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quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

JES RUMO A UMA DEMOCRACIA PARTICIPATIVA

Folha 8  - 20 de Dezembro de 2014
Texto: de Arlindo Santana

OS SENHORES DO NOSSO DINHEIRO


Mesmo sendo verdade que quase ninguém o saiba, a família Espírito Santo esteve presente em diversos ramos na exploração colonial de Angola antes da independência e regressou à fonte de rendimentos em 1993, com a Escom, estabelecendo-se em quase todas as áreas da economia angolana, num esbanjamento de actividades notório, desde os diamantes até à aviação passando pelo imobiliário nos seus mais variados aspectos, construção, trading, obras públicas e infra-estruturas. 

Em 2005, associou-se ao Fundo Internacional da China, que viria a formar a China Sonangol com Manuel Vicente. 

Antes de ir mais longe, no entanto, façamos um breve retorno ao passado. 

A Escom foi fundada em 1993 pelo Grupo Espírito Santo e por Hélder Bataglia e era até há bem pouco tempo um dos maiores investidores privados em território angolano. 

Desenvolvia também actividades na República do Congo, onde se encontra desde 1999. 

Está igualmente na República da África do Sul, onde participa, desde 2010, em diversos projectos de energias renováveis. 

Nesta senda de empreitadas em África, registamos que por volta do Verão de 2010 iniciou-se um processo que deveria levar à venda da Escom à Sonangol (ou ao Fundo Soberano de Angola). 
Pendente desde essa altura, a referida venda deveria fechar-se em breve, para entrar nas contas da falência do grupo Espírito Santo em Portugal. 

Mas não se fechou, pelo contrário abriu-se aos olhos do mundo depois de terem sido descobertas manigâncias bilionárias pelo Departamento Central de Investigação e Acção Penal português (DCIAP), que está por ora a investigar as circunstâncias em que o Grupo Espírito Santo (GES) vendeu a totalidade da sua participação na Escom à Sociedade Nacional de Combustíveis de Angola (Sonangol). 

A empresa angolana pagou a título de sinal um valor de cerca de 15 milhões de euros ao GES que terá sido depositado em Lisboa. 
Além deste montante, terão sido igualmente transferidos pelos angolanos mais 85 milhões de euros, cujo rasto está a ser investigado pelos procuradores do DCIAP. 

Este último valor terá sido depositado directamente no Crédit Suisse através da sociedade gestora de fortunas Akoya, tal como foi divulgado no Instagram por Luís Rosa e Sílvia Caneco. 
A título de esclarecimento, a mesma fonte assevera que Akoya é uma empresa de direito suíço que está envolvida no processo Monte Branco, em que se investigam suspeitas de fraude fiscal e branqueamento de capitais. 

O negócio da venda da Escom - detida em 67% pelo Grupo Espírito Santo (GES), estando o restante capital nas mãos do luso-angolano Hélder Bataglia, presidente da empresa - ter-se-á iniciado no Verão de 2010. 

O GES propôs o negócio à Sonangol, tendo sido assinado em Lisboa um contrato-promessa depois do Verão que avaliava o negócio total em cerca de 800 milhões de euros. Em aberto, portanto, fica a investigação ao eventual pagamento, pela parte angolana, de um vultuoso sinal que nunca terá entrado nas contas do grupo Espírito Santo, agora falido.

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