27/11/2014 - 00:13
Há cinco dias "fora do mundo", todo agora consciência de que, como é habitual, as imputaçõese as "circunstâncias" devidamente seleccionadas contra mim pela acusação ocupam os jornais e as televisões.
Essas "fugas" de informação são crime.
Contra a Justiça, é certo; mas também contra mim.
Não espero que os jornais, a quem elas aproveitam e ocupam, denunciem o crime e o quanto ele põe em causa os ditames da lealdade processual e os princípios do processo justo.
Por isso, será em legítima defesa que irei, conforme for entendendo, desmentir as falsidades lançadas sobre mim e responsabilizar os que as engendraram.
A minha detenção para interrogatório foi um abuso e o espectáculo montado em torno dela uma infâmia; as imputações que me são dirigidas são absurdas, injustas e infundamentadas; a decisão de me colocar em prisão preventiva é injustificada e constitui uma humilhação gratuita.
Aqui está toda uma lição de vida: aqui está o verdadeiro poder - de prender e de libertar.
Mas em contrapartida, não raro a prepotência atraiçoa o prepotente.
Defender-me-ei com as armas do estado de Direito - são as únicas em que acredito. Este é um caso da Justiça e é com a Justiça Democráytica que será resolvido.
Não tenho dúvidas que este caso tem também contornos políticos e sensibilizaram-me as manifestações de solidariedade de tantos camaradas e amigos.
Mas quero o que for político à margem deste debate.
Este processo é comigo e só comigo.
Qualquer envolvimento do Partido Socialista só me prejudicaria, prejudicaria o Partido e prejudicaria a Democracia.
Este processo só agora começou.
Évora, 26 de Novembro de 2014
José Sócrates
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