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quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Seis teses de cabala contra Sócrates

27 de Novembro de 2014
OPINIÃO
É possível e tem acontecido a Justiça enganar-se. 
Tanto em casos que não deram em nada, como noutros em que resultaram condenações que a mim, pessoalmente, não me convenceram. 
Há, ainda, motivações que podem ser mais ou menos explícitas por parte de alguns agentes da Justiça. 
Mas no que nunca acreditei foi em teorias de conspiração.

Perante a detenção de Sócrates há quem não se exima de achar que isto é uma espécie de cabala contra o ex-secretário-geral (felizmente Costa tem sido imune a estes entendimentos). 
Já se lembrou o caso "Casa Pia", como se fossem idênticos (naquele caso havia claramente vítimas e procuravam-se culpados; neste não se percebe quem são as vítimas e não se sabe ao certo se há alguém culpado); já se atacou (Daniel Proença de Carvalho) o juiz do TIC, Carlos Alexandre; já se disse tudo. 
Eu contribuo com seis teses a favor de uma cabala contra Sócrates. 
Como em todas as cabalas, qualquer argumento serve, embora não acredite em nenhum deles.

1. - O poder político actual mandar na Justiça - 
É uma hipótese. 
Decapitar o PS pelo seu aparente elo mais fraco, José Sócrates. 
Mas se os actuais da Justiça são vulneráveis qo poder político, e sendo os mesmos (Rosário Teixeira, Carlos Alexandre, Procurador e Juíz) não o eram no tempo de Sócrates e do PS? 
Porque razão preferem este poder político, que lhes corta os salários e as regalias? 
É estranho!

2. - A Procurador Geral vingar o irmão - 
A actual Procuradora Geral, Joana Marques Vidal, é irmã do Procurador que investigou o caso "Face Oculta" e se opôs à destruição das escutas que envolviam Sócrates, mais tarde mandadas destruir por Pinto Monteiro e Noronha do Nascimento. 
Pode querer 'vingar' o irmão dessa forma. 
No entanto, tanto o PGR como o ex-presidente do STJ mostraram (ainda recentemente, no lançamento do livro de Sócrates), serem mais próximos do poder anterior do que esta Procuradora se mostra deste. 
Neste ponto, podemos inverter os termos. 
Ou seja, isto não aconteceu antes de Sócrates porque ele teve protecção? 
(Repare-se que, pessoalmente, não acredito nem numa teoria nem noutra, apenas exponho).

3. - Pressão popular - 
Há quem defenda a teoria de que existe uma pressão popular sobre a Justiça para 'engavetar' uns poderosos. 
Mas essa pressão não se faz sentir no cado Paulo Portas/Submarinos (para o qual alguns dos agora tão preocupados com a presunção da inocência, não mostram a mesma preocupação)? 
O caso 'vistos dourados' (em que ninguém se preocupou com essa hipótese) não pode resultar do mesmo? 
E o caso BES?

4. - Pressão dos jornais (ou forças por detrás dos jornais) - 
É o mais complicado dos assuntos, porque aqui estou a ser juiz em causa própria. 
Mas se Sócrates foi dos políticos mais atacados na Comunicação Social, também foi dos mais defendidos. 
Além de que dificilmente se encontra outro com tantos 'casos e casinhos' - até casinhas - no historial político português. 
E esses casos não foram inventados. 
Foram. isso sim, todos mal explicados ou não explicados por Sócrates que se refugiou sempre atrás de uma retórica de acossado para recusar uma serena explicação. 
Nesse sentido, o que aconteceu a Sócrates não é uma surpresa, na medida em que o seria se acontecesse a, por exemplo, Eanes ou Jorge Sampaio.

5. - António Costa querer livrar-se de Sócrates -
Já estou a ver alguns pensarem que isto é delirio puro. 
Mas o juiz Carlos Alexandre foi colega de Costa e apoiou-o nas acções académicas e políticas que o actual líder do PS desenvolveu na Faculdade de Direito de Lisboa. 
Quem sabe qual a relação entre os dois, tanto mais que Costa foi ministro da Justiça. Reparem - e sublinho mais uma vez - que eu não acredito em nada do que para trás ficou dito. 
Só ensaio de teorias possíveis, porque uma boa história é sempre mais atraente do que a realidade.

6. - António Reis, fundador do PS e maçon estar a manobrar - 
É outra excelente pista para quem gosta de conspirações. 
Entre 1982 e 1984 Carlos Alexandre foi deputado pelo PS na Assembleia Municipal da sua terra, Mação. 
Foi levado para esse cargo por António Reis, natural da mesma terra. 
Embora não explicando nada (até porque nessa época Reis não tinha ainda entrado para a Maçonaria), dá um ar conspirativo simultaneamente terrível e credível.



Como se vê, Portugal é um país pequeno, onde todos se conhecem e onde uma boa teoria de conspiração é sempre possível. 
Aqui ficam seis à escolha.

Por fim, deixo a minha versão: há uma suspeita de que a Justiça considera fundada sobre os gastos e os rendimentos de José Sócrates. 
Face a isso investigou e recolheu indícios que considera suficientes para o fazer condenar. Se o são, ou não, há de um tribunal dizer. 
Até lá só há três conclusões:

Sócrates está inocente até prova em contrário;

Sócrates não está, nem pode estar acima da lei;

A um político, como já dizia Júlio Cesar referindo-se à sua mulher, não basta ser sério; 
é preciso que o pareça.

Twitter : @Henrique Monteiro
Facebook : Henrique Monteiro

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