Folha 8 - 20 de Dezembro de 2014
DESTAQUE
Estes são os alicerces do “Caso BES/BESA”, laconicamente divulgados pela imprensa, lusa e angolana, sem mais desenvolvimentos elucidativos das reais ligações entre essa empresa privada e o regime JES/ MPLA, o que, de resto foi claramente confirmado no passado dia 18 do mês em curso, aquando da intervenção de Álvaro Sobrinho, ex-CEO do BESA (Chief Executive Officer), no Parlamento de Portugal, quando afirmou que o BESA, de que ele era líder supremo em Angola, não tinha ligações com nenhum regime, mas sim com clientes, que eram respeitados e protegidos no seu banco pelo sigilo bancário.
Por tudo o que aqui foi descrito se pode conferir a opacidade deste “Caso BES/BESA”, no qual continuamos a navegar de velas pandas num mar de dúvidas e nevoeiro espesso.
Mas há os factos, já divulgados na edição passada de F8, mas que não é demais o leitor voltar a saber: João Manuel Gonçalves Lourenço, actualmente é ministro de Defesa, teria beneficiado de um crédito de 30 milhões de dólares norte-americanos
O secretário do Bureau Político do MPLA para a Política Económica e Social, Manuel Nunes Júnior, é referenciado como tendo beneficiado de um crédito de 20 milhões de dólares.
Roberto de Almeida, o vice-presidente do partido é citado como tendo beneficiado de um crédito de 30 milhões de dólares. Uma parte (10 milhões) terá aplicado na construção de um edifício. E o mais curioso é que ele afirmou sem se rir que julgou que o crédito fosse uma “oferta”.
Insinua-se que uma “joint-venture” ligada à empresária Marta dos Santos, irmã do Presidente da República, em parceria com um construtor português, José Guilherme, terão recebido cerca de 800 milhões de dólares de crédito, que aplicaram na construção de vários condomínios em Talatona, em Luanda.
Não sendo exaustiva esta lista, que circula em vários órgãos de imprensa e redes sociais, fica sabido que, ao todo, o BESA emprestou 5,7 mil milhões de dólares a conhecidas figuras do regime angolano, incluindo, como supra citado, vários membros do Bureau Político do MPLA, empréstimo de que se alega terem-se perdido os opacíssimos rastos.
Há suspeitas de que 745 milhões foram parar às mãos de Álvaro Sobrinho, presidente daquele banco até 2012.
Resumindo, “estamos feitos ao bife”.
Como cereja em cima deste bolo (Rei), é de notar que, para evitar que o banco fosse à falência, o Presidente José Eduardo dos Santos concedeu, em nome do Estado angolano, uma garantia soberana de 5 mil milhões ao BESA, destinada a cobrir créditos concedidos e que estão contabilizados nos activos da instituição financeira.
O BESA tem como accionistas, os generais Manuel Vieira Dias “Kopelipa” e Leopoldino do Nascimento, através das suas participadas.
Mas retirou-o e tudo foi por água abaixo.
Quanto ao BESA, assinale-se que esse banco deixou de ter maioria de capital português e mudou de nome.
Obrigado, JES.
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