EDGAR CAETANO - 10 de Jujho de 2014
A Portugal Telecom já viu descer a capitalização
bolsista num montante muito próximo do valor aplicado em papel comercial da
Rioforte, isto desde que a subscrição desse instrumento foi noticiada.
A
desvalorização superior a 30% desde 25 de Junho significa que a Portugal
Telecom passou a valer menos de 1.800 milhões de euros, umá diferença de 793 milhões
de euros face à capitalização de há duas semanas.
“Se estivesse apenas
em causa um risco de crédito - de a Portugal Telecom não conseguir recuperar
qualquer porção da aplicação feita na Rioforte - podíamos dizer que o mercado
já incorporou o pior cenário possível”, diz ao Negócios Javier Borrachero,
analista da Kepler Cheuvreux, que segue as acções da Portugal Telecom a partir
de Londres. “O problema é que as coisas não são assim tão simples”, ressalva.
Numa nota a que o
Negócios teve acesso na tarde de quarta-feira, e em que um analista do BPI coloca sob revisão a
recomendação da Portugal Telecom, o banco de investimento explica porque é
que, apesar da forte descida recente, nada garante que as acções não irão
continuar a cair.
“Acreditamos que no
que diz respeito a uma potencial perda financeira os riscos já foram praticamente
incorporados pelo mercados”, escreve Pedro Oliveira, analista do BPI para as
cotadas de telecomunicações. “Ainda assim, a possibilidade de consequências ao nível da gestão e os riscos associados à confiança dos mercados de capitais criam um elevado grau de incerteza que aumentam os riscos negativos”.
" EXISTEM DÚVIDAS LEGÍTIMAS SOBRE SE SE PODERÁ RECUPERAR O DINHEIRO."
ALEXANDRE IATRIDES
Analista da OddoCie
Alexandre Iatrides,
analista da Oddo & Cie., em Paris, nota que “existem dúvidas legítimas
sobre se será possível recuperar este dinheiro [897 milhões de euros, no
total, a reembolsar na próxima semana, em dois momentos] ou quanto será
possível recuperar”.
Mas, além do embaraço a nível da gestão da Portugal Telecom,
o especialista teme pelas implicações deste “imbróglio” para a fusão com a Oi.
“Conhecemos os
actuais termos da operação, mas a determinada altura podem emergir riscos
relacionados com a operação ou, pelo menos, com os rácios de troca”, afirma
Alexandre Iatrides.
Os analistas confiam, no entanto, que a fusão vai seguir
em diante. ■
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