Por Ana Taborda, Fernando Esteves, Maria Espirito Santo, Pedro Jorge Castro, Sara Capelo e Vitor Matos
ESCÂNDALO BES: Comissão de inquérito vai começar
Dos 50 mais poderosos de Portugal, 15 preparam-se para revelar tudo o que sabem sobre o BESgate. Muitos dos inquiridos nunca mostraram o seu rosto - e seguramente nunca pensaram vir a ser interrogados desta forma
Ricardo Salgado, Paulo Portas, Zeinal Bava, Maria Luís Albuquerque, Vítor
Gaspar, Teixeira dos Santos.
Mais nomes? Vítor Constâncio, José Maria Ricciardi, José Manuel Espírito
Santo, António Pires de Lima, Pedro Queiroz Pereira.
Ainda mais? Álvaro Sobrinho, Carlos Moedas, Henrique Granadeiro, Marques
Mendes, Artur Santos Silva, António Mexia.
A lista dos poderosos que, a partir do próximo dia 17 de Novembro,
começarão a ser inquiridos no parlamento a propósito do colapso do Grupo Espirito
Santo (GES) parece não ter fim.
Quinze dos convocados apareceram na lista dos 50 mais poderosos de
Portugal publicada pelo Jornal de Negócios.
Ao todo, aquela que já é considerada a maior e uma das comissões de
inquérito mais importantes da história da democracia portuguesa - e que é
constituída por 24 deputados - planeia ouvir 119 pessoas nos próximos quatro meses,
que poderão ser prolongados por mais 90 dias.
No total, entrarão em acção 143 pessoas.
Algumas delas nunca foram vistas assim pelos portugueses, como a discreta
Maria do Carmo Moniz Galvão, que foi até ao ano passado a mulher mais rica do
País.
Maude Queiroz Pereira, irmã do presidente da Semapa, o contabilista
Francisco Machado da Cruz. para quem Ricardo Salgado atirou as culpas, e o
construtor José Guilherme, que deu a “prenda" de 14 milhões de euros ao
banqueiro.
Na mira dos deputados estão os esquemas alegadamente duvidosos que
resultaram num dos maiores desastres financeiros de sempre em Portugal, com
consequências imprevisíveis para os portugueses, que foram informados
recentemente por Pedro Passos Coelho de que inevitavelmente seriam penalizados
com a solução encontrada para o Novo Banco.
Abundam as perguntas por responder.
Uma: Ricardo Salgado, presidente do Banco Espírito Santo e líder de uma das
famílias mais poderosas dos últimos 75 anos em Portugal, cometeu ou não graves
ilegalidades na gestão do banco?
Mais uma: há quanto tempo tinham o Governo e o Banco de Portugal
conhecimento da situação e porque não actuaram antes?
Outra: Zeinal Bava tinha ou não conhecimento de que a Portugal Telecom
aplicara 897 milhões de euros na Rioforte, uma empresa do GES que se encontrava
tecnicamente falida?
Mais outra: como construiu Ricardo Salgado a enorme teia de relações -
políticas, pessoais, empresariais que lhe permitiu tornar-se o homem mais
poderoso de Portugal?
Outra ainda: qual é o grau de responsabilidade de cada um dos membros de
topo da família Espírito Santo nas ilegalidades alegadamente cometidas à frente
dos destinos do GES?
Para estas e muitas centenas de outras interrogações os partidos
representados na Assembleia da República - e os portugueses de uma forma geral
- esperam obter respostas por parte dos inquiridos. Conseguirão?
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