ 2014 20:14
Quando um administrador assina uma acta, esteja calado ou não, responsabiliza-se, lembra Morais Pires a propósito do conhecimento sobre a situação financeira do grupo
11 DEZ 2014 20:15
Entre o dia 11 e o 30 de julho poderia ter havido mais soluções para evitar o desfecho que houve, responde Morais Pires a propósito das intervenções públicas das autoridades
11 DEZ 2014 20:16
O ex-CFO defendeu que se deveria ter avançado logo com uma task-force para falar com investidores, mas era preciso o OK do Banco de Portugal
11 DEZ 2014 20:18
Duarte Marques questiona Morais Pires sobre ESI, Angola e as prendas e relações de José Guilherme com Ricardo Salgado. Morais Pires remete as respostas para Salgado sobre se este saberia da situação da ESI antes de 2013. 
11 DEZ 2014 20:19
Cita José Maria Ricciardi para argumentar que não sabia do descontrolo do crédito em Angola. Morais Pires recusa responder sobre José Guilherme
11 DEZ 2014 20:22
Começa o PS a colocar perguntas através de Ana Paula Vitorino que quer saber o papel do BESI na engenharia financeira do GES. Morais Pires explica que o BESI definia a ficha técnica e quando havia tomada firme pelo banco estas emissões passavam por um comité alto liderado por Ricardo Salgado
11 DEZ 2014 20:25
O BESI estava integrado em algumas áreas do BES, como a sala de mercados e no departamento financeiro, explica Morais Pires
11 DEZ 2014 20:26
Morais Pires diz que não sabe, “nem quer saber” quem são os clientes com crédito malparado do BESA (Angola). O auditor, a KPMG Angola, tinha a lista dos créditos que estava num anexo à garantia soberana
11 DEZ 2014 20:29
Ana Paula Vitorino diz que é difícil compreender como ninguém no BES consegue explicar como se atingiu o valor do crédito concedido em Angola (5,7 mil milhões de dólares)
11 DEZ 2014 20:30
Sobre o crédito de 3,15 mil milhões ao BESA, Morais Pires diz que é normal haver empréstimos interbancários dentro do grupo e diz que em Espanha o financiamento chegou a ultrapassar os dois mil milhões de euros. 
11 DEZ 2014 20:31
É pertinente perguntar à KPMG Angola qual foi a avaliação dos créditos que fez em 2012 e porque havia limitação de âmbito, adianta Morais Pires,
11 DEZ 2014 20:34
Morais Pires desconhece se o crédito concedido pelo BESA voltou a Portugal. 
11 DEZ 2014 20:35
De volta à reunião do dia 11 de julho, Morais Pires disse não ter recebido qualquer ameaça de Luanda de que a garantia poderia ser revogada. Morais Pires acha que foi a resolução do BES que levou à perda da garantia
11 DEZ 2014 20:36
Morais Pires desconhece as provisões extra que foram constituídas nas contas semestrais, porque não teve acesso à auditoria 
11 DEZ 2014 20:39
Ana Paula Vitorino questiona se Angola tem a ver com as necessidades de capital do Novo Banco. Morais Pires realça que havia um problema de liquidez que não era resolvido com a ajuda de emergência. Dez euros de empréstimo exigem 100 euros de ativos
11 DEZ 2014 20:40
Não sei qual era o nível de oneração do BES português associado à emergência de liquidez (ELA) que foi concedida nos últimos dias antes da resolução. Admite que Angola também pesou
11 DEZ 2014 20:44
O BES já tinha uma exposição direta e indireta (clientes) de quatro mil milhões ao GES. Em setembro de 2013, talvez fosse possível salvar o banco do grupo. Mas para um gestor era difícil. Se fosse interrompido o ciclo de financiamento do GES, a dívida rebenta
11 DEZ 2014 20:46
Deveria ter sido encontrada uma solução. O problema não se resolvia em deixar cair as empresas. Não se podia interromper o ciclo de financiamento. O problema, conclui Morais Pires, não ficaria resolvido com a mudança da gestão e a saída da família 
11 DEZ 2014 20:48
Isso foi dito ao Banco de Portugal em relação à Rioforte e como Ricardo Salgado tinha a expetativa de conseguir um aumento de capital na holding do GES. Mas houve uma interrupção do financiamento das empresas ao mesmo tempo que uma sucessão
11 DEZ 2014 20:52
“É uma boa questão”, quando questionado sobre porque é que o banco não recorreu à linha de recapitalização da troika. Morais Pires retoma explicação de Salgado sobre a reduzida exposição a dívidas soberanas
11 DEZ 2014 20:54
O “Estado nunca iria injetar dinheiro no BES para tapar o buraco da ESI (Espírito Santo Internacional), defende Morais Pires” sobre o recurso mais recente à recapitalização. 
11 DEZ 2014 20:57
Então qual era a solução, pergunta Ana Paula Vitorino. Acho que o BES deveria ter sobrevivido, poderia ter-se feito mais nos dias antes da resolução. O fundo de resolução expõe os contribuintes ao risco, defende 
11 DEZ 2014 20:59
Mais quais as alternativas, insiste a deputada? As várias partes deviam reconhecer que não poderia haver a interrupção do ciclo de financiamento ao GES. Podia ter sido pedido que a Blackstone interviesse para apoiar uma recapitalização privada
11 DEZ 2014 21:01
Deveria ter sido feito o processo gradual e com rigor a venda dos ativos do grupo e deveria ter sido permitido realizar o aumento de capital da Rioforte. O GES iria diluir a sua presença económica no banco 
11 DEZ 2014 21:04
E qual é o momento mais determinante para o desfecho do BES? Segundo Morais Pires, que trata Ana Paula Vitorino, por sra engª deputada, o momento crítico foi setembro de 2013. Nesta data foi conhecida a situação financeira da ESI.
11 DEZ 2014 21:09
A palavra passou agora para a deputada do CDS, Cecília Meireles. Morais Pires diz que o banco perdeu mil milhões de depósitos até 11 de julho, depois perde mais de cinco mil milhões
11 DEZ 2014 21:11
E quem mandava no banco quando Salgado se demitiu? Era o presidente em exercício até à entrada de Vítor Bento, portanto Ricardo Salgado. 
11 DEZ 2014 21:16
“Penso que 80% da exposição do banco ao GES passou pela comissão executiva” e pelos órgão competentes do banco 
11 DEZ 2014 21:21
A deputada do CDS quer saber como foi passagem da dívida do GES da Espírito Santo Liquidez para o papel comercial da ESI vendido aos clientes do BES. Morais Pires invoca o rating da ESI (Espírito Santo Internacional) que dava garantias de cumprimento para o BES transmitir o papel
11 DEZ 2014 21:22
A deputada do CDS quer saber como foi a passagem da dívida do GES da Espírito Santo Liquidez para o papel comercial da ESI vendido aos clientes do BES. Morais Pires invoca o rating da ESI (Espírito Santo Internacional) que dava garantias de cumprimento para o BES transmitir o papel
11 DEZ 2014 21:25
Morais Pires confirma aumento da exposição directa do BES ao Espírito Santo Financial Group (ESFG). Todo o aumento de exposição do BES à ESFG passou pelos comités e reuniões de administração. Todas as 25 pessoas tiveram a mesma visão. 
11 DEZ 2014 21:26
Morais Pires diz que não sabia se esses financiamentos eram para substituir crédito ou se eram para aumentar o ativo.
11 DEZ 2014 21:39
A comissão interrompe agora os trabalhos para jantar durante meia hora. 
11 DEZ 2014 22:22
A audição é retomada com a segunda ronda que arranca com perguntas do deputado comunista Miguel Tiago. Morais Pires está a ser ouvido desde as 17.30
11 DEZ 2014 22:25
Os departamentos eram alvo de auditorias internas e externas. A KPMG auditava anualmente as atividades do departamento financeiro do banco, explica Morais Pires. 
11 DEZ 2014 22:32
Morais Pires descreve quem estava no comité de aprovação de créditos onde estavam representados administradores do banco e como funcionava a aprovação das operações. 
11 DEZ 2014 22:33
O ex-CFO diz não ter conhecimento de ter sido dada informação errada sobre os produtos como o papel comercial aos balcões do BES. Admite que não havia noção do risco da ESI, remetendo para o rating da empresa
11 DEZ 2014 22:34
Mariana Mortágua do Bloco de Esquerda pede respostas concretas e pergunta quando soube dos problemas do GES e se discutiu com Salgado formas de as ultrapassar
11 DEZ 2014 22:37
Uma das perguntas prende-se com os ativos que estavam nas sociedades veículo cujas acões preferenciais foram vendidas aos clientes do BES. A deputada do Bloco quer saber se estes veículos tinham dívida do GES ou obrigações do banco, retomando o tema Eurofin. 
11 DEZ 2014 22:39
E por fim aparece uma pergunta sobre o investimento da PT na Rioforte, lembrando que Morais Pires era administrador da operadora.
11 DEZ 2014 22:41
Morais Pires percebeu os problemas financeiros do GES no final do primeiro trimestre de 2013 no primeiro exame (Etricc) e volta a insistir nos ratings das empresas. Diz nunca ter discutido nenhum problema com a família. Só a ESI foi discutida ao nível da adminstração do BES
11 DEZ 2014 22:42
Na sequência dessa discussão com o Banco de Portugal foi criada uma conta especial para o reembolso dos clientes de papel comercial da ESI. 
11 DEZ 2014 22:44
O CFO não tem só por si poderes para determinar uma provisão, a propósito de Angola Terá de justificar uma imparidade com risco de perda para avançar com a provisão
11 DEZ 2014 22:47
“É verdade que questionei a avaliação da Tranquilidade”. Mesmo sendo uma indicação, como a justificou José Maria Ricciardi, é óbvio que serviu de referência para dar como garantia a seguradora no quadro da provisão de 700 milhões de euros. 
11 DEZ 2014 22:48
Quis saber porque havia uma disparidade tão grande entre o valor da provisão e o preço a que Tranquilidade foi vendida. 
11 DEZ 2014 22:49
Sobre a PT onde foi administrador, Morais Pires garante: “Nunca tomei uma iniciativa para sugerir investimentos na Rioforte ou na ESI”
11 DEZ 2014 22:51
“É verdade que questionei a avaliação da Tranquilidade”. Mesmo sendo uma indicação, como a justificou José Maria Ricciardi, é óbvio que serviu de referência para dar como garantia a seguradora no quadro da provisão de 700 milhões de euros que se destinava a proteger os clientes de retalho.
11 DEZ 2014 22:53
Pedro Alves do PSD questiona Morais Pires sobre a situação no BESA e pergunta porque o rácio de credito se agravou depois da saída de Álvaro Sobrinho
11 DEZ 2014 22:58
Morais Pires diz não ter informação sobre o agravamento da dimensão referida e lembra as medidas tomadas entretanto para controlar a concessão de crédito. Havia expetativa de uma reviravolta na situação do BESA com a atividade de empresas portuguesas. 
11 DEZ 2014 22:59
Morais Pires lembra que nunca fez parte dos órgãos sociais do BESA mas tem a certeza de que tudo aconteceu como devia a partir de 2013.
11 DEZ 2014 23:01
Amílcar Morais Pires diz que “do lado do banco só podia ser o Dr. Ricardo” a dar indicação para a PT realizar o investimento na Rioforte. Do lado da empresa, não sabe, 
11 DEZ 2014 23:05
Pedro Nuno Santos do PS questiona a utilização da Caixa para financiar o GES, assinalando o risco do contágio a outro banco e questiona a indicação de Morais Pires segundo a qual houve uma redução da exposição do BES ao GES
11 DEZ 2014 23:10
“Condição necessária, mas não suficiente”. Morais Pires frisa que a ESI (Espírito Santo Internacional) era o topo do grupo, não era uma empresa não financeira qualquer. Mesmo vendendo tudo faltavam 2,4 milhões de euros para cobrir o passivo da ESI, que era superior a seis mil milhões de euros. Era preciso entrar mais capital, como estava previsto na Rioforte.
11 DEZ 2014 23:12
Era um caso difícil, reconhece, e que exigiria sempre uma recapitalização do banco. O grupo só tinha um interesse económico de 12,5% do capital do BES. Mesmo vendendo tudo a bons preços, ainda faltavam 2,4 mil milhões de euros, a menos que se desse tempo para os ativos gerarem cash.
11 DEZ 2014 23:13
Era um caso difícil, reconhece, e que exigiria sempre uma recapitalização do banco. O grupo só tinha um interesse económico de 12,5% do capital do BES. Mesmo vendendo tudo a bons preços, ainda faltavam 2,4 mil milhões de euros, a menos que se desse tempo para os ativos gerarem cash.
11 DEZ 2014 23:20
Morais Pires admite que a gestão do BESA não seguia as melhores práticas na concessão de crédito. O banco chegou a ter uma certa má reputação. Mas garante que fez tudo o que estava ao alcance para mudar as coisas a partir de 2012. Morais Pires reafirma que a partir de 2013 existia a garantia. 
11 DEZ 2014 23:23
Cecília Meireles do CDS cita uma frase do contabilista da Espírito Santo Internacional (ESI) Machado da Cruz que terá justificado a ocultação da dívida a partir de 2008 porque era necessário para “salvar o BES”. 
11 DEZ 2014 23:26
Morais Pires lembra que o BES em 2008 tinha lucros. “Não vejo que 180 milhões fossem materiais para salvar o BES. Não vejo como a ESI poderia salvar o BES”.
11 DEZ 2014 23:28
Os ex-administradores e acionistas da ESI deviam ter exigido a consolidação da cabeça do grupo, mesmo considerando que tinham divergências, numa alusão ao conflito entre Salgado e Ricciardi, adianta Morais Pires
11 DEZ 2014 23:30
“Nunca pensei três dias após o aumento de capital que houvesse um desfecho em relação aos órgãos sociais. E acho lamentável” numa referência à recusa do Banco de Portugal em validar a sua nomeação para a presidência executiva do BES
11 DEZ 2014 23:46
Já na última ronda, João Galamba do PS deixa a questão: se o GES tivesse caído no final de 2013, a dimensão da exposição do BES ao grupo não seria suficiente para abalar os rácios do banco. 
11 DEZ 2014 23:52
José Magalhães conclui que Amílcar Morais Pires era mais o faz nada em vez do faz tudo e pergunta se não tem uma “palavrinha de autocrítica”
11 DEZ 2014 23:53
O PSD e o CDS vão pedir informação sobre os fluxos de capital entre o BES e o BESA, revela o deputado Duarte Marques 
11 DEZ 2014 23:55
Toda a ligação institucional com o governo e os reguladores era da responsabilidade de Ricardo Salgado, assinala Morais Pires quando questionado sobre a gestão política do dossiê
11 DEZ 2014 23:57
A Petróleos da Venezuela era um grande cliente do banco e a Esaf ganhou um concurso em que estava previsto que 700 milhões de euros dos recursos sob gestão poderiam ser investidos na Rioforte
11 DEZ 2014 23:59
As orientações sobre a fusão da PT com a Oi eram aprovadas na comissão executiva do BES, esclarece em resposta a Miguel Tiago.
12 DEZ 2014 0:01
Morais Pires aceita a critica de que o financiamento ao BESA foi concedido sem ter garantias de que o crédito seria reembolsado
12 DEZ 2014 0:04
Morais Pires confirma que esteve nos primeiro dez minutos numa reunião do Grupo Espírito Santo para explicar os detalhes do plano de refinanciamento da Rioforte e a emissão de valores mobiliários convertíveis para comprar as participações minoritárias nas empresas do GES.
12 DEZ 2014 0:07
Quando saiu, diz Morais Pires, o pior cenário previa mil milhões, ficou por isso surpreendido quando a provisão para a exposição do GES passou para dois mil milhões de euros. Acrescenta que não sabe o que aconteceu e porque foi determinado este aumento de imparidades pelo Banco de Portugal lembrando as críticas dos franceses.
12 DEZ 2014 0:10
Quando saiu, diz Morais Pires, o pior cenário previa mil milhões, ficou por isso surpreendido quando a provisão para a exposição do GES passou para dois mil milhões de euros. Acrescenta que não sabe o que aconteceu e porque foi determinado este aumento de imparidades pelo Banco de Portugal, lembrando as críticas dos franceses.
12 DEZ 2014 0:12
Morais Pires assinala que a exposição indireta do BES ao GES era maior do que os mil milhões assinalados no final de 2013, porque havia uma exposição indireta por via dos produtos de dívida do grupo vendidos pelo banco. E contrapõe que a exposição total era superior a cinco mil milhões de euros.
12 DEZ 2014 0:22
Quando se pertence a um exército durante anos, temos que aceitar as consequências disso. Aceitarei as consequências individuais e coletivas, Mas há detalhes como a “provisão administrativa” imposta pelo Banco e Portugal de dois mil milhões para a exposição ao GES. 
12 DEZ 2014 0:24
“Era um exército que tinha um general, eu era uma alta patente e esse exército perdeu. Éramos 25 à volta da mesa, e pessoas altamente qualificadas. Há um momento decisivo que abala a confiança que é o etricc II (quando foi detetada a situação da Espírito Santo Internacional)”, conclui Morais Pires. Mas acrescenta que a muitos acreditaram que era possível salvar o grupo.
12 DEZ 2014 0:25
Novamente sobre a PT, Morais Pires diz que o tema não foi discutido. Nunca houve um incidente até ao “dia fatal”. 
12 DEZ 2014 0:26
Morais Pires assinala que a exposição indireta do BES ao GES era maior do que os mil milhões assinalados no final de 2013, porque havia uma exposição indireta por via dos produtos de dívida do grupo vendidos pelo banco. E contrapõe que a exposição total era superior a quatro mil milhões de euros.
12 DEZ 2014 0:31
Acabou a audição. Foram cerca de sete horas de audição

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